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Três Lagoas

Em um ano, Samu recebeu 7,6 mil trotes

Esse número correspondente a 45% do total dos atendimentos realizados em Três Lagoas

O trote continua sendo o maior problema que vem afetando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), implantado oficialmente no Município, no dia 29 de junho de 2008, com início das atividades na manhã do dia seguinte, 30 de junho.

A grande dificuldade e uma questão que deverá ser enfrentada é a conscientização da população de que “o trote é um crime contra a vida”, comentou a coordenadora municipal do Samu, enfermeira Mireilly de Souza Queiroz.

“Infelizmente, este é um problema que afeta o cenário nacional dos Serviços de Atendimento de Urgência e Emergência. Enquanto nós mantemos a média de 38% de trotes, a média nacional, segundo o Ministério da Saúde, é de 50%. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, o Samu vem enfrentando 78% de trotes nas chamadas telefônicas”, informou Mireilly.

Apesar da maioria dos trotes ser de crianças, principalmente, nos períodos de férias, maior parte deles não chega a se consumar, “porque elas acabam, de uma maneira ou de outra, se entregando, através de risadas e outros procedimentos, facilmente identificáveis”, contou.

Os piores trotes, que, na sua maioria acabam mobilizando as equipes e as viaturas, são feitos no período noturno e nas madrugadas dos finais de semana, segundo informou a coordenadora do Samu. “Esses trotes, os mais perigosos, acabam se consumando, porque as pessoas, inescrupulosamente, sabem muito bem simular a realidade”, observou.

Ela deu como exemplo um trote realizado na madrugada de um domingo recente. “Pelo modo que a pessoa falava ao telefone, chegou a convencer até o médico regulador de plantão, que dá as orientações para os primeiros procedimentos que devem ser adotados”, contou. Ela referiu-se ao trote de um caso, em que uma senhora idosa estava supostamente desmaiada em frente a uma igreja, na avenida Rosário Congro. “Infelizmente, essa pessoa conseguiu dar o trote e mobilizou toda a equipe da UTI móvel do Samu, relatando com detalhes precisos que a mulher estava morrendo”, lamentou. 
Neste primeiro ano de Samu, Três Lagoas solucionou um dos sérios serviços públicos de atendimento de urgência, até então feitos tão somente pela Unidade de Resgate (UR) do Corpo de Bombeiros. Em várias ocasiões, por problemas funcionais, causados pela falta de viaturas, disponíveis para o atendimento, a equipe da UR do 5º Grupamento de Bombeiros (GB) precisou suprir provisoriamente a falta de viaturas apropriadas e chegou a socorrer as vítimas de acidentes de trânsito, transportando-as na carroceria aberta de uma caminhonete para o Pronto Socorro do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.

ENTROSAMENTO

Nos primeiros meses de atuação do Samu, conforme reconheceu Mireilly, houve problemas de entrosamento com a equipe do Corpo de Bombeiros.

Desnecessariamente, os dois tipos de atendimento deslocavam-se desnecessariamente para a mesma ocorrência. “Esse necessário entrosamento melhorou muito, graças às ações do Comitê Gestor de Urgência e Emergência, constituído pelo Samu, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e outros que prestam serviços semelhantes de atendimento à população”, explicou Mireylli. “É um grupo técnico de estudo para discutir os procedimentos de atuação conjunta nos casos de urgência e emergência”, completou.

Existem situações em que os dois serviços são necessários e devem trabalhar em conjunto para a obtenção de melhores resultados. “A população liga para quem pode resolver uma determinada situação. Para ela tanto faz, ligar para 192 (Samu) ou 193 (Bombeiros) porque o importante é a agilidade e a eficácia do atendimento”, observou.

“Por exemplo, se temos um chamado de acidente com vítima presa nas ferragens de um veículo, se faz extremamente necessária a presença da equipe dos Bombeiros. Em outra determinada situação, se a vítima precisa de imediato de um médico e o pedido de socorro foi direcionado somente aos Bombeiros, cabe a eles comunicar-se com a equipe do Samu”, comentou Mireylli. “Esse entrosamento melhorou mais de 80%”, disse.