Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Caso Izaac: Saúde consegue consulta em SP

Izaac deverá ser atendido pelo especialista em uropediatria Francisco T. Denis, do Hospital das Clínicas

O garoto de quatro anos que sofre de má formação peniana – ausência do canal da uretra – será atendido pela equipe do Grupo de Uro-Pediatria, no Hospital das Clínicas de São Paulo. A informação foi confirmada pela assistente social da Secretaria Municipal de Saúde, Tânia Aparecida Dobre Bitanti, que acompanha o caso.

De acordo com ela, Izaac deverá ser atendido pelo especialista em uropediatria Francisco T. Denis, do Hospital das Clínicas, às 7 horas do dia 11 de agosto. A consulta foi marcada há 20 dias, aproximadamente, após uma nova recusa pelo Hospital Regional de Campo Grande.

“O caso do Izaac foi recusado diversas vezes por Campo Grande. Por isto, começamos a buscar alternativas fora de MS. Há cerca de três semanas, eu entrei em contato com a Assistência Social do Hospital das Clínicas para tentar um agendamento para o Izaac. Tivemos uma resposta positiva. Nesta semana, uma das nossas assistentes sociais esteve em São Paulo para a entrega de toda a documentação sobre o caso para a analise do médico, que é um dos melhores especialistas existentes naquele hospital”, completou.

Tânia mostrou à reportagem a carteirinha do Hospital das Clínicas confeccionada para Izaac. A assistente social também garantiu que a família da criança não terá despesas com a viagem. “Ela [criança] será levada por uma das nossas ambulâncias que permanecerá lá até que eles retornem”, completou.

O caso do garoto vem sendo acompanhado pela reportagem do Jornal do Povo desde o início do mês de junho, depois que o pai, Ailton Leite da Silva, 44 anos, procurou a equipe para reclamar da demora do agendamento da consulta de retorno do filho no Hospital Regional de Campo Grande – lugar que emprega o único uropedriatra existente em todo o Mato Grosso do Sul.

A reportagem sobre a espera do garoto pela cirurgia foi publicada na edição número 4.225, de 24 de junho de 2009. Na época, a matéria foi encerrada com uma nova esperança de atendimento: uma nova consulta seria agendada para a criança no Hospital Regional, onde a criança fez a última cirurgia (há um ano) neste mês. Entretanto, nesta semana, a reportagem foi informada que a consulta de retorno teria sido negada, mais uma vez.

“A Assistência Social me cedeu uma passagem de ida e volta para tentar marcar, pessoalmente, a consulta já que até então não tive retorno. Eles ficaram de me ligar e não ligaram. Fui à Campo Grande há algumas semanas e lá me informaram que o médico não está mais atendendo no hospital [Regional]”, explica o pai.

ENTENDA O CASO

Há quase um ano pai do garoto aguarda a cirurgia do filho. A criança nasceu com uma doença chamada hipospádia (A uretra não desenvolveu até chegar na glande.), detectada no momento do nascimento. Deste então, o menino já passou por duas intervenções cirúrgicas. A mais recente foi realizada há um ano, aproximadamente. Desde então, o pai e a assistência social da Secretaria de Saúde tentam uma nova consulta com o profissional. “Desde dezembro que estávamos tentando marcar uma nova consulta, o que não foi possível. Todos os pedidos foram negados. Depois disso, tentamos uma consulta em São José do Rio Preto, mas esta foi negada pelo próprio pai, e agora, vamos tentar levar esta criança para o Hospital das Clínicas”, completou Tânia.

À reportagem, o pai concordou em levar a criança para qualquer outro centro. “O médico dele [responsável pela última cirurgia] havia me prometido que iria atendê-lo novamente. Mas, agora estou disposto a levá-lo para qualquer lugar. Só quero que ele esteja curado o mais rápido possível”, completou.

Um dos motivos da demora para o atendimento do filho de Ailton se deve à deficiência de especialidades médicas, enfrentada por boa parte dos municípios brasileiros de menor porte. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a maioria dos pacientes de média e alta complexidade de todos os municípios do interior depende de Campo Grande para ser atendida.

Em Três Lagoas, o Departamento de Saúde Coletiva do Município estima que, dos mais de 80 mil habitantes de Três Lagoas, 50 mil fazem uso do Sistema Único de Saúde (SUS). Destes 80% dos casos são resolvidos no Município. Trata-se de doenças mais decorrentes, mais simples. O restante precisa recorrer a centros de referência em grandes cidades.