Veículos de Comunicação

Três Lagoas

GRIPE: ?Cidade não está preparada?, afirma piloto

Aderildo Luiz da Silva Júnior é primeiro caso confirmado da doença em Três Lagoas

“A cidade não está preparada para tratar a gripe suína”. Esta foi uma das declarações do piloto de helicóptero, Aderildo Luiz da Silva Júnior, 27 anos, durante entrevista exclusiva ao Jornal do Povo. O piloto, que teve o resultado de gripe confirmado já se recupera em Três Lagoas e agradece a Deus por estar vivo.

De acordo com o jovem, o vírus Influenza A – H1N1 pode ter sido contraído em Três Lagoas ou no Rio de Janeiro. “Estás são as únicas opções. Em nenhum momento eu saí do País. Fui fazer um curso de segurança de vôo no aeroporto de Jacarepaguá. Sai de Campo Grande e meu trajeto foi Congonhas, Santos Dumont. No retorno o mesmo trajeto”.

Aderildo conta que quando chegou a Três Lagoas, no dia 15 de julho começou a sentir dores musculares, coriza e febre. Após os sintomas resolveu procurar o Hospital da Unimed. Depois de medicado ele voltou para casa. No dia seguinte, como não melhorou resolveu procurar o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. “Fui procurar o Auxiliadora por recomendação da Unimed. No primeiro dia fui medicado e voltei para casa. Como no dia seguinte não tinha melhorado, voltei ao hospital e fui internado. Lá eles disseram que era dengue, e estavam tratando como tal. Como não melhorava, resolvi conversar com o meu pai e decidimos ir para São José do Rio Preto”.

O piloto lembra que em nenhum momento pensou que pudesse ter contraído o vírus da gripe suína. “Eu não queria que fosse isso, nem pensei nessa possibilidade. Nem os médicos daqui. Em nenhum momento a Secretaria de Saúde me procurou. Ninguém se manifestou. Não acredito que estejam preparados para lidar com a gripe, pois não conseguiram diagnosticar o que eu tinha. Em Três Lagoas há uma equipe de médicos muito boa, mas ainda há limitações. Quando percebi que aqui não evoluiria, resolvi procurar outro centro. Eu queria viver”, ressalta.

Depois de dois dias internado no hospital da cidade, Aderildo lembra que no dia 21 de julho percebeu que o quadro não havia melhorado, a febre passava dos 38º e decidiu ir para São José do Rio Preto, com o apoio da família. “Aqui eles não fizeram nenhum tipo de exame. Falaram que era dengue e em nenhum momento suspeitaram da gripe. Como tivemos apoio da Fátima Montanha e do doutor João Ricardo para irmos a Rio Preto, decidimos assinar o termo por conta e risco. Em nenhum momento os médicos daqui me aconselharam a ficar. A Secretária de Saúde também não me procurou após esta decisão”.

Ele conta que quando chegou ao Hospital de Base de São José do Rio Preto, uma equipe médica e a Secretaria de Saúde da Cidade já estavam à sua espera. “Quando cheguei o tratamento foi outro. Eles já fizeram pesquisa, a Secretaria de Saúde cuidou e se preocupou com a minha família, coisa que não fizeram aqui. Fiquei nove dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). No primeiro dia fizeram a coleta da secreção e como eles já suspeitavam da gripe, começaram a tratar como tal. Tive acompanhamento médico o tempo todo. A Secretaria de Saúde daqui deveria se espelhar na de lá”.

Aderildo lembrou ainda que um dos momentos mais difíceis enquanto estava internado foi saber que a mídia divulgou que ele teria contraído a gripe na Bolívia. “Eu já não estava em uma situação boa e o que me deixou mais constrangido foi ler que eu contraí a gripe na Bolívia. Eu não saí do país. Ou peguei aqui, ou peguei no Rio. De onde tiraram isso?”.

Durante a entrevista Aderildo se preocupou em enfatizar as medidas simples que podem evitar a contaminação. “Até o Hospital de São José do Rio Preto me aconselhou a divulgar algumas medidas, pois o contagio não é só pelo ar. O ideal é sempre lavar as mãos e evitar o contato com os olhos, boca. É importante não deixar de tomar esta atitude simples”, lembra.

O resultado do exame que confirmou a gripe no piloto saiu depois de cinco dias de internação. “Quando fiquei sabendo que o resultado era positivo tive apoio dos médicos. Eles sempre estiveram presentes. E o que também me tranquilizava era saber que a Secretaria de Saúde estava em contato com a minha família”.

No momento Aderildo se recupera e a indicação é repouso. “Como tomei medicamentos muitos fortes ainda continuo com alguns comprimidos. Daqui a 10 dias tenho retorno. Mas já estou bem”.