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Três Lagoas

Fórum Permanente de Cultura abre espaço à democratização cultural

O evento contou com a participação de vários segmentos, com o intuito de desmistificar a elitização da cultura na cidade

A historiadora e filósofa brasileira, Marilene Chauí, afirmou em seu discurso de política pública, que a cultura é o conjunto de experiências humanas adquiridas pelo contato social e, acumuladas pelos povos. Foi com este pensamento que a prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (PMDB), em conversa com o Secretário de Educação e Cultura, Mário Grespan, propôs que o Poder Público fosse o mentor da democratização cultural na cidade.

Foi assim que surgiu o “I Fórum Permanente da Cultura”, realizado na noite desta quarta-feira (18), no Centro Cultural Irene Marques Alexandria. O evento contou com a presença dos professores e historiadores da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), Lourival dos Santos e Vitor Wagner Neto de Oliveira; do museólogo e membro da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Cassiano Lima; do Secretário de Educação e Cultura, Mário Grespan; vereadores; e da população três-lagoense, que participou das discussões e grupos de estudos formados.

Para Mário Grespan, o fórum atingiu as expectativas, pois ouviu os anseios da população e ofereceu novas contribuições a quem estuda e, se propõe debater fenômenos ligados a cultura.

O professor de língua portuguesa e literatura, músico, Alessandro Meneghetti, que atualmente faz especialização em História Social, Museu e Cultura Afro-brasileira na UFMS, afirmou que este encontro é de fundamental importância para a cidade, já que é a primeira oportunidade de discutir objetivamente o assunto.

Ao início do fórum, a Secretaria de Educação e Cultura mostrou projetos que envolviam as três divisões culturais: Popular, de Massa e Erudita.
Após as classificações das ações, Cassiano Lima apresentou a importância da criação de um museu para a preservação cultural de uma cidade. “Não podemos esquecer que cultura é pesquisa, somos práticos, mas antes temos que ser teóricos”, disse o museólogo.

Em seguida, Lourival dos Santos, falou da importância do resgate da cultura afro-brasileira em nossa região. “Esta oportunidade de unir poder público e academia é válida para estudarmos projetos e os colocarmos em prática, fazendo a integração com a comunidade”, discursou o professor.

Grupos

Com dois grupos pré-formados, o do museu e da cultura afro-brasileira, foi aberto espaço à população, para que pudessem criar mais grupos de estudos, ações e práticas. Os presentes se manifestaram em um grupo para a disseminação da cultura do rock em Três Lagoas; este, a princípio, é o que contém o maior número de pessoas.

O ator teatral rio-pretense, que estava em Três Lagoas e participou do evento, Joaquim Nabuco, ficou encantado com a iniciativa da Prefeitura. São José do Rio Preto é um dos principais pólos da cultura no noroeste paulista, sede do Festival Internacional de Teatro (FIT), patrocinado pela Petrobrás. “Vejo Três Lagoas como uma grande caldeira cultural prestes a explodir”, disse o ator.

Ações da Secretaria de Cultura

A Secretaria de Educação e Cultura, antes da abertura do evento para a discussão da população, divulgou os projetos culturais a serem realizados por essa Administração no ano de 2009. Com o “Projeto Cultura Agora”, direcionado a atender as expectativas da comunidade na área, a cidade foi dividida e mapeada em quatro pólos, para que a disseminação cultural possa acontecer com a população a partir dos quatro anos de idade. O Projeto será realizado em centros culturais, escolas e até mesmo no Centro de Referência de Assistência Social e Educacional (CRASE), tudo levando em consideração a região e as possibilidades do local.

Alguns cursos já são implantados há algum tempo por esse Governo Municipal, como é o caso do projeto “Flauta Doce” e “Coral Infantil”, que no ano passado ficaram entre os finalistas do concurso de música natalina da Rede Globo de Televisão, junto com a Orquestra de Violeiros.

De acordo com Mário Grespan, o “Fórum Permanente da Cultura” será realizado pelo menos três vezes ao ano.

Questionado sobre a vinda de um curso superior de música na cidade, o secretário de Educação e Cultura adiantou a possibilidade da UFMS investir nesse projeto. E também, da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação de Lins (Unilins) trazer um curso de pós-graduação (especialização), nessa área, para Três Lagoas.

Para o Coordenador do Centro de Pós-graduação da Unilins na cidade, Maiko Galdino Arantes, a intenção é válida e as possibilidades serão estudadas junto com a Secretaria de Educação e Cultura. Segundo Arantes, a fundação possui vários professores ligados à música na unidade de Tatuí, São Paulo. A cidade paulista possui um dos maiores conservatórios musicais do país.

