Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Greve dos ferroviários vira caso de polícia

ALL e sindicato registraram boletins de ocorrência um contra o outro

A greve dos ferroviários, deflagrada nesta segunda-feira (31), virou caso de polícia em Três Lagoas e Campo Grande. De acordo com o sindicalista, Adel Daher Filho, diretor executivo do Sindicato em Três Lagoas, na terça-feira (1º), a categoria registrou boletim de ocorrência de preservação de direitos contra a empresa de transporte ferroviário América Latina Logística (ALL). A ocorrência, registrada em Campo Grande, se deve a supostas ameaças feitas aos funcionários que aderiram ao movimento grevista. “O corpo gerencial está indo até a casa dos ferroviários em greve, ligando e ameaçando demissões. Isso é assédio moral”, disparou.

O sindicalista explicou que o “assédio” também estaria acontecendo em Três Lagoas. “A nossa orientação foi de que todos que estivessem no movimento grevista desligassem os celulares e não atendessem à telefones. Também conversamos diretamente com um supervisor da ALL no Município. Depois disso, as ameaças foram contidas”, explicou.

Ainda segundo Adel, a empresa estaria entrando em contato com funcionários que gozam de férias para tentar suprir a defasagem gerada pela paralisação.

Ele afirma que os funcionários chamados até o momento não aceitaram retornar ao trabalho.

Em contrapartida, a ALL também recorreu à polícia contra os ferroviários que aderiram ao movimento. Em nota oficial, a empresa informou que registrou um boletim de ocorrência contra os que aderiram à greve “em função das ameaças sofridas por colaboradores que não aderiram à greve e atos de vandalismo praticados na malha em Bauru e Campo Grande”. O boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil de Três Lagoas.

Além disso, a empresa informou que conseguiu, na 1ª vara Criminal do Trabalho de Bauru, liminar proibindo qualquer ato turbatório, que dificulte ou impeça o livre acesso de veículos ou trabalhadores à empresa e o impedimento de deslocamento de trens na região de Bauru. Em caso de descumprimento, a pena é de R$ 10 mil por dia. Ainda segundo informações da ALL, uma liminar semelhante também foi obtida na região de São Roque (SP) e, conforme a assessoria da empresa, é baseada no artigo 10 da Lei de Greve, em que afirma que o transporte de combustíveis e alimentos é essencial para o País e não pode sofrer paralisação integral.

Contudo, a empresa continua afirmando que a greve – que completa seu 5º dia – não trouxe impacto na movimentação ferroviária de cargas e a adesão permanece baixa. Segundo informações da ALL, dos 1,4 mil trabalhadores que atuam na região (São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), menos de 100 pessoas havia interrompido as atividades em função da paralisação, até a última terça-feira (1º).

A informação também é contestada pelo Sindicato dos Ferroviários. Conforme Adel Daher, adesão da greve foi de 90% dos 600 funcionários que atuam em Mato Grosso do Sul. “A porcentagem se manteve a mesma em Três Lagoas e a greve é por tempo indeterminado”, completou. No Município, existe uma média de 60 ferroviários.

O motivo do movimento grevista – que, segundo o sindicato, pode ser o maior dos últimos 15 anos – se deve a um acordo salarial, em discussão desde novembro do ano passado. Tanto a ALL, quanto o Sindicato, informaram que estão abertos a negociações. No entanto, o movimento não tem previsão para encerrar. O movimento pode prejudicar o abastecimento de combustível do Estado e exportações de graus e, mais especificamente, de celulose, em Três Lagoas.