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Três Lagoas

Córrego da Onça: Sanesul e Prefeitura prometem medidas

O drama do córrego é resultado do descaso de anos. Segundo Imasul, Sanesul e prefeitura são as principais responsáveis

Depois de abordar a realidade do Córrego da Onça e os problemas em sua extensão a equipe do Jornal do Povo, procurou as autoridades competentes para esclarecer como e porque o problema se estende há anos.

A responsável pelo escritório regional do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Delia Villamayor Javorka, explica que primeiramente é necessário entender o problema desde o princípio. Ela lembra que por ser um córrego intermitente (épocas que tem água e outras não) a legislação permite que o local receba efluentes (produtos líquidos ou gasosos produzidos por indústrias ou resultante dos esgotos domésticos urbanos, que são lançados no meio ambiente). “A Sanesul e a prefeitura despejam dejetos e águas pluviais, respectivamente. O ideal seria canalizar todo o córrego, já que o mesmo não possui um emissário. No momento estamos levantando a renovação e licença ambiental para liberar a operação da Unidade de Tratamento do bairro São João. Mas isso só acontecerá depois de ver o que a Sanesul poderá fazer quanto as medidas de reparação”, explicou Delia.

Além do problema da Sanesul que lanças dejetos no córrego, outro agravante vem das águas pluviais que são lançadas no córrego pela prefeitura. “É um problema ambiental significativo que poderia ser solucionado com a construção de emissários (tubulação ligando os efluentes com águas pluviais) até um local que tenha água suficiente para receber o efluente”.

Pela legislação não é permitido lançar águas pluviais com os dejetos, mas a situação acontece, já que a Sanesul lança os efluentes e a prefeitura a água limpa. “Se formos analisar a vazão da Sanesul é sempre a mesma, já águas pluviais são imprevisíveis e com o fluxo a vazão vai aumentando. Não existe canalização, e não há um trabalho de contensão das encostas. Já está na mão do Ministério Público um processo de reparação. Todos os atores sociais já foram autuados e chamados”.

Entre os problemas está ainda a questão da conscientização ambiental e a reparação dos impactos. “Vários fatores somam para arruinar o córrego. As águas do loteamento próximo, que também caem sobre o Córrego, tiveram licença concedida, e não existia outro jeito, pois o córrego é o local mais próximo. O único problema é quanto mais fluxo é lançado, pior a situação fica”.

Segundo Delia, as soluções estão na canalização separada das águas pluviais e dos efluentes lançados pela Sanesul. “Não adianta autuação. Precisamos de medidas para reparar a questão”.

MEDIDAS

A Sanesul lançou um pacote de obras para o Córrego da Onça no valor de R$ 12,8 milhões, a obra deve compor uma nova tubulação que devolve o esgoto tratado para a natureza, levando os efluentes da Estação de Tratamento de Esgoto para o Rio Paraná, e será construído para tentar preservar o pouco que resta do Córrego da Onça, já que nenhuma medida de mitigação pode recuperar o que já foi destruído.

O secretário de Obras de Três Lagoas, Getulio Neves, disse que erroneamente as pessoas chamam o extravasor de águas, de córrego. “Já se criou uma cultura de chamar aquilo de córrego. A prefeitura não causa impacto ambiental algum ao córrego, já que toda água é destinada ao extravasor. Mas, estamos licitando este mês uma verba para canalizar os primeiros 200 metros depois da saída do canal fechado que fica na Vila Zucão”, disse.

Ibama – Em Três Lagoas o instituto funciona através de denúncias. Segundo a chefe do escritório, Vanessa Tomazin, o sistema de geo processamento é realizado por Campo Grande e a maioria das áreas municipais é de responsabilidade do Estado. “Nós não fazemos a fiscalização. Quando há uma erosão muito grande ela aparece no sistema e só então vamos averiguar. Trabalhamos através de denúncias, nosso efetivo é pequeno, não conseguimos fazer fiscalização em todos os pontos”, disse.