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Aquecimento do mercado florestal abre vagas para cursos técnicos no Senai

Crescimento do setor deve continuar em 2023 e aumentou por causa dos novos investimentos no Mato Grosso do Sul

Rodrigo informou que cursos abertos seguem demandas das indústrias - Reprodução/TVC
Rodrigo informou que cursos abertos seguem demandas das indústrias - Reprodução/TVC

A unidade do Serviço Nacional da Indústria (Senai) de Três Lagoas está com inscrições abertas para 13 cursos técnicos. A maioria deles é voltado para a área florestal, uma vez que o mercado está aquecido com a instalação de novas fábricas de celulose na região da cidade. 

De acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), o setor florestal de Mato Grosso do Sul é responsável pela geração de quase 30 mil empregos diretos e indiretos. Em 2021 a oferta de vagas aumentou em 6,2 mil empregos em relação a 2020. 

O crescimento deve continuar este ano e se estender aos próximos devido aos investimentos que já estão em curso no Estado. Um deles é a nova fábrica de celulose da Suzano na cidade de Ribas do Rio Pardo cujo orçamento foi calculado em quase R$15 bilhões. 

Três Lagoas possui atualmente duas fábricas de celulose instaladas e em funcionamento na cidade. Uma delas é a Eldorado Brasil, cuja capacidade de produção é de quase 2 milhões de toneladas de celulose por ano. A outra é a Suzano que, uma vez concluída a construção em Ribas do Rio Pardo, vai produzir 2,55 milhões de toneladas por ano. 

Em entrevista para a jornalista Ana Cristina Santos, o diretor do Senai, Rodrigo Bastos explicou que, em geral, as formações são oferecidas através de uma parceria muito estreita com as indústrias. Isso faz com que a capacitação seja mais eficaz e os alunos conseguem aproveitar melhor as oportunidades do mercado de trabalho. 

O Senai é considerado o maior complexo de educação profissional da América Latina. Os cursos de formação oferecidos abrangem 28 áreas da indústria brasileira desde a iniciação profissional, passando pela graduação até a pós-graduação tecnológica. 

Como está a retomada de atividades do Senai?

Rodrigo: O Senai já retomou as atividades, na verdade nós nem paramos por que acompanhamos o cronograma da indústria, mantivemos os treinamentos in loco durante a virada do ano. As turmas regulares a gente tá iniciando agora no dia 6, as aprendizagens já estão rodando, então na verdade nós já estamos com 100% de funcionamento.

Para este ano, quais são os cursos que estão em andamento e com vagas abertas?

Rodrigo: Nós temos muitas oportunidades para este ano na área florestal. As empresas estão crescendo bastante as suas áreas de plantio, então o nosso foco tem sido grande para esta área. Isso sem deixar de atender a indústria também. Então toda a parte de manutenção, operação nós estamos com vários cursos técnicos abertos para atender. Vamos desde curso de mecânica, eletrotécnica, automação, celulose e papel, química. Temos também técnico em floresta que estamos também com bastante oportunidades este ano. Vamos focar muito nesta formação para 2023.

Como tem sido a procura, tanto no ano passado como neste ano? Quem procura o curso geralmente conclui as aulas?

Rodrigo: Nós temos um índice de evasão bem pequeno quando trabalhamos com cursos relacionados diretamente em parceria com a indústria. São cursos específicos para atender algumas demandas, então esse público já vem bem direcionado, já sabe a sua área de atuação e tem interesse em atuar nesta área, então conseguimos realmente formar as turmas. Quando são cursos mais abertos à comunidade a gente tem um índice de evasão um pouco maior. Quando a pessoa sabe onde quer chegar, sabe quais as oportunidades que tem para aquela formação a nossa assertividade é bem maior. Então a gente busca realmente orientar os nossos alunos para tentar direcionar para a melhor área com a qual ele tenha mais afinidade. Para que a gente consiga entregar para o mercado melhores profissionais e uma maior quantidade de pessoas formadas.

Vocês têm acompanhado a ocupação dessas pessoas que fazem o curso do Senai no mercado de trabalho? Elas têm conseguido emprego?

Rodrigo; Tem sim. Nós temos um índice nacional do Senai que mais de 80% dos nossos alunos é direcionado para a área de formação, ou seja, ele está sendo direcionado para a indústria. Nós estamos no caminho correto da formação e muito disso se dá pelo fato de que nós estamos dentro da indústria. Temos essa parceria e o Senai como sempre é ‘mão na massa’, é prática. O aluno está aprendendo o que ele realmente vai executar. Trabalhamos a teoria, todo um contexto transversal de formação levando em consideração a segurança, o trabalho em equipe. A gente forma realmente um profissional mais completo e que ele tenha realmente essa visão de produção e de resultado. Isso faz a diferença na hora da empresa contratar. 

O curso técnico é tão bom quanto um curso de nível superior?

Rodrigo: Hoje a gente costuma dizer que a porta de entrada para a indústria é o curso técnico por que tem um maior volume de oportunidades, então o nosso aluno tem mais facilidade para começar uma carreira industrial partindo do curso técnico. Não quer dizer que o ensino superior não permita isso, mas o número de oportunidades é bem maior para quem tem uma formação técnica. Para ele seguir carreira é mais fácil por que ele está lá dentro e já conhece a realidade industrial. Ele pode desenhar junto com a empresa a carreira profissional dele por causa dessa formação técnica, ele tem o conhecimento e vai aplicar na prática. 

Quais são os horários destes cursos?

Rodrigo: Os cursos técnicos são noturnos, das 18h45 às 22h, de segunda a sexta. Temos também os cursos semi presenciais que são aos sábados no período vespertino a cada 15 dias. Então a gente consegue atender também aquele profissional que possui escala de trabalho, que trabalha durante o dia ou durante a noite e que não consegue estudar durante a semana. Ele pode fazer a prática aqui com a gente aos sábados e ele estuda de forma virtual na nossa plataforma durante a semana.

Outras fábricas de celulose também estão se instalando no estado e na região. Isso vai demandar um número maior de profissionais com conhecimento nesta área?

Rodrigo: Sim. Nós estamos em tratativas com algumas outras empresas para que a gente entenda a real necessidade da formação, quais são as área que a gente precisa aumentar o foco para que a gente consiga realmente atendê-los. Não só na área de celulose e papel, mas também nas diversas áreas industriais. O Senai trabalha em rede então nós temos várias áreas de atuação dentro do Mato Grosso do Sul por regiões que podem ser acionadas para trazer até Três Lagoas. Por exemplo, Dourados tem o curso de especialista em alimentos e bebidas. Nós podemos acionar a unidade de lá para fazer atendimentos aqui em Três Lagoas e assim sucessivamente. A gente consegue trabalhar em rede não somente com o Senai de Mato Grosso do Sul, mas com o Brasil todo. Podemos trazer profissionais especialistas de qualquer lugar.