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Três Lagoas

Fórum discute políticas públicas antidrogas

I Fórum Regional de Políticas Públicas sobre Drogas discutiu prevenção, tratamento e repressão

O Conselho Estadual Antidrogas (Cead/MS), Conselho Municipal Antidrogas (Comad) e Prefeitura Municipal de Três Lagoas, além de representantes da região do bolsão, se reuniram na manhã de ontem (23), no Centro de Referência Assistência e Educacional (Crase- Coração de Mãe) para criação de políticas públicas do I Fórum Regional Antidrogas.

A prefeita Simone Tebet enfatizou, durante discurso, que a droga é um dos piores males que a sociedade enfrenta. “De cada cinco jovens, um é dependente do vício. Quando idealizei o Crase, meu intuito era tirar as crianças das ruas para abrigar e proteger das drogas. Este não é um projeto educacional e sim social, nosso objetivo principal é colocar na cabeça dos nossos jovens valores espirituais e morais”.

Para o psicólogo e presidente do Comad, Sidney Ferreira, a questão vai além dos fóruns de discussão. “O fórum é o primeiro passo para a melhoria. Várias cidades da região do bolsão marcaram presença, o que significa que há interesse e necessidade de trabalhar. Com a posse dos 12 novos conselheiros vamos conseguir desenvolver a ação de maneira mais organizada. Nossa intenção é capacitar essas pessoas para que efetivamente atuem na prevenção e combate a esse mal”.

Sidney também falou sobre a necessidade de casas de recuperação na Cidade. “Paralelo ao trabalho realizado pela Peniel precisamos ter uma casa de recuperação para tratamento, onde as pessoas possam receber todo o auxílio. Essa é uma das nossas primeiras batalhas, não adianta apenas sugerir, precisamos lutar para mudar essa realidade”, comentou.

Mato Grosso do Sul é o terceiro Estado na Federação a realizar um Fórum Estadual. O promotor de justiça e presidente Conselho Estadual Antidrogas (Cead/MS), Sérgio Harfouche, enfatiza que um dos maiores problemas está ligado à legislação. “É crime usar drogas, mas a pena é desapropriada e não responsabiliza o usuário, pelo contrario, ele [usuário] muitas vezes zomba da pena e da legislação”.

O promotor explica que é preciso mais rigor. “Não para colocar no cárcere, mas sim para dar oportunidades como paciente. Se eles não têm condições de responder por um crime, que não tenham escolha na hora de optar ou não por um tratamento”.

O índice oficial no Brasil de recuperação entre jovens é de 48%.

OBJETIVO

Harfouche, explica que a ideia do Fórum é orientar tanto Estado, quanto municípios. “Essa é uma questão multidisciplinar. Queremos movimentar o eixo de responsabilidade compartilhada. O que implica trabalhar a parceria Estado, família e usuário. O Estado paga, a família do usuário dá apoio e o usuário não coopera com nada. Precisamos reverter esse quadro”.

Um dos Estados que, segundo ele poderia ser tomado com exemplo é Minas Gerais. “La existe uma sub secretaria para tratar a questão. São R$ 16 milhões em investimentos. Em Mato Grosso do Sul se brinca de fazer políticas publicas. O que queremos é alertar para a realidade, impondo políticas publicas efetivas”.

Para o promotor, o fórum é uma preparação. “Nossa instituição não tem recursos próprios, por isso a proposta é sediar em abril do ano que vem o Fórum Estadual, nesse encontro de todos os pontos atendidos estarão concentrados os pontos discutidos durante as reuniões feitas em Três Lagoas, Amambai, Bonito, Dourados, São Gabriel do Oeste e Campo Grande”.

ESTRUTURA

De acordo com Harfouche, a União não investe em políticas públicas de tratamento e prevenção. “Não adianta querer tratar as pessoas se não há estrutura. Se um 1% dos dependentes quiserem tratamento, não será possível atender a demanda, já que as casas terapêuticas não supririam a necessidade. Não há programas no Brasil que recuperem, apenas as casas terapêuticas”.

Um dos grandes problemas apontados por ele é a falta de responsabilidade do homem nos tempos atuais. “Hoje eles não são mais pais de família. Responsáveis apenas pelo sustento da casa. As mulheres trabalham e a educação dos filhos fica por conta da escola. Ai vem o consumismo e os reflexos e inconvenientes começam a aparecer. É o excesso de liberdade. Se você não colocar um muro, cerca elétrica e alarme, provavelmente será visitado todas as semanas. A gente paga imposto de tudo, mas mesmo assim ainda paga pela saúde, segurança e educação. Estamos pagando e não temos resultados. Sou daqueles que defende o pagamento de um 1% de impostos e o cidadão que arque com as suas contas. Hoje ninguém protege ninguém e não é na rua que essas crianças estarão protegidas”.

Ele enfatiza que falta comprometimento do usuário. “A lei o usuário como se não tivesse responsabilidade. Aqui ele pode matar, estuprar, fazer tudo, pois de acordo com a lei não pode ser penalizado. A lei admite e libera a pessoa que age sob influência de substância psicoativa. Eles deveriam ser obrigados a se tratar”, finaliza.

O próximo fórum acontece no dia 4 de dezembro, em Aquidauana.