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Artes marciais diminuem risco de fraturas

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas sofrem de osteoporose

Técnicas das artes marciais (judô ou kung fu) podem ser eficazes na redução do impacto das quedas em pessoas com osteoporose e diminuir o risco de fraturas ósseas.

Só na cidade de São Paulo, 2.261 idosos foram internados de janeiro a novembro de 2008 por fratura de fêmur -a queda acidental foi responsável por 93% dos casos.

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas sofrem de osteoporose. O problema é mais comum em idosos, especialmente mulheres, e torna os ossos mais finos e fracos.

Os praticantes de judô, por exemplo, aprendem a cair em um movimento de rolamento, distribuindo o impacto sobre uma área maior do corpo.

Uma pesquisa feita na Holanda e publicada na revista "BMC Research Notes" sugere que, se as pessoas com osteoporose aprendessem técnicas similares, poderiam ter menos risco de quebrar um osso.

Eles mediram os efeitos de uma queda em voluntários jovens e saudáveis e compararam os resultados com informações sobre o impacto no fêmur que uma pessoa idosa com osteoporose suportaria.

A conclusão é que o treino é seguro e ajuda os idosos a cair sem se machucar. Mas é preciso usar equipamentos de segurança (como protetores de quadril), para evitar lesões durante o exercício.

Equilíbrio

O psiquiatra e acupunturista Carlos Moriyama começou a praticar kung fu aos 60 anos por causa de uma hérnia cervical. Ele está tão convencido dos benefícios que indica o esporte aos seus pacientes.

"Tenho um paciente de 78 anos que tem osteoporose e faz kung fu. Melhora a atenção, reação, postura e ainda proporciona alongamento. Também reduz o risco de quedas", diz.

Marcelo Saad, fisiatra e acupunturista do hospital Albert Einstein, diz que qualquer exercício que busque o domínio do equilíbrio pode ajudar a prevenir quedas.

"Isso faz a pessoa ficar mais atenta e desenvolver reflexos para coordenar melhor os movimentos e reduzir impactos."

O médico pondera que idosos com a osteoporose já avançada podem se machucar. "Nesses casos, é melhor trabalhar técnicas de equilíbrio já consagradas [como o Tai Chi Chuan] para prevenir a queda em vez de ensiná-los a cair com menos impacto", sugere.

O professor Walter Roberto Correia, membro do Grupo de Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas da USP e mestre de kung fu, diz que é preciso ter cautela ao indicar artes marciais para quem tem osteoporose.

"É claro que uma pessoa que faz kung fu ou judô tem um controle corporal melhor. Mas, se o programa for mal prescrito, a atividade pode se tornar um risco", afirma.

Correia acrescenta que as técnicas devem ser adaptadas. "A linha entre o benefício e o risco de lesões é muito tênue. O instrutor precisa dominar a técnica e também saber fazer as adaptações necessárias", diz.