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Editorial

A Malha Ferroviária e a BR 262

Leia o editorial na edição deste sábado (29) do Jornal do Povo

Jamais poderia ser sucateada como já está a antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que atravessa de ponta a ponta até Corumbá e Ponta – Porã, o Mato Grosso do Sul e nos interliga ao Estado de São Paulo. Importante meio de transporte no passado garantiu os deslocamentos de passageiros e o transporte de mercadorias e da produção pecuária. Enfim, constituiu-se a NOB em importantíssimo modal de integração regional e de relevante meio de escoamento das nossas riquezas. Incompreensível que a União tenha relegado não só essa ferrovia como muitas outras que sempre tiveram papel destacado no contexto social e econômico do país. Os anos e passaram e não houve investimentos para a modernização das ferrovias brasileiras.

E como consequência do descaso, tornaram-se com o avançar do tempo obsoletas e foram em sua maioria desativadas. O governo federal priorizou o transporte terrestre através de rodovias, as quais, hoje, estão entupidas de caminhões, cuja utilização tornou-se onerosa por conta do elevado preço do diesel e de manutenção desses veículos, fatores que encareceram os custos de fretes. Entretanto, não há disponibilidade de transporte mais eficiente na atualidade para atender a demanda do mercado, senão, a utilização das rodovias, as quais exigem continuadamente manutenção nos trechos pavimentados ou não.

Quando esburacadas avariam veículos e quando não asfaltadas por conta das chuvas prejudicam a trafegabilidade, porque a lama faz com que a maioria atole num barro que só tratores conseguem removê-los. Enfim, o transporte de bens industrializados na sua maioria é feito por caminhões. E o de passageiros por outros veículos automotores, incluídos, ônibus e carros. Desenhada essa situação de erros e críticas, os usuários da BR 262, principalmente no trecho que demanda Três Lagoas a Campo Grande continuam sem uma palavra que aponte solução diante do tráfego intenso, notadamente, de caminhões.

O governo da União não diz quando vai dar em concessão a BR 262 e o governo do Estado acena com a possibilidade de assumir sua administração, mas estas intenções continuam em banho-maria, por conta dos elevados custos de duplicação, ou de em um primeiro momento, para se implantar em sua extensão mais terceiras faixas de rolamento. O fato é que a BR 262 continua perigosa e ceifando, mensalmente, vidas por contas de terríveis acidentes que acontecem na sua extensão. A Agência Nacional de Transportes já tem estimado os custos de investimentos em 18,9 bilhões num prazo de 60 anos para recuperar a ferrovia e relicitar sua concessão. Astronômica previsão e tão longa como o passar de uma geração.

Enfim, conversa vai e conversa volta e a população continua esperando. Tudo sob análise, informam os burocratas de plantão. E enquanto nada acontece, continuamos a mercê de promessas que não se concretizam. Para equacionar essa questão – a reabilitação do transporte ferroviário e consequente desafogamento e melhoria da BR 262, somente com muita vontade política, mobilização da sociedade civil e determinação é que veremos esse sonho como foi o da sua pavimentação nos anos 80, ser realizado.