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Proposta de unificação de fuso-horário pode causar impactos para crianças e adolescentes

De acordo com o senador Arthur Virgílio, a defasagem de hora é obstáculo à integração para os estados do Acre

Na terça-feira, 16/06, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou o projeto de lei (PLS 486/08), de autoria do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que propõe a unificação do fuso horário para todos os estados brasileiros. Agora, a matéria segue para análise da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), em decisão terminativa.

De acordo com o senador Arthur Virgílio, a defasagem de hora é obstáculo à integração para os estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima com a economia nacional, pois falta sintonia entre os horários das atividades empresariais em relação aos demais centros do país. Ele afirma que “há enorme descompasso no ritmo de progresso nas comunicações, nos transportes e também no que se refere à informatização do sistema financeiro”.

A proposta, no entanto, ignora o impacto que essa alteração vai provocar na vida das populações, em especial para crianças e adolescentes, que vivem nos Estados atingidos pela mudança.


Para a psicanalista infantil Ana Olmos, o Brasil está na contramão ao mudar a convenção internacional que define os fusos horários. “Essa é uma agressão às condições de boa saúde, é antifisiológica, atende a interesses econômicos de poucos e afeta a saúde de muitos, principalmente de crianças. Os fusos foram estabelecidos respeitando a saúde da população”, critica.

Segundo Ana, as alterações de horário comprometem seriamente o sono das crianças e consequentemente seu rendimento durante o dia. “Quando há mudança no horário de dormir e acordar os ciclos de sono são incompletos, surgem então as disfunções cognitivas e, em uma espécie de efeito cascata, há déficit de atenção e de rendimento escolar, alteração de humor entre outros riscos ao desenvolvimento da criança”, avalia.


Outro aspecto levantado por Ana Olmos é o risco real de segurança ao qual as crianças podem estar sujeitas ao sair para escola em um horário em que ainda está escuro. “Em São Paulo registramos casos, durante o horário de verão, em que crianças que saíam de casa muito cedo, antes do nascer do sol, sentiam medo, insegurança, o que é perfeitamente compreensível, tendo em vista problemas sociais como violência urbana”, destaca.