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Três Lagoas

Cidade volta a ?respirar? empregos

No mês passado, o Município ficou atrás apenas de Campo Grande em saldo de contratações

Depois de quatro meses no “negativo”, Três Lagoas começa a reagir à crise financeira mundial e índices de contratações passam a subir novamente. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged) mostram que no mês passado o Município registrou o total de 1.134 admissões contra 1.032 demissões, num salto positivo de 102 vagas.

Os índices fizeram com que Três Lagoas ocupasse o segundo lugar em saldo positivo de contratações entre os municípios sul-mato-grossenses com mais de 30 mil habitantes. Pelo levantamento do Caged, em junho, a Cidade ficou atrás apenas de Campo Grande, que registrou um saldo positivo de 1.011 contratações (7.973 admissões contra 6.962 desligamentos). Depois de Três Lagoas, aparecem os municípios de Dourados (saldo de 100 contratações) e Paranaíba (99). Pelas estatísticas do Caged, dos municípios que se enquadram neste perfil (mais de 30 habitantes) apenas o município de Nova Andradina ainda não conseguiu sair do “vermelho”, fechando o mês de junho com um saldo negativo de 395 demissões. No mês passado aquele município contratou 450 trabalhadores, em contra partida demitiu outros 845.

No entanto, Três Lagoas ainda não retornar aos índices registrados em 2008.

No ano em que o mercado viveu aquilo que foi classificado como “período excepcional”, o Município chegou a registrar um saldo positivo na geração de empregos de 423: em junho do ano passado 1.984 empregados foram admitidos contra 1.561 demitidos. O primeiro semestre do ano passado também fechou com um saldo positivo de 1.256 empregos. Ao todo, nos seis primeiros meses foram 11.252 admissões contra 9.996 demissões, fazendo com que a Cidade ficasse em terceiro lugar na geração de empregos. O primeiro lugar ficou para Campo Grande, saldo de 7.630 empregos, e Dourados apareceu em segundo, com um saldo positivo de 1.618 postos de trabalho.

Já neste ano, Três Lagoas foi uma das três cidades que fechou o primeiro semestre no vermelho. No ano, a Cidade empregou 7.398 pessoas, porém demitiu outras 8.025, num saldo negativo de 627 postos de trabalho, um dos piores índices registrados entre os 10 municípios com o mesmo perfil.

Mesmo em segundo lugar no ranking de exportação, a situação do Município foi bem diferente em municípios como Campo Grande e Dourados, que registraram saldos positivos de 2.683 e 2.359 empregos, respectivamente. Na Capital, o Caged registrou o total de 47.568 admissões contra 44.885 demissões. Em Dourados foram 11.985 admissões contra 9.626 demissões.

Além de Três Lagoas, também encerraram o semestre no vermelho os municípios de Corumbá, com saldo negativo de 321 (1.937 admissões e 2.258 demissões) e Aquidauana, com 723 admissões contra 730 desligamentos – saldo negativo de -7.

CRISE

Os dados mostram o crescimento dos efeitos da crise no Município. Com exceção de junho – cujos dados foram divulgados recentemente -, dos seis primeiros meses do ano, apenas janeiro havia fechado o mês com saldo positivo no índice de empregos formais. As estatísticas mostraram que naquele mês foram 1.697 admissões contra 1.442 demissões, num saldo de 225 empregos. No entanto, os números começam a cair a partir de fevereiro. Naquele mês foram 1.328 demissões contra 1.153 contratações (-175). Em março, o índice caiu ainda mais e a Cidade registrou um saldo negativo de -217 postos de trabalho. No entanto, o pico veio no mês seguinte. Em abril, Três Lagoas demitiu 534 a mais do que conseguiu contratar: foram 1.030 contratações contra 1.564 desligamentos.

O saldo começa a subir novamente no mês de maio, quando o Município registrou o total de 1.143 admissões contra 1.201 desligamentos, num saldo negativo de 58 empregos.

Batalha para retornar ao trabalho

Quem acompanhou de perto o pico e decréscimo da crise no mercado de Três Lagoas foi a recepcionista Ellen Neves, 25 anos. Mãe de uma filha de três anos, em janeiro deste ano ela deixou o antigo emprego para trabalhar como vendedora em uma concessionária de veículos. Como o emprego não deu certo, ela deu início à luta para conseguir um novo trabalho. “Percorri todas as agência de empregos na época. Deixei currículo e visitava uma a uma toda semana. Queria qualquer oportunidade, quando a gente está desempregada, tem que aceitar o que vem. Mas nada aparecia”, disse.

A recepcionista conta que, sempre que chegava a uma agência, era informada que só havia vagas para auxiliar de produção masculino. “Eu ia com frequência porque eles sempre falam que vão ligar, mas não ligam. No entanto, nunca havia vagas. E não é por falta de estudo. Tenho cursos de vendas, atendimento ao cliente, secretariado executivo, recepção, estou cursando Ciências Contábeis”, explicou.

Ellen informou que só conseguiu retornar ao mercado de trabalho no dia 8 de junho, quando foi recontratada pela antiga empresa – a outra recepcionista havia saído e a vaga dela estava disponível novamente. “Se eu soubesse nunca tinha saído daqui”.

No entanto, ela explica que não são todos que tem a mesma sorte. “Assim como eu, tenho vários amigos qualificados, muitos com diploma universitário e que não conseguem trabalho na Cidade”, completou.

No mês passado foram geradas 1.937 vagas, diferença entre admissões e demissões, em Mato Grosso do Sul. O índice compra um leve aumento em relação ao mês anterior, quando forma 1.312 vagas.

 

MATÉRIA TRÊS

(BOX) –
Setores que mais contrataram e demitiram


As estatísticas do Caged apontam também uma nova mudança de perfil no mercado de trabalho. A construção civil perdeu o título de setor mais empregatício da Cidade e passou o posto para a função de operador de trator florestal. Conforme o Caged, de janeiro a maio deste ano, a categoria – cujo salário médio é de R$ 1.264,85 –  teve um saldo, entre admissões e demissões, de 103 postos de trabalho gerado.
Em segundo lugar, apareceu a profissão de motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais) (salário de R$ 874,34), com saldo de 87 vagas. O cargo de costureiro na confecção em série (R$ 472,42), aparece em terceiro no ranking. Levando em consideração índices de admissões (400) e desligamentos (330), foram 70 vagas geradas. Na classificação também aparecem: alimentador de linha de produção (R$ 596,10) em quarto, com saldo de 65; seguido de operador de produção (R$ 562,59), saldo de 64; e trabalhador de serviços de manutenção de edifícios e logradouros (R$ 508,91), saldo de 32 vagas (119 contratações contra 87 demissões).
Já no ranking das ocupações que mais demitiram, estão: em primeiro lugar, eletricista de instalação, com saldo negativo de 196, levando em consideração número de contratações e demissões. Seguido de cozinheiro geral, com 96 vagas a menos; instalador de tubulações (148 demissões contra 55 contratações). A função de soldador – salário médio de R$ 1.425,37 – apareceu em quarto lugar no ranking, com 185 demissões contra 110 contratações. Em seguida, o Caged registrou índice alto de desligamentos no comercio varejista. De acordo com as estatísticas, de janeiro até maio deste ano, o setor demitiu 283 pessoas e contratou 209, num saldo negativo de 74 vagas. O comércio local ocupou o sexto lugar no ranking.