Bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) de Três Lagoas realizaram na manhã desta sexta-feira um protesto contra os cortes no programa. A manifestação, segunda realizada nesta semana, aconteceu em frente aos estúdios da TVC – Canal 13, do Grupo RCN de Comunicação.
Com faixas e cartazes em mãos, os bolsistas alertaram para as perdas na educação do país com a extinção do programa por parte do governo federal. O protesto realizada em Três Lagoas segue as manifestações que estão ocorrendo paralelamente em diversas partes do país.
À equipe de reportagem da TVC, o bolsista Flávio Faccioni, falou da preocupação com a qualidade do ensino com a extinção do programa. “O programa [Pibid] nos ensina a ser docentes. Nos ajuda no processo de adaptação à experiência escolar. Agora, o Ministério da Educação está ameaçando a cortar a bolsa, e isso pode acontecer a qualquer momento”, alertou.
Através do Pibid, o estudante de licenciaturas recebe uma bolsa de R$ 400 ao mês para colaborar com projetos voltados para a melhora no rendimento escolar em escolas da rede pública.
Entre os colégios beneficiados pelo programa em Três Lagoas, está a escola estadual João Dantas Filgueiras. De acordo com um aluno de 17 anos, o projeto é importante para auxiliar os alunos além do que é passado em sala de aula. “O Pibid é importante para nós. Às vezes, precisamos um pouco mais para ajudar no que nos foi passado em sala de aula. E o pessoal do Pibid traz isso. Por exemplo, eles nos ajudaram a arrumar a nossa biblioteca, que ficou linda”, disse o adolescente em entrevista à TVC.
A bolsista Camila Fernandes também alerta para a ameaça que ronda o programa estudantil. “Infelizmente, o Ministro da Educação está ameaçando a tirar a bolsa do Pibid. Como se não tivesse nenhum ganho para o Brasil, mas o ganho é grande. Nós temos alunos que ganham muito com isso. Temos alcance nas escolas. Há escolas com mil alunos e conseguimos alcançar a todos com o projeto. Eu consegui melhorar meu desenvolvimento na universidade depois do Pibid. Muitos pibidianos melhoraram sua atuação como professor. Isso não pode acontecer com a gente”, disparou.
A estudante completa: “Diz que é a Pátria Educadora, mas não tem investimento. Já não temos professores, estão cada vez mais escassos, e não tem incentivo àqueles que querem seguir a profissão”.
CAPES
Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, Irene Mauricio Cazorla, diretora de Formação de Professores da Educação Básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC), confirmou a possibilidade de cortes no Pibid em 2016.
"Temos que trabalhar com o orçamento que a gente tem, senão depois somos responsabilizados", disse.
O programa foi citado no discurso de Mercadante na cerimônia de transmissão de cargo. Após dizer que é preciso fazer mais com menos, o ministro citou o Pibid como um dos programas de deverá ser revisto. Segundo ele, atualmente o programa tem 86 mil bolsistas. Dos egressos do programa, 18% tornam-se professores da educação básica.
A declaração do ministro gerou preocupação com o fim do Pibid. O Fórum Nacional do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Forpibid) coletou mais de 70 mil assinaturas em defesa do programa.
