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Dívidas comprometem saúde de brasileiros, aponta estudo

Três-lagoense desenvolveu síndrome do Pânico por não conseguir pagar contas em dia

Possuir dívidas pode ser o mesmo que ter um motivo para muita dor de cabeça. Mas, muito mais do que isso, o estresse, nervosismo e irritabilidade podem juntas gerar a síndrome do Pânico ou a depressão. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojista (CNDL), 48% dos endividados sentem vergonha por terem dívidas e 33% estão mais irritados e fazem agressões verbais a familiares e amigos.

O que todos sabem é que o consumidor inadimplente tem o nome negativado e restrição ao crédito, mas segundo este levantamento a infelicidade, insegurança e mudança nos hábitos alimentares estão sendo afetadas por causa da inadimplência. Conforme a pesquisa, 46% dos entrevistados declararam que estão mais infelizes; 44% têm insegurança e medo de não conseguirem quitar as pendências. A autoestima de 43% foi afetada; 53% relataram alterações de apetite, seja aumento ou perda e 39% afirmaram estar com insônia.

A psicóloga Maiara Basaglia alerta para as complicações que a mudança de comportamento e estado emocional podem gerar. O estresse e o nervosismo podem desencadear a depressão e síndrome do pânico. A segunda se caracteriza por situações inesperadas ou de desespero, como é o caso de Maria*, que relatou o medo que tem em sair de casa e até mesmo de atender ao telefone.

A professora aposentou-se após comprovar que é portadora da síndrome. “Gastava mais do que podia com sapatos e bolsas. A dívida foi aumentando mês a mês como uma bola de neve e hoje tenho receio de atender à porta e ao telefone”, declara.

O medo que Maria confessou ter é mesmo que 31% dos entrevistados pela pesquisa SPC afirmaram também ter. “A cobrança começa pelo telefone e até de maneira amigável. Depois o tom de voz do cobrador é outro e quando digo que não tenho dinheiro para quitar as contas a minha autoestima é atingida”, lamenta.

 

TRATAMENTO

O consumo exagerado, como forma de proporcionar prazer, pode se tornar um distúrbio e evoluir para uma doença. “O consumista excessivo acaba adoecendo quando vê que não vai honrar com seus compromissos e torna-se uma pessoa mais individualista, transferindo aquela dívida aos familiares”, pontua Maiara Basaglia.

 “Há pacientes em que somente a terapia ocupacional não é capaz de controlar a ansiedade, tanto pelo desejo de compra quanto pela vontade de quitar as dívidas, e precisam fazer uso de medicamentos controlados, sob orientação médica, é claro”, esclarece.

 

* A entrevistada Maria não quis se identificar e, por isso, trata-se de um nome fictício adotado pela reportagem do Jornal do Povo