Após a apresentação da secretaria, o Fórum foi aberto à exclamação do público presente, onde dividiram-se os grupos de estudos que serão sempre acompanhados e, seguirão com o respaldo e comprometimento dessa Administração Municipal.

As ações a serem desenvolvidas pela Secretaria de Educação e Cultura nos pólos e núcleos são:

Artes Circenses
Artesanato
Bateria
Canto
Coral
Dança Folclórica – Samba de Roda
Dança de Salão
Hip Hop
Projeto Bate Lata
Teatro
Aulas de Violão

– Centro de Referência de Assistência Social e Educacional (CRASE):
Cavaquinho
Contra Baixo Elétrico
Country – BERRANTE
Desenho Artístico
Guitarra
Viola Caipira
Viola Erudita
Contrabaixo Acústico
Violoncelo
Violão
Violino

– Núcleo Central:
Orquestra de Violeiros
Orquestra de Cordas
Rock em Movimento
Coral Sons e Canções
Coral Cidade das Águas
Coral Sacro

– Núcleo Centro Cultural:
Teatro de Bonecos
Grupo de Teatro LIBERTARTE
Ponto de Difusão Digital
Cine Clube
Fotografia

-Núcleo do Jupiá:
Escultura em Pneus
Artesanato – Restauração

Grupo da Cultura Afro-brasileira

O grupo sobre a cultura afro-brasileira foi gerenciado pelo professor da História da África da UFMS, Lourival dos Santos. Entre as propostas pré-estabelecidas por eles, esteve na pauta o intuito da parceria com professores de escolas públicas, na disseminação dessa discussão, que ainda é fruto de muitos preconceitos. “Alguns professores ainda não sabem como trabalhar com esse assunto. E acontece sempre de uma criança ofender a outra, por ela ser negra. Estamos aqui para ajudar a fomentar ações”, exclamou Lourival.

O Grupo marcou o primeiro encontro para o dia seis de abril na UFMS. Neste dia irão começar o trabalho de organizações de ações. Esses encontros serão mensais, tendo como meta criar programas de capacitação para professores e unir grupos de cultura afro-brasileira.

Os integrantes começarão as ações com uma pesquisa de levantamentos dos grupos de capoeira, religião, musica e dança em Três Lagoas, com intuito de perpetuar a história. Para estes, será estendido o convite de compor o grupo.

Dia 13 de maio, está marcada a discussão com professores de escolas públicas, focando no preconceito dentro de sala de aula.

“O objetivo é: escola e universidade trabalhando juntos, afinal a disciplina História da África é obrigatória nos dois segmentos do ensino”, finalizou Lourival.

Grupo do Museu

O Museu de Três Lagoas está previsto para ser implantado onde hoje funciona a sede da Estrada de Ferro Noroeste Brasil, no centro da cidade. Teve o grupo encabeçado pelo jovem Cassiano Lima.

Estes marcaram dois encontros: um para discutir o panorama atual do museu, em Três Lagoas, no dia três de abril. O outro, no dia 24 de abril, onde será tratada a legislação sobre a implantação do Museu.

No dia oito de maio, foi marcado pelo grupo uma audiência. “Peço apenas que nenhum órgão governamental ou não, tome alguma atitude sobre o museu antes da audiência”, afirmou o representante da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul.

Preocupados com a educação patrimonial, o grupo do Museu convidou os outros dois grupos para juntos aglutinarem ações para a educação patrimonial.

“Cultura não é uma central de produção. Pesquisa é importante, por isso governo municipal e estadual andam juntos e, em parceria com a universidade”, fechou Cassiano.

Grupo do Rock

Para diversificar a cultura local, que é predominantemente caipira, principalmente no que se refere à música, um grupo de jovens, de vários seguimentos do rock, participou do fórum. Deste, saiu o maior grupo de estudo até o momento, com ações voltadas não apenas a shows, mas ao conhecimento cultural da população com relação ao rock and roll.

Representados por Mario Domingos Montalvão de Souza Junior, marcaram uma reunião neste sábado (21), às 14 horas, na Câmara Municipal, para decidir algumas ações com vereadores e a Secretaria de Cultura.

“Eventos como este Fórum favorece a juventude. As bandas de rock três-lagoenses são conhecidas nos outros estados, por isso temos capacidades de promover eventos aqui, diversificando as opções culturais”, finalizou Mario Domingos.