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Países da América do Sul discutem como aplicar ações integradas de saúde

Representantes de 12 países da América do Sul, reunidos em Santiago (Chile), iniciaram na segunda-feira (20) os trabalhos do Conselho de Saúde Sul-Americano, da União de Nações Sul-americanas (Unasul), que será responsável pela integração do esforço regional em cinco eixos: 1 – escudo epedemiológico; 2 – sistemas de saúde universais; 3 – acesso universal a medicamentos; 4 – promoção da saúde e ação sobre os determinantes sociais e 5 – desenvolvimento e gestão de recursos humanos da saúde.
“Não existem fronteiras regionais para as necessidades de saúde. A união de esforços potencializa as ações dos países da América do Sul na busca pelo desenvolvimento social e econômico”, afirmou ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão. Ele chegou na terça-feira (21) ao Chile, para  reunir-se com os demais ministros da América do Sul.
O continente sul-americano possui 338 milhões de habitantes, distribuídos em 22 milhões de quilômetros quadrados. Na saúde, coexistem doenças de países em desenvolvimento e aquelas típicas de regiões ricas. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as doenças transmissíveis, como a tuberculose, causam 10,6% das mortes região. Já os cânceres são responsáveis por 17,1% dos óbitos, as doenças do aparelho circulatório, 9,4%, e as causas externas, como a violência, 12,7% dos óbitos.

PROFISSIONAIS

Para Paulo Buss, representante do Brasil no conselho e ex-presidente da Fiocruz, uma das principais preocupações será a formação e qualificação de profissionais de saúde. Apesar de a região contar com cerca de 650 mil médicos, 210 mil enfermeiros e 330 mil dentistas, o número não é suficiente para atender à demanda local. Em alguns países, não há a cobertura mínima de 25 mil trabalhadores de saúde para cada 10 mil habitantes, segundo a OPAS. Além disso, as áreas urbanas concentram até 10 vezes mais profissionais do que as rurais.
“Queremos criar mecanismos que possibilitem a ampliação do número de profissionais formados e ferramentas para a qualificação permanente e especialização na área de saúde pública”, afirmou Buss.
Para Carlos Felipe de Oliveira, coordenador do setor saúde do MERCOSUL e representante do Brasil no conselho de saúde da Unasul, com o fortalecimento da democracia e da integração dos países da América do Sul, a saúde passa a ser um dos principais temas da agenda de desenvolvimento social. Segundo ele, o Brasil poderá contribuir em especial com a formação de sistema universais de saúde. Atualmente, somente o Brasil possui uma rede pública disponível de forma integral e universal para a sua população. “O Sistema Único de Saúde completou 20 anos, e o Brasil tem muito a contribuir com essa experiência. Queremos avançar na inclusão social, com o acesso aos serviços de saúde”, afirmou.
O Brasil também deve contribuir para a criação de um Escudo Epidemiológico Sul-Americano. A idéia é que haja instrumentos do continente para se detectar antecipadamente situações que possam agravar a saúde da população, como epidemias, e dar respostas de ações efetivas para essas doenças. Além disso, há a possibilidade de se formar uma rede regional de vacinação.
A Unasul foi criada em maio de 2008. São integrantes do grupo a Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.