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Três Lagoas

Correios registram até quatro ataques de cães por mês

O caso mais recente foi registrado no início da tarde de terça-feira (21), no bairro Novo Alvorada

Está cada vez mais difícil realizar o trabalho de entrega de correspondências em Três Lagoas. O ódio dos cães contra carteiros não é novidade, no entanto o número e a gravidade dos ataques de cães aos profissionais estão preocupando as Agências dos Correios e Telégrafos da Cidade.

O caso mais recente foi registrado no início da tarde de terça-feira (21), no bairro Novo Alvorada, onde o carteiro Cristiano Vitório da Silva, 34 anos, foi atacado por um cão da raça pit bull quando realizava a entrega de correspondências na rua Osmar Tácito de Lima com uma motocicleta dos correios. O fato ocorreu por volta das por volta das 13h10, mas o boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Polícia Civil, no fim da tarde do mesmo dia.

Conforme a polícia, o carteiro teve ferimentos na coxa e parte da perna direita. Mesmo machucado, Silva conseguiu ir ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, onde teve de receber pontos nos ferimentos.

Segundo o supervisor de Carteiros, Moacir Rodrigues Rocha, casos como o de Silva estão se tornando cada vez mais freqüentes em Três Lagoas. Hoje, a estimativa dos Correios é de até quatro ataques registrados por mês. “O número de agressões por cães está aumentando tanto que estamos preparando alertas que serão entregues aos proprietários de animais onde foram registrados casos de agressão ou em que os carteiros registraram animais bravos e soltos. O mais grave foi este último”, completou.

Rocha explica que a maioria dos incidentes com carteiros envolvendo animais ocorre quando há omissão de cautela – o que é crime. A situação é ainda mais grave quando se trata da periferia, onde casos de cães bravos soltos pelas ruas são mais comuns.

“Boa parte das agressões poderia ter sido evitada se os animais estivessem devidamente presos. O cão já não gosta do carteiro por natureza, por ser esta a pessoa que vai a casa dele com certa freqüência, mexe na caixa de correspondência, toca a campainha, chama, bate-palma, por conta disto, os proprietários deveriam estar mais alertas e certificar que o animal esteja preso no período em que o carteiro costuma passar”, explica.

No entanto, estes não são os únicos cuidados que o proprietário de um cão bravo deve tomar. Rocha também alerta sobre a localização das caixas de correios. O ideal, segundo ele, é que as caixas sejam instaladas nos muros, e não nas grades dos portões. Quando esta já existe, se faz necessária a implantação de telas em torno para evitar que o animal morda a mão do carteiro. “Nós já encaminhamos estas solicitações, mas ninguém cumpre.

Tanto que já registramos casos de que um carteiro foi mordido no braço enquanto tentava colocar a correspondência na caixa dos correios”, completou.
Já aos carteiros, a orientação é mais direta: em caso de riscos, suspenda a entrega. “Se o carteiro tentou entregar uma correspondência e não conseguiu colocar na caixa dos correios; ou se ele foi uma vez e o cão estava solto, ele pode suspender a entrega e uma carta será encaminhada ao proprietário informando o motivo”, esclareceu.

PROBLEMAS

Para Rocha, uma agressão a um carteiro também prejudica toda a distribuição de correspondências daquela região. “Em muitos casos, o carteiro atacado precisa ser afastado do serviço para tratamento. Com a licença médica, a empresa precisa remanejar outro servidor para a área dele, no entanto, até está pessoa se acostumar com a região leva tempo e, enquanto isso, a distribuição é prejudicada”, enfatizou o supervisor.

Este é o caso do carteiro atacado nesta semana. Conforme Rocha, o funcionário ficará alguns dias afastado por meio de licença médica.

Atualmente, Mato Grosso do Sul está entre os seis Estados com maior incidência de acidentes dessa natureza no País. Além dele, também registram altos índices de ataques de cães aos carteiros os Estados de Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Piauí, São Paulo e Paraná, além do Distrito Federal.

O número e a gravidade dos ataques de cães a carteiros – que hoje ocupam a terceira posição no ranking das principais causas de acidentes de trabalho nos Correios –  chegaram a tal ponto nestas localidades que a empresa os Correios lançaram uma campanha educativa junto à população. Em Mato Grosso do Sul existem cerca de 750 carteiros que trabalham em atividades de distribuição externa. Em 2007, a empresa registrou 15 ataques a carteiros no Estado. No Brasil foram 958 ataques registrados no mesmo ano.

Pela Lei da Posse Responsável (PEA) – que estabelece a disciplina legal para a propriedade, a posse, o transporte e a guarda responsável de cães -, o crime de omissão de cautela de animais pode gerar uma pena de dez dias a dois meses de prisão simples ou multa, que pode chegar a até R$ 50 mil, sem contar o risco de ação indenizatória por parte da vítima.