Veículos de Comunicação

Paralisação

Dezenas de caminhões parados com combustível geram temor de explosão em Corumbá

Com 40°C de temperatura, veículos aguardam há mais de 10 dias liberação de exportação para a Bolívia

Caminhões-tanque e com carga seca estacionados no Porto da Agesa, em Corumbá. Há mais de 450 veículos parados - Foto: Rodolfo César/ Corumbá
Caminhões-tanque e com carga seca estacionados no Porto da Agesa, em Corumbá. Há mais de 450 veículos parados - Foto: Rodolfo César/ Corumbá

Cerca de 70 caminhões estão estacionados no pátio do Porto Seco da Agesa, em Corumbá, fronteira do Brasil com a Bolívia, há mais de 10 dias. Devido às altas temperaturas dos veículos, caminhoneiros relatam preocupação com possíveis explosões e acidentes, já que aguardam autorização da Receita Federal para viajarem. Segundo os motoristas, não há um controle rígido para manutenção do local e o problema passa por acompanhamento dos Bombeiros.

Conforme apurado pela reportagem, os veículos que costumam ser liberados para seguir viagem no prazo máximo de dois dias, estão há muito mais tempo por conta da operação-padrão da Receita Federal, deflagrada na última semana de dezembro de 2021. Auditores e analistas realizam o protesto para pressionar o governo federal a reverter corte orçamentário da pasta. Ainda em dezembro, todos os chefes entregaram os cargos, o que complicou o trâmite de processos de importação e exportação, atrasando o despacho.

Os caminhões estão estacionados no pátio da Agesa e por conta da evaporação do combustível, o odor é muito forte. Além disso, muitos motoristas acabam cozinhando no local onde estão esses veículos e há também pessoas que fumam, gerando tensão em quem precisa permanecer no local até a liberação de documento, o que é feito pela Receita Federal. Outra situação que se soma é que a temperatura na região chega aos 40º C em certos períodos do dia.

O motorista Alessandro Toledo, de Dracena (SP), relatou a situação que ele vive no local. “A minha primeira viagem que fiz para cá (neste ano), fiquei esperando 20 dias para ser liberado. Agora, estou com 10 dias aguardando. Geralmente, a gente fica no máximo um dia esperando. Tem mais de 300 motoristas aqui dentro e a estrutura não suporta. As condições aqui são para uns 50 motoristas. Não temos como tomar banho, porque sempre falta água. Nunca foi tão demorado assim e a minha expectativa é só conseguir sair na sexta-feira da semana que vem (26)”, comentou.

Arlindo Valverde, de São José do Rio Preto (SP) que está na Agesa há mais de 10 dias, demonstrou muita preocupação com a segurança no local. “Nossa situação é precária. Onde os caminhões estão é um terreno com desnível. A gente encontra caminhão com vazamento, tem a evaporação do combustível. O almoço, a janta a gente faz perto desses locais. Se der problema em um caminhão e pegar fogo, tem risco de explodir outros”, apontou.

Conforme o primeiro-tenente dos Bombeiros Hélio dos Santos Silva, houve vistoria para identificar um plano de contenção de sinistro. Ocorreu também vistoria e foi identificado que o pátio possui estrutura para combate a incêndios. Os Bombeiros ainda realizaram orientação para os motoristas e recomendou que os caminhões sejam despachados o quanto antes. A Receita Federal em Corumbá sinalizou que dentro da operação-padrão de liberação de cargas, haverá prioridade para os caminhões que transportam combustível.

A operação-padrão da Receita está ocorrendo nas aduanas de Mundo Novo, Ponta Porã e Corumbá. A média de liberação de caminhões para a exportação está sendo de 20 dias, ao invés dos dois dias, que é o período tradicional para a realização da tramitação de documentos. Em outras áreas de fronteira do Brasil ocorre a mesma situação.

Auditores e analistas desencadearam essa medida depois que o governo federal confirmou o corte orçamentário para a Receita Federal. A previsão de R$ 2,5 bilhões caiu para R$ 1,7 bilhão. Com essa redução, os concursos previstos para ocorrerem foram adiados, bem como o pagamento de abono para servidores. O governo federal ainda não sinalizou que vai reverter a decisão sobre o corte orçamentário. Sindicato da categoria de servidores tenta negociar a situação com parlamentares, para que eles possam intervir na questão.