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Três Lagoas

CÓRREGO DA ONÇA: O maior problema ambiental de TL

As estações do ano regulam o fluxo de água do córrego que foi destruído pelo crescimento da cidade

Quem transita pela BR-262 ao longo do ano têm vários exemplos da situação porque passa o Córrego da Onça. Água abundante mesmo, só em época de chuvas, como aconteceu na semana passada. Na maioria das vezes, em vários trechos, ele fica praticamente seco. O córrego assoreado chama atenção pela largura que vem adquirindo ao longo dos anos. A falta de vegetação natural, o avanço do cultivo da pecuária e a expansão da cidade têm contribuído para a degradação ambiental.

Nem mesmo órgãos governamentais poupam o que sobrou do córrego. Na edição de sexta-feira (21), o Jornal do Povo publicou a matéria “Justiça condena Sanesul por crime ambiental”. A empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul (Sanesul) foi condenada a pagar R$ 100 mil por poluição hídrica do Córrego da Onça. Por mais de nove anos a estação lançou esgotos sem tratamento químico no córrego e agora, por decisão da justiça a Estação de Tratamento de Esgoto situada no bairro São João terá de interromper atividades. O Jornal do Povo preparou uma matéria especial contando um pouco da trajetória e importância desse recurso hídrico para o Município.

Canalizado desde a avenida Rosário Congro, a maioria dos moradores não se lembra do córrego, quanto mais de sua importância para o município. Segundo o professor doutor em geologia, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), José Luiz Lorenz, as antigas nascentes do Córrego da Onça foram sendo destruídas com o crescimento da cidade.

“Antes não existia uma lei de preservação ambiental, e gradualmente o córrego foi se acabando. Ao sul da atual estação ferroviária muitos aterros foram feitos para estabelecer quadras e terrenos, com isso as nascentes originais foram soterradas”, explicou.

Com o crescimento da malha urbana todo o curso foi definhando. A ausência das matas ciliares, tomadas pelo lixo e a poluição das águas traz à tona uma realidade que as autoridades não vêem. O problema não é recente, e vem de administrações anteriores.

Para Lorenz, a persistente ignorância e descumprimento da legislação ambiental se dão porque a preservação tem pouco retorno eleitoral. “Esse tipo de trabalho não é visto pela população. A falta, por desmatamento, de uma mata ciliar; induz uma acelerada erosão das laterais do córrego e transforma seu leito num depósito de sedimentos”, explica.

Ele informa que muitos materiais como restos tijolos, telhas, azulejos, cimento, areia, argila, rochas, além de papel, plásticos, esgoto, restos de planta e até fezes são depositadas ao longo do percurso. “Isso se agrava ao longo dos verões, pois, desde a Vila Zucão, afluem ao córrego as águas de escoamento pluvial, que durante as enxurradas recebe mais matéria orgânica e lixo de todo o tipo”, alerta o pesquisador.

Na Vila Zucão, onde o córrego ainda está a céu aberto, com a chuva, o mau cheiro domina a região. Muito lixo doméstico compõe o cenário de descaso. A vegetação remanescente passou a ser  área de degradação permanente. As pessoas já não se preocupam com o que acontece por ali. As raízes expostas e os galhos “enfeitados” pelo lixo urbano são um triste atestado de abandono.