Veículos de Comunicação

No Pós-quarentena

Síndrome Pós-Covid deixa sequelas neurológicas em pacientes recuperados

Os sintomas da doença ou o surgimento de novas dores e patologias têm sido alvo de queixas e pesquisas

Pesquisa feita em 3 países com pessoas no Pós-Covid apontou aparecimento da doença em 14% - Arquivo/JPNEWS
Pesquisa feita em 3 países com pessoas no Pós-Covid apontou aparecimento da doença em 14% - Arquivo/JPNEWS

Com mais de 9,6 mil pessoas recuperadas da Covid-19, em Três Lagoas, é natural que a atenção das autoridades sanitárias, em um momento de pandemia, esteja voltada para os infectados. No entanto, um dado vem ganhando repercussão: estudos apontam que até 80% dos recuperados, em todo o Brasil, sentem ao menos um sintoma até quatro meses depois do fim da infecção. Ou seja, na teoria o Coronavírus vai embora, mas os sintomas continuam. O que ilustra o chamado Síndrome Pós-Covid ou Covid Persistente.

Segundo a nutricionista funcional, Melissa Siketo, fadiga persistente, perda do paladar, dor de cabeça, o corpo com níveis diferentes de inflamação e fraqueza são os principais relatos. “Infelizmente por ser uma doença recente, da qual temos poucos estudos, não podemos dizer ao certo o porque isso acontece e quais são as causas desses sintomas permanecerem. Alguns estudos apontam que a fadiga pode estar ligada aos altos níveis de Interleucina 6, que além de produzir o cansaço, altera o fígado e é indutora de anemia”, explica.

A especialista destaca ainda que o Coronavírus pode infectar diretamente uma ampla variedade de células do corpo e desencadear uma resposta imune hiperativa que também causa danos por todo o corpo. “A Covid-19 também pode alterar o metabolismo das pessoas. Houve casos de pessoas que tiveram muita dificuldade para controlar seus níveis de açúcar no sangue após desenvolverem diabetes como resultado da Covid. Ou pacientes já diabéticos que tiveram muita dificuldade em ter controle dessa patologia no Pós-Covid”.

De acordo com Siketo, uma hipótese é que o sistema imunológico não retorna ao normal após ter Covid-19 e isso provoca problemas de saúde. “Por isso que é tão importante cuidar do nosso sistema imunológico com uma boa alimentação, prática regular de atividade física e um consumo personalizado de vitaminas e minerais”, complementa a especialista em nutrição funcional.

Sequelas neurológicas e psiquiátricas lideram ranking 

Nos relatos já coletados de pesquisas voltadas para o acompanhamento de pacientes recuperados da Covid-19, mas que apresentaram a Síndrome Pós-Covid, as sequelas neurológicas e psiquiátricas figuram no ranking. 

As queixas neurológicas mais comuns, apareceram perda de memória, fadiga e dor de cabeça. O levantamento foi realizado a partir de um artigo publicado recentemente pela revista científica Annals of Clinical and Translational Neurology, que avaliou sintomas neurológicos persistentes e disfunção cognitiva em pacientes não-hospitalizados acometidos pela Covid-19.

O estudo mostra que 81% dos avaliados relataram disfunção cognitiva; 68% tiveram dor de cabeça e 47% tontura. A perda de olfato foi relatada por metade dos entrevistados (55%) e a perda de paladar atingiu 59% dos pacientes. Dormência ou formigamento nas pernas e mãos foram relatadas por 60%. Trinta por cento se queixam de visão turva e 29% de zumbido nos ouvidos. Dores musculares foram relatadas por 55% dos pacientes que tiveram Covid-19, além de dores no corpo geral em 43% dos entrevistados. 

Dados da Organização Mundial da Saúde de antes da pandemia mostram que 9% da população brasileira sofre de ansiedade. Outra constatação do estudo foi uma elevada alteração no modo como o cérebro dos pacientes se conecta após a infecção pela doença. Em caso de sintomas persistentes da Covid-19, a recomendação é procurar atendimento médico.

Confira a reportagem abaixo: