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Três Lagoas

Cresfa alerta para o uso de narguile entre jovens

Para presidente, adolescentes estão trocando o tereré pelo tabaco, ?e os pais não sabem?

A Comunidade São Francisco de Assis (Cresfa) alerta os pais para os riscos oferecidos pela nova moda entre os jovens três-lagoenses: o narguile. Conforme a presidente da instituição, Célia Regina de Souza, o instrumento causa ainda mais males à saúde do que o próprio cigarro e, o mais preocupante, muitos pais ainda não sabem disso.

“Como é uma nova moda, a maioria dos pais acha que se trata de apenas fumaça com aromatizantes e autorizam a utilização do cachimbo d’água achando se tratar de algo inofensivo. Não é. É tabaco. Vicia tanto quanto o cigarro. Isto, quando o adolescente não insere outros tipos de droga, como maconha e até crack, que junto com os aromatizantes, tem o cheiro amenizado e acaba passando despercebido pelos pais”, destacou.

O cachimbo a base de água tem tradição milenar entre países do Oriente Médio. No Brasil, ele foi introduzido pelos turcos, libaneses e judeus e agora caiu nas graças dos jovens. Embora o uso seja proibido para menores de 18 anos, assim como o cigarro, não é incomum encontrar adolescentes usando o narguile em Três Lagoas. “A situação está chegando a tal ponto que as rodas de tereré estão sendo substituídas por rodas de tabaco. Em todo lugar se encontra uma roda de sessão de narguile, e nela sempre há adolescentes”, enfatizou Célia.

Ela explica que boa parte deste consumo excessivo se deve à ilusão criada de que o narguile não é maléfico à saúde. “Muitos pais acham que os filhos estão inalando apenas a essência, ou que a água filtrará a fumaça. Não é verdade, a água agrava ainda mais a inalação. Isto sem contar que ele [adolescente] também irá inalar resíduos do carvão utilizado para a queima da essência”.

Conforme uma série de estudos apresentadas pela presidente, entre eles estudos lançados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma sessão de vinte minutos a uma hora de narquile corresponde a uma média de 200 cigarros inalados. Além disso, neste período são consumidos até 10 litros de fumaça, já que a água faz com que aspiração da fumaça seja maior e mais tolerável ao organismo. “Também existem as doenças infecciosas, como a hepatite, já que a cultura do tipo de tabaco influencia que ele seja usado por mais de uma pessoa. O que também é preocupante”, explicou.

Conforme Célia, que também psicóloga, além de todos os malefícios do tabaco, o habito de usar o narguile em grupo já é “ritual” de iniciação ao uso de drogas. “O ritual é o mesmo. As drogas também são usadas sempre em grupo e, por conta das essências existentes, é possível que outros tipos de drogas sejam inseridos. E o jovem está mais suscetível, já que faz parte da adolescência esta necessidade de se socializar, pertencer a um grupo”, destacou.

Ela completa: “O adolescente começa com o narguile, mas se tiver uma pré-disposição para o uso de drogas, não conseguirá mais parar. Agora, são vários fatores que determinam está predisposição, entre eles herança genética. Não há como saber quem a tem, ou não”.


O grau de dependência gerada pela “nova onda” também preocupa. Especialistas defendem que 50 tragadas no narguile são suficientes para viciar, por conta da nicotina, que causa a chamada sensação de bem-estar, estimulada ainda mais pelos sabores de frutas e flores existentes.

A estimativa é que a fumaça emitida pelo cachimbo transporta mais de quatro mil substâncias que causam doenças como câncer de boca e pulmão.