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O futuro das crianças

Esta semana, encerrei o Bom Dia Brasil com um comentário horrorizado. Recém tínhamos mostrado o flagrante de um assalto em que três bandidos esperam a chegada de uma família de volta à casa. Ao descerem do carro, o casal e dois filhos pequenos, são abordados. Assaltantes querem tudo: celular, relógio, carteira e carro. Um deles espanca o homem diante de seus filhos.

Uma cena que as crianças, com certeza, jamais vão esquecer. Perguntei, então, olhando para cada pessoa que nos assistia: “Se não reagirmos agora, imediatamente, que futuro estaremos preparando para as crianças brasileiras?”

Deixo as respostas para você que me lê. E que ouve, todos os dias, as autoridades mentirem que no mundo é assim; e sempre aconselhando que nos entreguemos passivamente aos bandidos. Já nos desarmaram sem desarmar os bandidos e não querem que reajamos.

Tenho dito que estamos nos educando como cordeirinhos indo passivamente para a tosquia ou para o matadouro. Trabalhamos cinco meses por ano só para pagar impostos e, cadê a segurança. O estado brasileiro não é um fracasso; fracasso nosso, que elegemos maus administradores e maus legisladores e ainda ficamos alienados, encolhidos, ensurdecidos pelos tamborins do Carnaval e pelos gritos do futebol.

Depois do programa, a equipe foi se refazer do trabalho da madrugada com um bom lanche. E cada um da mesa – éramos cerca de uma dúzia – tinha  um episódio de vítima de assalto – às vezes mais de um – para contar. Fiquei imaginando se um uruguaio ou um chileno estivessem ouvindo na mesa ao lado, o quanto se surpreenderiam. Não acreditariam que vivemos em tal situação e não reagimos, senão para contar o terror passado.

É bom lembrar que a cada dia, mais de 150 brasileiros não sobrevivem para contar. Somos os campeões mundiais em homicídios dolosos. Dos assassinatos neste planeta, 11% são praticados aqui neste país.

Isso é uma emergência, uma catástrofe, mas ninguém liga para isso. Nem nós nem os políticos. Aliás, muitos de nós contribuem para isso, desrespeitando fundamentos mínimos de cidadania.

Somos vítimas de nós mesmos, de nossa ignorância para a cidadania e civilidade. Será que as crianças que botamos no mundo merecem isso? É nossa responsabilidade prepararmos um futuro para eles. Mas é responsabilidade de agora, presente, premente. Ou será que queremos que se lembrem de nós como os que deixaram o banditismo tomar conta?