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Três Lagoas

?Eu nem acredito em fórmulas mágicas?

A entrevista da semana é com o secretário de Esportes da Três Lagoas, Sávio Sebastião Alves Bernardes

Sávio Sebastião Alves Bernardes, há dois anos como secretário de Esportes da Prefeitura é o entrevistado da semana. Bernardes teve que se afastar de algumas atividades que tinha paralelamente, para ser secretário. Segundo ele “porque o cargo exige uma disponibilidade maior”. Foram 14 anos na função de editor esportivo do Jornal do Povo. “Essa é uma atividade que muito me orgulho ter feito”, frisou. Árbitro da Confederação Brasileira de voleibol, com projeção para ter uma oportunidade na Liga Nacional, chance que “vem gradativamente na carreira de um árbitro”, de acordo com ele. Bernardes recebeu recentemente uma oportunidade que não pôde aceitar devido à pouca disponibilidade. “Se vierem outras chances, vou estudar o caso”, sorriu. O secretário de Esportes tem a vida ligada às atividades esportivas, tanto na organização, como na prática de esportes. Durante algum tempo foi dirigente da Liga Desportiva Treslagoense. “Todas as atividades que desenvolvi na minha carreira foram ligadas ao esporte”, frisou.

Jornal do Povo – Gostaria que  fizesse um “raio x” do esporte hoje em Três Lagoas.

Sávio Bernardes – Três Lagoas vem em um crescimento acelerado. Seria assim, independentemente da pessoa que estivesse aqui nesse momento (como secretário de Esportes). Acho que a Administração, de uma forma geral, talvez tenha antecipado o crescimento por aqui. Essa pujança que visualizamos todos os dias no nosso convívio, esse crescimento, era inevitável. Eu acho que a Administração atual, posso garantir categoricamente , sou até suspeito para falar disso, mas tenho 23 anos de carreira no esporte em Três Lagoas, tive várias oportunidades de sair mas preferi ficar, acho que é uma cidade que tem um potencial muito grande no esporte, mas nunca houve um incentivo para o esporte como nos últimos quatro anos. Nos últimos cinco anos, se incluir 2009. Em função da estruturação de obras que vem vindo aí, de criação da Secretaria e de um departamento específico na área de juventude e lazer, auxilia, faz  que intensifiquemos as atividades. Começamos a criar uma estrutura para poder atender às necessidades da comunidade. Isso faz com que o setor cresça, as oportunidades estão surgindo, atletas conseguindo grandes resultados, o futebol profissional nunca chegou tão longe. Tudo isso, graças ao apoio a esse tipo de atividade, mais intensamente do que  em outras administrações.

JP – Ainda em função dessa evolução, em aspecto geral, o que não tinha antes que agora tem em Três Lagoas? E o que já teve que agora não tem mais?

Sávio- Em termos de falha, acho difícil apontar, não estou me recordando de nenhuma. Tudo que a gente vem tendo de resultados positivos, vêm de uma sequência longa da categoria de profissionais de Educação Física em Três Lagoas. O trabalho de administrações anteriores é o mesmo modelo que seguimos. Incentivar o esporte, as escolinhas desportivas são uma tradição que não fomos nós que implantamos, mas é um programa de sucesso, que consegue formar atletas, detectar talentos e é uma coisa que foi percebida lá atrás que muitos municípios do Estado não têm ainda. É um modelo simples, é apenas incentivar as escolinhas e desporto de base, ampliando essas modalidades. Temos os professores dessas modalidades que têm praticantes em Três Lagoas, a gente procura criar um horário, um espaço, abrimos inscrições para poder contratar um professor, com a intenção da modalidade ser desenvolvida com orientação profissional. Não tem nenhuma forma mágica nisso. Eu nem acredito em fórmulas mágicas. Tem que ter persistência, perseverança no que vamos desenvolver, porque o objetivo que pretendemos alcançar, às vezes, demora um pouco mais em alguns casos para alcançar o sucesso.

JP – Existe algum projeto em vias de ser implantado na Cidade?

Sávio – Temos que ir passo a passo. Acredito que o que fizemos até hoje pelo futebol profissional foi um impulso muito grande para o esporte de uma forma geral, porque se cria uma cultura através do futebol, um esporte muito forte no Brasil. Por exemplo: nós não tínhamos torcedores indo ao estádio com essa freqüência, 2.500, 3.000 pessoas no estádio como tivemos nos dois últimos anos. Temos o projeto do futsal que é promissor. É uma modalidade muito popular, tem muitos praticantes e as pessoas daqui gostam. Temos tradição nessa modalidade dentro do Município. Tivemos até equipes de escolas disputando campeonatos brasileiros nos últimos anos. É um projeto que está crescendo, está alcançando suas metas. Além disso, nós estamos ampliando as atividades na área de natação. Nós tivemos um problema neste ano porque o Município não dispõe de uma estrutura própria para esse esporte, mas por meio de convênios, levamos essa atividade tão salutar às pessoas. É o esporte mais benéfico para o corpo humano e até no aspecto mental.

