Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Eucalipto: A mina de ouro verde

O ex-pecuarista Agenor Mendes Carli apostou no eucalipto e chega a receber R$ 56 mil por ano

Um verdadeiro batalhão de eucaliptos perfilam em diversas fazendas  de Três Lagoas. Produtores rurais enxergam novo horizonte de oportunidades econômicas, fazendo que o plantio desta árvore passa ser considerado uma verdadeira “mina de ouro verde”.

Para o ex-pecuarista Agenor Mendes Carli a substituição da pecuária pelo plantio de eucaliptos em suas terras representou solução para seus problemas.

“Economicamente a alternativa foi a mais viável que encontrei, muito melhor do que criar gado”, destacou Carli, que é proprietário da fazenda Dom Thomaz IV com 75 alqueires arrendado para o plantio de eucalipto. Agenor criava gado leiteiro e nelore, estava com a propriedade depredada, precisando de reformas.

 “Qualquer alternativa seria melhor do que continuar criando gado, sabia que para engordar o boi gastaria cerca de R$ 75 por arroba e depois acabaria vendendo por um valor muito abaixo, tomaria prejuízo”, exemplifica o ex-pecuarista.

Quando começou a pensar em desistir de lidar com o gado, sua primeira idéia arrendar suas terras para cana-de-açúcar ou montar uma fábrica de fécula de mandioca. Tudo demandava muito custo e pouco retorno.

 “Soube de pessoas que haviam arrendado suas terras para o plantio de eucalipto e com o dinheiro mensal do arrendamento, mais o valor da venda dos gados, compraram mais terras, fui atrás e arrendei as minhas sem pensar duas vezes”, afirma.

Hoje Carli recebe R$ 750 por ano por cada alqueire plantado, ou seja, por ano ele tem uma receita líquida que chega a aproximadamente R$ 56 mil. O contrato firmado com a empresa é de 14 anos. Vale destacar que na média de sete anos o eucalipto está preparado para ser cortado.

“Em minha fazenda a empresa fez plantio pastoril, um tipo de plantação mais espaçada, com vãos maiores entre as árvores. Recebi a informação que em dois anos já será possível criar gado entre as árvores”, completou Carli, considerando que os eucaliptos plantados em sua fazenda tem cerca de oito meses.

O pecuarista Silvio Miura, proprietário da fazenda Palmito é outro que decidiu investir no eucalipto. De 2,4 mil hectares de sua fazenda, 1,7 mil estão tomados por eucaliptos. “Continuei criando gado na fazenda, no entanto o plantio de eucalipto é muito mais rentável que a minha criação de gado”, afirma Miura. Quando questionado se arrendaria o restante de sua fazenda para o plantio e deixaria de criar gado, respondeu prontamente “sim”.

OPORTUNIDADE DE OURO

A realidade da massificação do plantio de eucaliptos em nossa região tornou-se efetivamente sólida a partir de 2006, quando o grupo empresarial Votorantim numa troca de ativos com a International Paper (IP), investiu na construção de uma indústria de celulose e papel (VCP) em nosso município.

A nova fábrica tem capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano. Batizado de Projeto Horizonte, o parque fabril possui 2,1 milhões de metros quadrados. Atualmente, a área florestal da VCP no Mato Grosso do Sul é de 238 mil hectares, sendo que aproximadamente 20% desse total é destinado à preservação permanente de matas e reservas legais. O restante é cultivado com eucalipto a partir de um rígido plano de manejo florestal.

A fábrica deve contribuir para a elevação em cerca de 300% o PIB de Três Lagoas e em 13,5% o PIB do Estado. A atuação da VCP MS na região também irá movimentar a economia, pretendendo gerar até 30 mil novos postos de trabalho em diversos setores, conforme indicado em estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em projeto semelhante.

(Continua amanhã…)