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Três Lagoas

Jovem Aprendiz capacita adolescentes para o trabalho

Desde 2002, projeto já foi responsável pela inclusão de mais de 400 jovens no mercado

Mais 60 adolescentes na faixa etária de 16 a 19 anos estão qualificados para ingressar no mercado de trabalho, em Três Lagoas. Na noite da última sexta-feira (29), o Grupo Assistencial Espírita A Candeia, responsável pelo projeto Jovem Aprendiz, realizou a formatura e entrega dos certificados dos alunos de dois cursos: Praticas de Secretariado e Monitor Ambiental.

A solenidade contou com a presença de pais e amigos dos formandos e representantes das instituições parceiras do projeto: Instituto Votorantim e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Conforme a coordenadora do projeto, Vilma Portela, os dois cursos – com 30 vagas cada – tiveram início há dois meses, mas devem ser apenas a primeira etapa  do projeto neste ano.

“Esta série de capacitações teve início no ano passado, quando a Fibria (antiga VCP) nos solicitou um projeto assistencial. No mesmo ano, capacitamos cerca de 163 jovens, em cinco áreas diferentes. A meta é a mesma para este ano”, disse.

Ainda no calendário do A Candeia está prevista a realização de mais três cursos. O primeiro deles começa ainda neste mês – dias 12,13 e 14 – sobre Logística e Auxiliar Administrativo e Práticas Contábeis.

“Os cursos são resultado de uma pesquisa. Analisamos quais eram as necessidades do mercado de trabalho de Três Lagoas. Para, com isto, aumentar as chances de inserção do jovem no mercado de trabalho, já capacitado”.

Vilma explica que a qualificação do jovem aprendiz vai além do “saber fazer”: capacitados, estes jovens se sentem mais preparados e com a auto estima mais elevada para buscar uma chance.

Este foi o caso da jovem Josilene Bernardes Muniz, 18 anos. Ela concluiu o curso de Monitor Ambiental e foi nomeada oradora da turma. “Aprendi muita coisa. O projeto [Jovem Aprendiz] traz grandes oportunidades, e temos que agarrar”, disse.

Josinele está ligada ao projeto há quase dois anos. Por um ano, ela trabalhou na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). “Fiquei de maio do ano passado a maio deste ano, período pré-estabelecido no contrato, mas sinto que valeu a pena. Lá, também aprendi muita coisa e é uma forma de ingressar no mercado de trabalho já qualificada”, disse.

Vilma comenta a mudança de comportamento dos jovens que frequentam o projeto. “Quando o jovem é qualificado, ele começa a ter outra visão do mundo. Passam a se dedicar mais aos estudos e a pensar em metas. Ocupação que os salva da violência, por exemplo”, completou.

A coordenadora explica que, pela falta de lazer, boa parte dos jovens fica ociosa e em situação de risco: “O que não falta são pessoas para adotá-los no mundo do crime. E hoje, podemos dizer que se não estamos ganhando esta briga, ao menos estamos empatados”.

Em sete anos de existência, o projeto Jovem Aprendiz já inseriu mais de 400 adolescentes no mercado de trabalho. Deste total, apenas dois acabaram se desviando do caminho. Outro fator enaltecido por Vilma é que o trabalho desenvolvido pelos adolescentes é totalmente amparado pelas leis trabalhistas. “Eles [jovens] possuem todos os direitos reservados pela Lei. Ao contrário de muitos casos que vemos por aí, onde adolescentes e crianças trabalham até 8 horas por dia, em serviços pesados, para ganhar R$ 200. Isto, apenas para reforçar, é crime: é exploração do trabalho infantil”, disse.

2009

Neste ano, o projeto Jovem Aprendiz acompanha 40 adolescentes já inseridos no mercado. Os jovens fazem parte do Jovem Aprendiz I, cuja carga horária é de 800 horas na empresa (meio período) e 500 horas de teoria. Já no Jovem Aprendiz II, em que se enquadram as qualificações, são 160 horas/aulas.

O projeto conta com 12 empresas parceiras – responsáveis pela contratação destes adolescentes -, número inferior à realidade da Cidade, como explica Vilma: “Algumas empresas ainda não acordaram para a importância de dar uma chance a esses jovens na formalidade”, desabafa.

As inscrições para as novas etapas da qualificação serão abertas a partir desta semana. O processo seletivo não é fácil. Na primeira etapa de qualificação deste ano, o Candeia registrou mais de 200 inscrições. Destas, 176 atenderam os pré-requisitos e apenas 60 conseguiram entrar. No entanto, depois de qualificados as chances de ingressar no mercado de trabalho são de até 70% por meio do projeto.