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Três Lagoas

Intercâmbio cultural: Valorizando a vida profissional

O planejamento de uma viagem é demorada. É preciso ter paciência e ser comprometido com o objetivo

O intercâmbio cultural traz o diferencial à vida pessoal e profissional de quem opta por essa experiência. Maturidade, independência e adaptabilidade são apontadas como benefícios alcançados. Essa oportunidade normalmente é oferecida por meio de entidades como Lions, o Rotary e até mesmo empresas particulares.
Muitos interessados  passam meses planejando a viagem dos seus sonhos, elas escolhem o destino, pesquisam sobre o país e ficam imaginando como será a vida por lá. Mas, planejamento não foi bem o que fez Bianca de Moraes, 21 anos. Ela escolheu a Flórida para uma experiência de cinco meses.  Morou em Ohio, Miami e Nova York. Além de passear, a estudante de Direito também trabalhou e conta como foi passar uma temporada longe do Brasil.
A ideia inicial começou ao ver as amigas passando pela experiência. “Eu sempre tive essa ideia. Adoro viajar, conhecer lugares e resolvi ‘me jogar’. Foi tudo muito rápido, comecei a planejar em agosto e embarquei em novembro. Sinceramente, eu não imaginava que conseguiria me manter sozinha, mas a experiência valeu e foi incrível”, enfatiza.
 Formada há sete anos no curso de inglês, Bianca não tinha fluência na língua, mas sempre que surgia uma oportunidade conversava com a irmã, tradutora e intérprete. Ela explica que os passos são muitos para conseguir todos os documentos necessários para sair do país. “Os EUA querem uma prova de que você estuda e que não pretende ficar lá, é como se fosse uma garantia. Quando comecei minha corrida, primeiro fui atrás da papelada da faculdade, depois do passaporte e do visto. A agência que fez o intercâmbio ficou incumbida de conseguir o trabalho”.
A estudante escolheu essa modalidade justamente por estar na faculdade. “Como estou cursando Direito eu não queria ficar um ano. A faculdade é minha prioridade. Claro que quando cheguei lá mudei de ideia e pensei em abandonar tudo, mas lembrei do meu objetivo”.

SURPRESAS

Toda viagem, seja ela planejada ou não, pode conter surpresas. O que aconteceu com Bianca logo na primeira semana foi um pequeno susto. Logo que desembarcou em Ohio descobriu que não tinha um emprego esperando por ela. “Quando cheguei em Ohio fiquei sabendo que o hotel onde eu ia trabalhar faliu. Foi mais uma vítima da crise e eu fiquei sem fazer nada, enquanto a agência procurava outro lugar. Lá gastei bem menos, não saia muito. Quando fui para Miami e Nova York vi a grande diferença dos custos. O que encontrei, diferente do Brasil, é que eles prezam pelo conforto e pela boa alimentação. Gastei muito dinheiro em passeios e nos restaurantes, eu adoro restaurantes”.
Depois da surpresa de não ter o emprego, Bianca foi remanejada para uma empresa onde trabalhou como segurança, ela também foi recepcionista, passou pelo mac donalds e Vitória Secrets. “Se eu não tivesse gastado tanto em passeios, cobriria o que gastei e ainda sobraria dinheiro. Lá ganhei muito, mas também gastei muito. Trabalhei como housekeeper (camareira) e até subi de cargo”, brinca a jovem que diz que foi promovida de segurança de condomínio à recepcionista da empresa.
“Eu aprendi que na vida somos nós por nós mesmos e que a família é tudo. Houve um momento em que eu pensei em pegar o avião e abandonar tudo”.

DIFERENCIAL

A psicóloga, Danielle Capelari Tavares, diz que a dificuldade para obter um emprego certamente é maior em momentos de recesso econômico, tornando assim a competição bem mais acirrada. É justamente em momentos como estes que o profissional que realiza um programa de intercâmbio se destaca no mercado de trabalho. “É um diferencial. Com o mercado cada vez mais competitivo, quanto mais desafios os jovem vencem, mais fácil é conseguir um espaço. Vale lembrar que quando falamos sobre intercâmbio não nos referimos a uma viagem para a Disney, nem viagem de passeio. Só é realmente válido quando o intuito é trabalhar e estudar”, explica a psicóloga.
A maioria das empresas leva em consideração uma experiência no exterior durante o processo de seleção para uma vaga. Danielle enfatiza que com os desafios os jovens crescem e ganham vantagem sobre os demais.  “A experiência de viver em outro país proporciona ao profissional conhecer hábitos diferentes, abrindo uma nova perspectiva, com isso o intercambista precisa se adaptar a um novo ambiente, enfrentar desafios e crescer, como pessoa e profissional. Não é apenas uma nova língua com isso a pessoa ganha flexibilidade e uma facilidade maior na hora de se adaptar à outras empresas”.
A procura por esse tipo de intercâmbio na Cidade ainda é baixo. As agências de viagens que oferecem esse tipo de serviço dizem que as pessoas procuram, fazem orçamento, mas muitos não levam adiante. A maioria ainda procura por passeios e não intercâmbio de estudo ou trabalho.
 

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