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Três Lagoas

Estudiosa recomenda fim da pesca na Lagoa

Professora Maria José Alencar Vilela defende que o local seja apenas área de lazer e contemplação da natureza

A pesca poderá ser proibida na Lagoa Maior. Esta recomendação foi oficializada à Secretaria Municipal do Meio Ambiente,  no dia 22 de maio de 2009, pela  professora Maria José Alencar Vilela, Doutora em Ecologia, do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.O Jornal do Povo teve acesso esta semana a cópia do parecer técnico. “Defendemos a idéia de reservar para a Lagoa Maior, apenas as atividades de lazer contemplativas e/ou que não incluam  extração de nenhum tipo de recurso, a exemplo do que se adota em outras cidades brasileiras”, disse no seu relatório.

O estudo foi feito atendendo pedido da própria Secretaria Municipal do Meio Ambiente, por meio do titular da pasta, Cristovam Lages Canela. Na oportunidade, ele requereu a análise, para verificar se haveria necessidade de realizar o repovoamento de peixes. A administração municipal chegou a ser cobrada pela Câmara Municipal, por meio de requerimento do vereador Jurandir da Cunha Viana Júnior, para “providenciar o repovoamento urgente” da Lagoa Maior.

Maria José Alencar Vilela afirma que a pesca de caniço, como acontece na Lagoa Maior, “mesmo que considerada não impactante, pode originar vários problemas, inclusive representar risco de ferimentos aos passantes, devido aos anzóis”. Além disso, ela alerta que a pesca no local costuma ser fonte de lixo, devido ao hábito de alguns pescadores de deixar no local os sacos ou vasilhames para levar a isca.

Alerta sobre peixes contaminados

O alerta mais grave feito pela professora Maria José Alencar Vilela refere-se ao fato do perigo de intoxicação alimentar com os peixes existentes no local. Ela lembra que estudo realizado em 2005 revelou que os peixes da Lagoa Maior apresentava um grande quantidade de parasitas, inclusive nos tecidos musculares. “Não temos dados para saber se esta condição permanece atualmente, mas certamente trata-se de um ponto importante a ser esclarecido, antes de se pensar no incentivo à pesca e consumo de peixes daquele ambiente”, ressaltou.

Assim sendo, considerando o fato de que na Cidade existem outros locais para pesca, contando inclusive com dois rios piscosos como o Paraná e Sucuriú, a estudiosa defende a idéia de reservar para a Lagoa Maior apenas atividades de lazer contemplação  e “que não incluam extração de nenhum tipo de recurso, a exemplo do que se adota em outras cidades brasileiras: caminhadas no entorno, atividades físicas não aquáticas, restritas às quadras, pistas e parquinho já existentes no local, observação da paisagem, das aves e da vegetação, visitações com grupos de alunos com objetivos educacionais, realização de festividades oficiais da Cidade, entre outras tantas possibilidades”.

Caso a Prefeitura não proíba a pesca na Lagoa,  Maria José Alencar recomenda que a administração “restrinja a permissão a alguns locais previamente definidos e identificados através de placas, escolhendo trechos onde a pista de caminhada esteja mais distante da margem da lagoa, para evitar interferências ou mesmo acidentes”.  Além disso, ela destaca a necessidade de seja realizada efetivo e permanente controle da qualidade da água.

Neste aspecto, a estudiosa lembra, que antes de se pensar no repovoamento de peixes deve-se tomar medidas para o controle de qualidade de água, que interfere na qualidade do pescado. “Esse ambiente, embora não receba efluentes da rede de esgoto, recebe água do escoamento superficial das ruas, notadamente no período chuvoso, que carreia uma grande quantidade de resíduos de qualidade não controlável para água, o que pode comprometer sua qualidade”, alerta.