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Trabalhador da indústria no MS é depressivo, hipertenso e obeso

A revelação é de uma pesquisa realizada pelo Sesi

Males que acometem os trabalhadores de Mato Grosso do Sul também são comuns aos operários das indústrias de todo o País. Depressão, hipertensão e obesidade estão no topo dos resultados apresentados pelo "Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida”, que foi realizado pelo Sesi de 6 de novembro de 2007 a 8 de dezembro de 2008 junto a 5.935 trabalhadores de 58 indústrias do Estado.

A pesquisa apontou que 25,1% dos industriários sul-mato-grossenses estão hipertensos, 12,6% deprimidos e 12,1% obesos. O levantamento mostrou ainda que 78,3% dos trabalhadores que apresentaram sintomas de hipertensão e 82,8% dos que estavam deprimidos não sabiam que tinham as doenças.  De acordo com a pesquisa, do total de trabalhadores entrevistados, 47% estavam doentes com 13% apresentando mais de um problema de saúde.

A técnica Denise Garcia de Oliveira, coordenadora do Programa Sesi Indústria Saudável no Estado, afirma que a pesquisa demonstrou que não são apenas as doenças ocupacionais que devem requerer atenção dos empresários. Há uma série de indicadores na pesquisa sobre os hábitos alimentares e de atividade física que explicam os resultados numa população que tem, em média, 34 anos, ainda jovem para apresentar excesso de peso e pressão alta. Mais da metade, ou seja, 66,5% dos mais de seis mil investigados pelo Sesi, está na casa dos 30 anos.

“Nosso foco agora é continuar de forma intensificada o nosso trabalho de conscientização dos empresários, já que o levantamento identificou mais uma vez a necessidade de prevenção. Por meio das ações do Programa Sesi Indústria Saudável, é possível melhorar a qualidade de vida dos colaboradores“, explicou Denise Garcia.

Atividade Física

Por exemplo, o levantamento apontou que 21,2% não praticam atividades físicas em quantidade suficiente para beneficiar a saúde e 49,5% dos trabalhadores não praticam atividades físicas no lazer. Além disso, 12,2% são fumantes e 2% consomem bebidas alcoólicas em excesso.

A presença significativa dessas três doenças é justificada também, em parte, pelos hábitos alimentares: 67,6% comem pouco verduras e frutas, 5, 5% abusam do sal e 51,7% tomam refrigerantes mais de três vezes por semana. A pesquisa identificou ainda altos índices de problemas nas costas (18, 6%), bronquite e asma (10, 5%), tendinite (8,4%) e problemas auditivos ( 7,6%).

“Nossa meta é com o diagnóstico, realizar programas e ações como incentivo à prática esportiva e adoção de uma alimentação saudável, podemos contribuir para reduzir os riscos de desenvolvimento dos problemas de saúde, como sobrepeso e obesidade”, ressaltou a coordenadora do Programa Indústria Saudável.

Saúde bucal precária

Na entrevista com os trabalhadores, 41,6% precisavam de tratamento de alta complexidade. Sendo que 38,1% apresentaram necessidade de próteses parcial ou total.  Outros 14,2% assumiram que foram ao dentista pela última vez há mais de três anos. Ainda na pesquisa, trabalhadores da indústria revelaram que nos últimos doze meses, 22,6% deles faltaram ao trabalho por motivos relacionados à saúde.

Para a técnica, o absenteísmo, que é a ausência temporária do trabalho por motivo de doença, precisa ser enfrentando com ações de prevenção. “Além de afetar o lucro e a produção das empresas, o absenteísmo também gera horas extras, atrasos nos prazos, clientes descontentes e aumento da atividade dos outros funcionários que tem de dar a cobertura para o colega ausente, ou seja, é um efeito generalizado que podemos evitar ou diminuir com prevenção e controle de doenças”, detalhou.

Perfil

O estudo demonstrou que renda e escolaridade, são importantes para os cuidados com a saúde. A maioria, ou seja, 73,3% recebe entre um e três salários mínimos. E a parcela que recebe mais de dez salários é de 2,1%. A maioria, 31,1%, tem ensino médio completo, com 0,6% de trabalhadores que nunca estudaram e 3,7% que fizeram pós-graduação. 

De acordo com os resultados do "Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida", a crença de que o trabalhador é mais saudável que a média da população caiu por terra. “Por serem mais jovens, estarem em condições para trabalhar e terem recurso para cuidar da saúde esperava-se um resultado melhor que o da média da população. Mas se os jovens estão apresentando esses resultados, como será no futuro? Para nós isso reforça a necessidade de se investir na prevenção, afinal é muito importante manter a saúde de quem está produzindo”, ponderou a coordenadora do Programa Indústria Saudável.

Para a superintende do Sesi, Maura Gabínio, os gastos com a saúde dos empregados é o segundo maior custo das empresas. “Vamos mostrar para cada empresa como está a saúde de seus colaboradores para que elas tenham a opção de fazer um tratamento preventivo, com investimento na saúde”, finalizou.