Milhares de criança e algumas centenas de adultos cumprem tradição de décadas em Corumbá neste dia 27 de setembro. A data é para celebrar Cosme e Damião e ocorre uma grande distribuição de doces na cidade logo pela manhã e segue durante todo o dia. A Capital do Pantanal tem centenas de casas onde essa comemoração ocorre, além de centros espíritas de umbanda e de candomblé.
Em geral, a distribuição dos doces acontece após as 16h. Antes disso, algumas entidades vão a abrigos e espaços de acolhimento, além do lixão em Corumbá, que tem a presença de crianças acompanhando os pais que trabalham como catadores de reciclável. Fogos de artifício também são disparados para ajudar as crianças a se direcionarem para onde podem ir para recolher os doces.
A organização dessa celebração, em alguns casos, exige uma semana de preparação. Isso porque entidades costumam distribuir além de doces, brinquedos, fraldas, material de higiene tanto em espaços que atendem crianças como no asilo São José, em Corumbá.
A festividade é uma mistura de religiosidade e boas ações. Também representa uma mescla de crença católica com celebração de matriz africana centradas nos irmãos gêmeos Cosme e Damião, médicos que morrem por volta de 300 d.C. Eles exerciam a Medicina de forma caridosa, atendendo crianças e pessoas que não tinham condições de pagar. Por isso também, os santos são reconhecidos como padroeiros dos médicos e das crianças.
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A ligação de Cosme e Damião com as crianças e a doação de doces ocorreu na época da escravidão no Brasil. Os negros não podiam celebrar suas crenças e por isso os negros associavam santos católicos para representação de orixás do candomblé e da umbanda. Cosme e Damião têm ligação com os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.
A data no catolicismo de Cosme e Damião é celebrada em 26 de setembro, porque neste dia 27 é data de São Vicente de Paula. Porém, em Corumbá, o 27 de setembro foi mantido, conforme seguem as religiões de matriz africana.
Só no Centro Espírita de Umbanda Pai Oxalá, que fica bairro Nossa Senhora de Fátima, a tradição perdura por 26 anos e ocorre a distribuição de mais de 1 mil doações, desde a manhã até o começo da noite. “Essa tradição é muito forte aqui. Para montar os nossos saquinhos demoramos uma semana. A gente distribui doces, vamos no asilo para entregar frutas, fraldas, material de higiene e de limpeza. Entregamos uns 800 saquinhos na frente do Centro Espírita de Umbanda Pai Oxalá, além dos outros que levamos”, contou Rosângela Maria da Silva, integrante do centro, que tem como responsável o Babalorixá Elenir Batista Rachid.
Na Capital do Pantanal, os pontos mais comuns para distribuição de doces ocorrem no bairro Dom Bosco.
