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Editorial

A República não sucumbiu e a democracia continua vigorosa

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula neste sábado (14)

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula neste sábado (14) - Divulgação/Agência Brasil
Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula neste sábado (14) - Divulgação/Agência Brasil

Os fatos verificados no último dia 8 de janeiro de 2023, domingo, são lamentáveis e entristecedores. Ver um cenário de destruição dos símbolos do regime democrático, sustentado no tripé institucional do Congresso Nacional, Judiciário e Executivo, jamais seria imaginável por qualquer cidadão que respeita a Constituição e os símbolos da República. Essa horda de delinquentes que invadiu os prédios dos três Poderes para colocar abaixo suas instalações, depredar obras de artes e objetos representativos da memória nacional e de todo o aparato que dá solenidade a esses templos da República, representa a irracionalidade que toma conta de uma parcela da população envolvida numa cantilena asquerosa que visou solapar a ordem social e a harmonia que se viveu no país durante longos anos. Esse ataque ensandecido sem dúvida é ato de terrorismo. É inadmissível, impensável e inacreditável o desfecho dessa ação belicosa que mancha a história da nossa República.

Tornou-se claro, depois desses ataques virulentos que foi engendrada uma estratégia para manter e sustentar pessoas em acampamentos em frente a quartéis, cujos comandantes nada fizeram para desobstruir área considerada militar por força de antigo decreto. Tudo foi preparado e financiado por aqueles por aqueles que não aceitam o resultado legítimo e democrático revelado nas urnas eletrônicas em 30 de outubro passado.  Teimam em contestar e inquinar de irreal o resultado proclamado pelo Superior Tribunal Eleitoral, alegando sem fundamento que as urnas não retratam os votos nelas depositados. Simultaneamente, atacam os  integrantes TSE  manchando a reputação de  representantes dos poderes constituídos, os quais defendem o que está prescrito na lei, o estado de direito e o respeito a Constituição Federal. Ledo engano dos que falam e atuam achincalhando pessoas e as instituições. Essas são mais fortes do que qualquer pretensão tresloucada. Sentirão a força e o império da lei. Aliás, esses efeitos já são sentidos, pois, os primeiros financiadores, 51 pessoas, entre as quais duas de Mato Grosso do Sul e mais sete empresas, estão sendo responsabilizados pela Advocacia Geral da União (AGU), que propôs ação de ressarcimento pelos danos causados e o bloqueio de bens para garantir valores que garantirão o reparo  da destruição causada ao patrimônio público.

O fato é que essa mobilização de subversão da ordem e das garantias institucionais incluiu alimentação de acampados, pagamento em dinheiro, transporte e tudo mais para dar sustentação a essa aterradora e selvagem ação na capital federal.  É evidente que essa minoria predadora não pensa no Brasil livre, sem amarras, mais igual, desenvolvido e forte sob a bandeira da liberdade. Confundiram liberdade de expressão com liberdade descomedida. Ninguém dúvida que essa gente não quer e nem deseja ver prosperar mudanças e reformas que têm por escopo diminuir a fome que alcança mais de 30 milhões de pessoas, assim como a falta de moradia, o fim do ensino educacional ineficiente e a garantia de acesso aos serviços públicos da saúde para todos, entre tantas outras necessidades que precisam ser supridas para que o povo passe a viver melhor. Os ataques de 8 de janeiro não vão se apagar da memória nacional. Inacreditável, mas os envolvido nessas ações predatórias construíram nos seus imaginários suas verdades. Sequer aceitam o contraditório e a diversidade de opiniões. Passou a valer o princípio de que se você não aceita meus argumentos, você é comunista, não é patriota e está conluiado com ideologias não adotadas em países livres como o nosso.

Atacar a imprensa livre, as organizações sociais que congregam o pensamento que preconizam a defesa das liberdades públicas, e, sobretudo, os postulados da democracia, tornaram-se um mantra de contestação. As consequências da lei serão pelos que urdiram e cometeram essa barbárie, sentidas. Mas o cenário devastador de 8 de janeiro,  há de ser superado pela ordem e o respeito à Constituição da República, que se mantem firme, porque jamais sucumbirá  às pretensões das vivandeiras que rondaram os quartéis. O Brasil continua forte e vigoroso para enfrentar o descaso e a subversão da ordem. Viva a República.