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Editorial

Os perigos virtuais

Leia o Editorial do Jornal do Povo deste sábado (11)

N ão é nada novo dizer, ou saber, que as redes sociais são um sucesso em termos de liberdade de manifestação. Também não é novidade saber que elas afetam o comportamento de quem as consomem. Diversos estudos comprovam que o uso exagerado da internet pode trazer dezenas de prejuízos emocionais e físicos. É o que diz  uma pesquisa divulgada no Reino Unido sob encomenda do Movimento de Saúde Jovem. O levantamento constatou que o Instagram é uma das redes sociais mais nocivas do mundo, à frente de Facebook e Snapchat. O Insta afeta o sono, a autoimagem e a percepção da realidade, diz a pesquisa. 

O avanço das redes sociais também levanta a pauta dos gostos pessoais – e aí entram as preferências político-partidárias em um pacote que vai dar cor dos olhos de qualquer pessoa a opinião, conceitos e valores também de qualquer pessoa. As redes sociais têm o poder de transformar qualquer sujeito em ídolo, mártir ou inimigo público número um.

Um dos exemplos mais recentes de quem joga bem com a arquibancada virtual é o presidente Jair Bolsonaro. Como na campanha eleitoral de 2018, um ano depois de empossado, ele continua usando as redes como um lança chamas, fritando quem apareça à sua frente. E aplaudido por seus eleitores.

O governador de São Paulo, João Dória, surfou mais que hoje nas ondas das redes até assumir o mandato. Deve ter percebido que boa parte dos frequentadores são de opinião volátil. Um risco para o futuro político de Bolsonaro.

Em outros níveis, a força das redes sociais será novamente medida nas eleições municipais deste ano. Vilões de hoje são candidatos a mocinhos até o dia 4 de outubro. São eles que usam as redes com o interesse de influenciar o eleitor e, com isso, conquistar apoio e o voto. Falta aos mocinhos também entrarem na onda.

Talvez por ainda não conhecerem a pesquisa europeia, políticos brasileiros usam mais o Facebook. Por lá espalham suas lives e selfies. Logo avançarão pelo Insta e o Snap para aproveitar a força influenciadora de cada uma. O perigo é que a liberdade de manifestação das redes podem gerar desconfortos – um perigo igual a todos.