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Três Lagoas

Leishmaniose recua, mas ainda faz vítimas

Crianças são as principais vítimas da doença, foram seis casos registrados neste ano

Embora o número de casos confirmados de leishmaniose tenha reduzido em Três Lagoas, o índice de mortes em relação ao ano passado permanece o mesmo. De acordo com o boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, no ano passado, foram registrados 48 casos de leishmaniose e três mortes em decorrência da doença.

Já neste ano, até esta segunda-feira (13), foram 16 casos confirmados e três mortes. O índice corresponde a uma redução de 33.33%, mas, segundo a diretora do Departamento de Vigilância e Saneamento, Maria Angelina Zuque, “não é hora para se acomodar”. “A redução do número de casos é para se comemorar e a população também colaborou para isto, porém não quer dizer que esta já pode se acomodar. A nossa maior preocupação é com o fato de que as pessoas, ao verem esta redução no número de casos, deixem de tomar as medidas básicas para o controle da doença, e a leishmaniose retorne”, disse.

Maria Angelina informou que os cuidados para combater a leishmaniose são quase os mesmos utilizados no combate à dengue: manter quintais e terrenos limpos; evitar objetos que possam acumular água; retirar folhas e frutas em decomposição (principalmente neste período, comum para o amadurecimento de mangas), manter calhas e telhados limpos e desobstruídos, entre outros. “E principalmente, atender o agente de saúde para borrifação. Hoje, estamos enfrentando um problema sério com o número de casas fechadas para locação. Neste caso, se faz necessário que o proprietário agende um horário e abra a casa para o agente”, completou Maria Angélica.

EXTREMOS

A diretora explicou que a leishmaniose atinge mais os extremos da população: crianças e idosos. Segundo o boletim epidemiológico, neste ano foram registrados seis casos em crianças com menos de cinco anos – dois deles eram bebes com menos de um ano de idade. No mesmo período, uma criança entre cinco e nove anos de idade e um adolescente na faixa etária de 15 a 19 anos também contraíram a doença. Os outros seis casos foram registrados em pessoas com mais de 30 anos, “sendo a maior parte deles idosos”, como completou Maria Angelina.

Foram os idosos também as maiores vítimas fatais da doença. Nos últimos três anos, sete idosos morreram por conta da leishmaniose em Três Lagoas, sendo quatro deles com mais de 70 anos. Entre as vítimas deste ano, uma estava na faixa etária entre 50 e 60 anos e os outros dois entre 70 e 80 anos.
Na questão territorial, a doença se mostra bastante disseminada. Segundo Maria Angelina, não existe um bairro ou região específica em que são registrados os casos, o protozoário está espalhado por toda a Cidade.

A LEISHMANIOSE

Três Lagoas é considerada uma cidade endêmica desde 2002. Naquele ano, houve a explosão da doença no Município: 118 casos confirmados e seis mortes. Depois daquele ano, 2007 registrou o menor índice 24 casos e apenas uma morte. A leishmaniose visceral (LV) é uma doença crônica grave e atinge uma média de 3,1 mil brasileiros por ano. Com uma letalidade de 10% (caso não tratada adequadamente), a estimativa é que a doença mate, ao ano, uma média de 300 pessoas no Brasil. De 1990 até 2007, o Ministério da Saúde registrou 53.480 casos e 1.750 mortes.

A LV é causada pelo protozoário leishmania chagasi, que ataca, principalmente, baço, fígado e medula óssea. Atualmente, o protozoário, transportado pelo mosquito conhecido como mosquito-palha, se faz presente em 20, dos 26 estados brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, os primeiros casos foram diagnosticado no final dos anos 90.