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Três Lagoas

Alunos do Jomap colocam as drogas no ?banco de réu?

Iniciativa faz parte de um projeto de prevenção à dependência promovido pela Cresfa

Cerca de 50 alunos do 6º e do 7º ano do Ensino Fundamental da escola estadual João Magiano Pinto (Jomap) participaram de uma ação inusitada de combate e prevenção ao uso de drogas. Na semana passada, os alunos estiveram no Tribunal do Júri de Três Lagoas para “julgar” as drogas, literalmente.

De acordo com a presidente da organização não governamental, Comunidade Reeducativa São Francisco de Assis (Cresfa), responsável pelo projeto, Célia Regina de Souza, a simulação de um tribunal contou com todas as partes comuns em julgamentos reais: de acusação e defesa até testemunhas e júri, papéis interpretados pelos próprios alunos.

O objetivo foi trabalhar a prevenção ao uso abusivo de qualquer substância que cause dependência, por meio de uma situação simulada. “Mas que não deixa de ser vivência de situações trazidas pelos educadores e alunos”.

Para se apresentar, os alunos passaram por quase três meses de preparação. Desde junho, quando a proposta foi apresentada à escola, o tema começou a ser pesquisado e  debatido nas duas turmas para que eles se preparassem para o “tribunal”. No dia “D” do projeto, eles também contaram com o apoio de acadêmicos do curso de Direito e com a participação da promotora da Infância e Juventude, Ana Cristina Carneiro Dias.

“A doutora Ana, além de orientar a fala das crianças [ no andamento do júri] também falou sobre a importância de escolhas em um determinado tempo de nossa vida. Ela citou duas histórias reais, ambas de garotos que viviam na miséria, porém um foi para o crime e o outro, para a universidade”, explicou. Os acadêmicos também auxiliaram os alunos sobre o funcionamento de um tribunal.

Em seguida, Célia ministrou uma palestra sobre as causas, origens e consequências do abuso de substâncias psicoativas. A faixa etária, em torno de 12 a 14 anos, também foi escolhida por um motivo: é nesta fase que a criança deixa a infância e passa a encarar os desafios da adolescência.

A intenção da Cresfa é levar o projeto a todas as escolas interessadas.

“Estamos à disposição das escolas. Assim que houver interesse, realizaremos novamente. A realização do projeto dependerá da escola, no caso do Jomap, as professoras das turmas manifestaram interesse e, embora seja suspeita para falar, o resultado foi mais que positivo”, explicou.

Os alunos chegaram a uma decisão: a ré (drogas) foi condenada pela maioria.

PESQUISA

Paralela ao projeto do júri simulado a parceria entre a Cresfa e a escola Jomap também rendeu o início de uma pesquisa de campo sobre o consumo de drogas entre jovens em idade escolar de Três Lagoas. Conforme a presidente da instituição, a ação, pioneira em Três Lagoas, visa traçar um perfil da real situação dos adolescentes da Cidade. “Este é um processo longo, vai demorar um pouco para chegarmos a um resultado. Mas é algo preciso. Hoje, fala-se sobre o consumo de drogas entre jovens, mas não há dados concretos sobre o assunto”, disse.

A pesquisa foi realizada com os alunos que participaram do projeto. A intenção, explicou Célia, é entrevistar uma média de 100 alunos por escola, mostra considerada por ela suficiente para ter uma noção do tema. 

Porém, a pesquisa precisa do apoio das outras escolas da rede estadual para ser concluídas. A expectativa é de que a rede municipal de ensino também participe. De acordo a presidente da Cresfa, o projeto já foi apresentado, informalmente, ao secretário de Educação e Cultura, Mário Grespan. “Houve interesse, agora temos que formalizar o projeto”, concluiu.

A Cresfa atua em Três Lagoas desde 2006. A instituição é formada por voluntários e visa desenvolver ações preventivas ao consumo de drogas e o acompanhamento de crianças e adolescentes vítimas da dependência química.

As escolas interessadas em aderir ao projeto podem procurar a Cresfa para mais informações. A instituição funciona na rua Sabino José da Costa, bairro Colinos. O horário de atendimento é a partir das 14 horas, de segunda a sexta-feira – telefone (67). 3522.0870.