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Falta de matéria-prima interrompe produção de remédio para doença de Chagas

A organização humanitária internacional Médicos sem Fronteiras teme que a interrupção cause um eventual desabastecimento do remédio

A falta de matéria-prima levou o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) a interromper temporariamente a produção do Benzonidazol, medicamento usado no combate ao Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas.

Como o laboratório público é o único fabricante mundial do produto, a organização humanitária internacional Médicos sem Fronteiras teme que a interrupção cause um eventual desabastecimento do remédio. Já o Lafepe e o Ministério da Saúde garantem que a distribuição do medicamento está em conformidade com o cronograma, e que a produção será retomada ainda este mês.

Enquanto a organização humanitária afirma que o “risco de desabastecimento” já vem afetando diversos programas de tratamento contra a doença de Chagas em toda a América Latina, inclusive com a suspensão de novos diagnósticos no Paraguai e a suspensão da implantação de novos projetos na Bolívia, o Ministério da Saúde assegura que não há atrasos ou interrupção no cronograma de produção e distribuição do Benzonidazol.

O diretor comercial do Lafepe, Oséas Moraes, admite a interrupção temporária, mas garante que ela foi causada pela falta do princípio ativo, fabricado por uma única empresa química brasileira, a Nortec.

“Não suspendemos a fabricação [conforme chegaram a afirmar os Médicos sem Fronteiras]. Houve uma interrupção temporária por falta de matéria-prima. Nossas máquinas estão paradas esperando pela matéria-prima, mas a produção será retomada ainda este mês. No mais tardar, até o dia 20 de novembro, nós teremos prontos 3,2 milhões comprimidos”, disse Moraes.

Moraes assegura que os cerca de 273 mil comprimidos do medicamento que o laboratório tinha em estoque são suficientes para atender a demanda até que a produção seja retomada. Desta reserva, 100 mil serão entregues ao Ministério da Saúde. Outros 100 mil serão enviados à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), responsável, junto com os Médicos Sem Fronteiras, por distribuir o remédio para outros países.