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Relatório do CRM de São Paulo aponta falhas no controle de infecção hospitalar

As infecções hospitalares geram 25% em custos adicionais aos hospitais a cada ano

Um trabalho realizado em conjunto pelo CRM de São Paulo e pelo Ministério Público Estadual expôs a situação do controle de infecções nos hospitais brasileiros. Em visitas a hospitais escolhidos aleatoriamente, foram avaliadas a presença e o funcionamento das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares nas unidades de saúde.


A infecção hospitalar é classificada como quadro infeccioso adquirido durante uma internação hospitalar. Seu diagnóstico geralmente é feito durante a permanência no hospital, mas também pode ser feito após a alta. A legislação brasileira determina que os hospitais devem criar e manter comissões para controle das infecções e programas para gerenciar o problema.


As inspeções mostraram que em 92% dos hospitais os programas de controle não atendiam todos os pontos previstos na lei. Entre os problemas detectados estão a falta de treinamento dos profissionais e a falta de controle do uso dos antibióticos.


Essas falhas são reflexo de outro aspecto revelado pela pesquisa: 19% das unidades de saúde não tinham comissões de controle de infecções formalizadas ou sequer existentes. Nos restantes 62% dos casos, as comissões não atendiam a todas as indicações da legislação. O resultado é a falta de lavagem de mãos corretamente feita pelos profissionais que estão cuidando dos pacientes. Faltam orientação aos parentes e às pessoas que visitam o hospital, bem como o controle de materiais que muitas vezes são esterilizados sem seguir as diretrizes técnicas.


As infecções hospitalares geram 25% em custos adicionais aos hospitais a cada ano. Estima-se que possam ocorrer mais de 45 mil óbitos por infecções hospitalares, um aumento de 5% nas taxas de mortalidade do país. As infecções hospitalares prolongam internações, provocam o retorno de pacientes após a alta e aumentam os custos do sistema de saúde como um todo.


Apesar das normas legais existentes, a pesquisa em São Paulo mostrou que sua implementação não é simples. Uma solução pode estar nos processos de acreditação hospitalar. As unidades de saúde que buscam a certificação por agências independentes têm de estabelecer e seguir protocolos que auxiliam a prevenção das infecções hospitalares. Apesar das inspeções terem atingidos 158 hospitais públicos e privados do estado de São Paulo, a realidade observada pode ser entendida como sendo melhor do que a situação em todo o país, já que estamos falando do estado mais rico da federação.