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Três Lagoas

Enfermeiros da UPA e do Samu cruzam os braços

Pacientes que não recebem atendimento na UPA, recorrem ao Hospital Auxiliadora

Desde a última sexta-feira, 1º de maio, enfermeiros e técnicos em enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) entraram em greve. Situação esta que fez com que aumentasse o atendimento no Pronto Socorro do Hospital Auxiliadora de Três Lagoas.

De acordo com o enfermeiro e coordenador do Pronto Socorro do Auxiliadora, Carlos César Barbosa Junior, de sexta-feira até domingo, o hospital realizou 635 atendimentos na portaria. No mesmo período do mês anterior, o Pronto Socorro realizou 374 atendimentos. Carlos informou que todos os pacientes que procuram o hospital são atendidos, no entanto, frisou que o Auxiliadora trabalha com acolhimento de classificação de risco, que prioriza o atendimento dos pacientes considerados graves. Já os pacientes que são classificados no atendimento de baixa complexidade, levam um tempo maior para serem atendidos. “Com a greve dos profissionais que trabalham na UPA, tivemos uma sobrecarga aqui no hospital”, frisou.

O coordenador explicou que o fluxo correto deveria ser o hospital receber apenas os pacientes referenciados, ou seja, encaminhados da UPA, através Bombeiro ou SAMU. Mas, segundo ele, isso nem sempre acontece, pois existem pacientes que procuram o hospital em demanda espontânea, o que acaba sobrecarregando o Pronto Socorro do Auxiliadora, que deveria atender apernas urgência e emergência. “Os pacientes classificados com verde e azul, de baixa complexidade, deveriam procurar a UPA ou o posto de saúde, mas o hospital não deixa de atender”, comentou.

GREVE

De acordo com os enfermeiros da UPA, a greve foi iniciada na última sexta-feira, em razão da prefeitura não ter chamado a categoria para uma negociação. De acordo com eles, o Sindicato dos Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem Serviços Públicos de Três Lagoas, já havia protocolado na prefeitura, no início da semana passada, notificação de greve, caso a administração municipal não abrisse o diálogo para uma negociação. Além disso, o presidente deste sindicato, João Carvalho, disse que a prefeitura não tinha convidado ele para participar do processo de discussão sobre o reajuste salarial, apenas o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.

Segundo o enfermeiro, Douglas Guimarães, os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho, o pagamento de hora-extra aos finais de semana e feriados, além de um reajuste salarial acima de 5%, conforme proposto pela prefeitura. O mesmo foi dito por enfermeiros do Samu, que também aderiram à paralisação da última sexta-feira. Eles informaram que, tanto na UPA, quanto no Samu, os enfermeiros estão trabalhando com apenas 30% do seu quadro de profissionais. Em ambos os casos, a prioridade é atender os pacientes considerados de urgência e emergência.

DECISÃO

Em razão da notificação com indicativo de greve protocolizada na prefeitura, a administração municipal se antecipou e ingressou com uma ação com pedido de liminar no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ/MS), por considerar que o serviço é essencial à saúde pública e não poderia ser interrompido e também por entender que esse sindicato, não é representante legítimo da categoria.

O desembargador Sérgio Fernandes Martins, acatou o pedido da prefeitura e determinou a suspensão de greve por parte dos enfermeiros que atuam na Secretaria Municipal de Saúde de Três Lagoas, em decisão liminar proferida na tarde desta quinta-feira (30). O magistrado, inclusive, destacou em sua decisão que procurou no site do Ministério do Trabalho e Emprego e não encontrou o registro deste sindicato ( Setasp) como representante legal da categoria em Três Lagoas. Foi estipulada ainda uma multa diária de R$ 1.000,00 contra o Setasp em caso de descumprimento da decisão.

Mesmo com a decisão, os enfermeiros da UPA e do SAMU, permaneceram em greve no final de semana e, até ontem, continuavam em paralisação. Os enfermeiros informaram que não tinham sido notificados por nenhum oficial de justiça sobre a determinação.