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Três Lagoas

Em dois meses, mais de 500 cães são mortos

Para o próximo mês, o CCZ prepara um novo inquérito canino; desta vez mais enérgico

Nos dois primeiros meses deste ano, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) já sacrificou o total de 522 cães em Três Lagoas, todos infectados pela leishmaniose. De acordo com o coordenador do CCZ, Antônio Luiz Teixeira Empke, no mês de janeiro foram 334 animais recolhidos para a eutanásia. Destes, 178 tiveram a confirmação da doença por exame e outros 122, a positivação sintomática – totalizando 300 cães com leishmaniose. O número teve uma leve queda no mês de fevereiro, porém numa amostragem de março, até ontem (17), aponta que não pretende reduzir.
No mês passado, 266 cães foram contaminados e sacrificados, sendo 222 deles por leishmaniose (119 tiveram a confirmação via exame e outros 103, apresentavam sintomas da doença).
Já na primeira quinzena deste mês, 190 cães foram sacrificados. A estimativa é que mais de 85% deles tenham sido recolhidos por estarem contaminados com a leishmaniose. “E hoje, o nosso canil abriga mais de 20 cães que serão sacrificados amanhã. Dez deles vieram da cidade de Água Clara, todos com leishmaniose”, completa Empke – a entrevista foi realizada na tarde de terça-feira (17).
O coordenador aponta para outro dado preocupante: o possível fim da reprodução canina no Município. De acordo com ele, há três anos, eram sacrificados mais machos do que fêmeas, no entanto, o perfil mudou neste ano. Em janeiro, por exemplo, dos 334 animais sacrificados pelo CCZ– incluindo outras doenças -, 168 eram fêmeas e 166 machos. A estatística continuou a mesma no mês seguinte: em fevereiro foram 140 fêmeas sacrificadas, contra 126 machos. “Um macho consegue cruzar até cinco fêmeas diferentes. Mas agora estamos lidando com a morte das fêmeas. E há outro problema, muitos filhotes já estão nascendo com a leishmaniose, contaminados pela mãe”, disse.
Atualmente, a população canina de Três Lagoas é estimada em 8,5 mil animais. O número é bastante inferior ao de um passado não tão distante. Há quatro anos, Três Lagoas tinha em média 20 mil cães.
Conforme o coordenador, neste ano foi encerrado o inquérito canino e a distribuição de coleiras de prevenção à leishmaniose em Três Lagoas. A estimativa é de que mais de oito mil cães tenham recebido as coleiras, doadas pelas empresas Votorantim Celulose e Papel (VCP) e International Paper (IP). “Já encerramos a primeira etapa do inquérito. Agora, caso a coleira já tenha vencido – a coleira age por seis meses -, o proprietário pode nos procurar para colocar outra. O mesmo vale para aqueles que, por ventura, ficaram sem”, lembrou.
A segunda fase do encoleiramento será realizada apenas na sede do CCZ. O cão será submetido a um novo exame, mas deixará o órgão já encoleirado, independente do resultado. “Antes, esperávamos o resultado do exame. Agora não. Como se trata de uma cidade endêmica, mesmo que o cão esteja com a leishmaniose, o fato de ele estar com a coleira quebra o ciclo do mosquito. O animal deixa de ser um transmissor da doença”, justifica.

NOVO INQUÉRITO

No entanto, para o início de junho está prevista a realização de um novo inquérito canino e desta vez, o CCZ será muito mais enérgico, como garante Empke. Ele explica que este inquérito deverá ser realizado em dez a quinze bairros da Cidade considerados “áreas de risco”. Estes bairros serão determinados pelo próprio Ministério da Saúde, conforme o coordenador.
“Não haverá mais tolerância com animais positivos. Todos serão recolhidos, independente de estarem em tratamento ou não. Só assim conseguiremos acabar com esta doença. Chega de desculpas. Chega de mentiras”, dispara, em relação às muitas desculpas dadas por moradores que não querem entregar seus cães contaminados pela doença.
Entre os bairros previstos, o segundo inquérito canino deverá atingir bairros como Vila Haro, Santa Terezinha e Nossa Senhora Aparecida. Como contará com prazos para ser executado, o trabalho deverá mobilizar em torno de 30 servidores do CCZ.