JP – O que a Cidade oferece especificamente para as crianças?

Sávio – A criança é a nossa principal clientela. Nós trabalhamos com projetos de xadrez, com faixa etária de 7 a 8 anos. A natação é nessa mesma faixa. Futebol de salão e o futebol são modalidades que trabalham muito com essa faixa etária. A criança com 7 ou 8 anos já tem interesse por esses esportes. Tem esportes em que existem dificuldades. Por exemplo, o voleibol e o basquetebol são mais complicados para crianças tão novas. É indicado para 10, 12 anos. Mas o futebol, a natação, o xadrez e o judô têm projetos. O judô é até um caso à parte porque não possuímos uma estrutura física de judô. Temos um convênio com uma academia que desenvolve a atividade e já adquirimos um material neste ano de tatame que vai poder atender essa necessidade assim que tivermos um espaço físico. Têm muitas obras vindo para Três Lagoas: o ginásio de esportes na Lagoa, com três quadras está aí, é uma realidade próxima da gente. Inclusive a terraplanagem da obra foi realizada e vamos ganhando uma estrutura melhor.

JP – Durante o período de férias (julho), observamos que não foi feito nada específico para as crianças, por quê?

Sávio – Normalmente, no mês de julho, a gente não pára. As atividades de treinamento continuam. Temos uma paralisação das atividades a partir do dia 20 de dezembro até próximo do dia 10 de janeiro. Mas o esporte não segue o calendário escolar, tanto que os atletas de alto nível na Cidade, como os do atletismo, nem nesses 20 dias param. Existem estudos que comprovam: depois de três dias de paralisação, o atleta começa a ter uma regressão física. Os técnicos se preocupam em continuar essas atividades nem que seja para manutenção, evitando que haja uma regressão. No mês de julho, apesar de se falar em férias, foi um período frio neste ano principalmente. Nossas atividades nessa época são de lazer. Porém, como estava muito frio, levamos o lazer para as escolas, mas o principal foco, onde depositamos todas as nossas fichas, é o Balneário. Só que no mês de julho fez muito frio e tivemos algumas reformas no local, por isso acho que ficamos devendo esse ano. Pelo que eu vejo, em julho vai ser sempre complicada a questão das atividades, devido ao frio.

JP – Em relação à verba para o esporte, como é feita a distribuição dos recursos?

Sávio – Nós fazemos um planejamento e o apresentamos para a secretaria de Finanças. A Administração Municipal é centralizada nesse sentido. O setor financeiro é que define como é feita a distribuição. Logicamente que é feita uma proposta pela secretaria e a gente fez uma projeção de crescimento para este ano de 2009. Porém, devido à dificuldade da crise mundial que estamos passando ainda, isso está se refletindo ainda. Estamos terminando o ano no sacrifício. Mas acho que mesmo sendo um ano com esse abalo, foi muito produtivo. É um período que alguns atletas estão passando a dificuldade de não receber nosso apoio, por causa de competições que têm uma despesa mais elevada. Mas o primeiro semestre, por exemplo, foi muito intenso. Quando a crise começou a refletir com força no aspecto “arrecadação”, de junho para cá, reduzimos um pouco nossa participação, nosso incentivo. De qualquer forma, fomos buscar parcerias. O Misto por exemplo, em 2009, recebeu uma contribuição dobrada em relação ao ano passado. Até porque tinha um compromisso mais importante, a Copa do Brasil. Foi uma participação que interferiu muito no orçamento da secretaria de Esportes e você há de convir comigo que o esporte não é um setor prioritário. Tem saúde, educação, assistência social, por exemplo. São setores prioritários que têm que ter um orçamento maior.

JP – Se o esporte não é prioritário, em que posição ele está?

Sávio – Eu diria que em segundo plano. O esporte é indispensável porque está ligado à área de educação e é um complemento de todas as áreas, como saúde e na própria assistência social. Promovemos muita integração social. Através do esporte, várias crianças, que estão marginalizadas na sociedade, se entrosam, se integram e se igualam. Uma criança que está em um nível social mais baixo é superior a outra de maior poder aquisitivo no esporte e passa a ser admirada, vira referência. Acaba tornando a criança uma pessoa mais aceita dentro da sociedade. E a gente busca o convívio. Logicamente que isso é uma complementação da área de educação e da área de saúde. Quem pratica esporte tem menos problemas de saúde e até na questão da assistência social também.

JP – Quais os critérios são usados para a divisão dos recursos financeiros entre os diversos esportes?

Sávio – Nós fizemos uma projeção para este ano e lamento essa crise mundial que ocorreu, porque era um ano que estávamos com uma perspectiva muito grande de crescimento no esporte. Era para trazer grandes eventos, obras que aumentariam a popularidade do esporte na Cidade. Ainda estamos devendo dois campos de futebol. De quatro campos que a própria prefeita Simone Tebet anunciou, nós fizemos dois e faltam dois ainda. São obras que ajudam o setor, mas logicamente temos que fazer o que temos capacidade financeira. Foi um ano de sacrifício, não pudemos realizar essas obras em 2009.