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PRESOS POLÍTICOS

Nada mais significativo que a bandeira de Cuba tremulando junto à bandeira do PT, para encimar cartazes que falam em “julgamento de exceção” e “presos políticos”, diante do Presídio da Papuda. Com efeito, Cuba e julgamentos de exceção, com presos políticos, são inseparáveis. Dez mil presos políticos foram fuzilados sumariamente, com o carrasco Guevara no comando. Opositores da ditadura apodrecem nas masmorras cubanas até hoje. Mas nem todos do PT pensam assim. Liderança histórica, ex-ministro de Lula e ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, acaba de declarar, em entrevista ao Jornal do Comércio, “Eu não os considero presos políticos; foram julgados e estão cumprindo pena por condutas políticas… Não é o passado que está em jogo; é o presente e eles se conduziram mal, envolveram o partido.”

          Se o passado estivesse em jogo, eles não seriam réus primários nem teriam regime semi-aberto, mas a anistia concedida pelo regime militar anulou as condenações da época. Os réus petistas e parte da militância insistem na tese de prisioneiros políticos porque esse é o padrão da ideologia. Onde quer que haja o regime comunista, há preso político. Hoje, em Cuba e na Coréia do Norte; ontem na União Soviética. Com julgamentos sumários. Crimes de opinião. Nenhum dos presos do mensalão foi condenado por suas opiniões, mas por crimes financeiros. No crime financeiro se igualam a capitalistas que criticam, então concluem que é nobre ser preso político. Quer dizer, enganam-se a si próprios e à militância ingênua, para demonstrar que não são criminosos de colarinho branco, não são corruptos. 

          Ao mesmo tempo demonstram um fisiologismo que os iguala aos outros partidos políticos, ao reclamarem que Lula poderia ter-se movimentado mais para evitar a CPI dos Correios – que redundou no processo -, e impedido que os ministros por ele nomeados votassem pela culpa dos réus. Queixam-se da infidelidade dos juízes nomeados por Lula e Dilma – oito entre onze. Na cabeça dos queixosos, ministro do Supremo tem que estar à serviço do presidente que o nomeou. São incapazes de reconhecer que o caso levou oito anos para transitar em julgado e que tiveram o mais amplo direito de defesa, num julgamento técnico que aplicou a lei, não o arbítrio dos juízes. Sem defesa, agem infantilmente, na base do “eu fiz, mas o outro fez mais”, no argumento de que também existiu o mensalão do DEM em Brasília e o do PSDB em Minas – temas que, a propósito, estão correndo na Justiça.

          O que está em jogo em tudo isso é o quanto o caso pode afetar o PT nas eleições. Eu duvido que afete. Quando estourou o escândalo e Roberto Jefferson denunciou o mensalão em 2005, isso não prejudicou o PT nas eleições de 2008 e 2010. Mas ao insistir com a tese indefensável de “prisioneiro político” dizem com isso ao mundo que o país governado pelo PT há onze anos tem julgamento de exceção e preso político. Poderiam argumentar a realidade honrosa de que mesmo estando no poder, o PT tem a sua cúpula condenada e presa exemplarmente, demonstrando a força das convicções democráticas do partido.