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Mais da metade dos adolescentes da Unei participaram de rebelião

Embora não seja causa principal, superlotação ajuda a piorar a situação na unidade

Dezesseis adolescentes, dos 22 que cumprem medidas socioeducativas na Unidade Educacional de Internação (Unei) “Tia Aurora”, tiveram participação direta ou indireta na rebelião registrada na noite desta segunda-feira, dia 26.

De acordo com o diretor da instituição, João Batista Pinheiro, a rebelião, que teve início por volta das 20h, teve duração de uma hora e meia. Ao contrário do divulgado inicialmente,  o diretor explicou que o motivo não seria uma briga entre internos, mas sim a resistência deles a seguirem as normas da instituição, neste caso, a questão do silêncio. “Temos algumas normas a serem cumpridas e os adolescentes não quiseram obedecer algumas delas, como a questão do silêncio. Não houve briga, houve descumprimento das normas”.

O motim foi iniciado no alojamento 1, onde estavam seis adolescentes. Logo em seguida, tomou conta de todos os alojamentos da unidade. Na maioria dos casos, os adolescentes quebraram ventiladores, televisores e outros produtos que estavam nos alojamentos. Um princípio de incêndio foi registrado, mas, de acordo com o diretor, foi rapidamente controlado pelo Corpo de Bombeiros, que deu suporte à operação.

O motim mobilizou toda a equipe da Unei de Três Lagoas – agentes de plantão foram chamados para a emergência -; policiais militares, entre eles integrantes da Ronda Ostensiva Tática do Interior (Rotai) e Grupo Especializado Tático de Motos (Getam), e a equipe de resgate do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu).

Um adolescente teve que ser socorrido e encaminhado ao Hospital Auxiliadora devido a uma intoxicação por fumaça. “Esse adolescente já tinha problemas respiratórios, por isso foi levado para receber atendimento médico. Mas não registramos incidentes graves. Graças a Deus nenhum adolescente ou agente ficou ferido”.

LOTAÇÃO

Embora não tenha sido a causa principal da rebelião, a questão da superlotação da unidade agrava ainda mais a situação. Atualmente, a unidade abriga 22 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas ou aguardando decisão judicial. A capacidade da unidade, em contrapartida, é para 12 somente 12 adolescentes.

Desde junho de 2011, a Unidade Educacional de Internação foi parcialmente interditada pela Justiça Estadual devido às condições precárias apresentadas pelo prédio atual. Desde então, a Justiça estipulou um limite máximo de adolescentes internados.

A expectativa era de que a situação fosse normalizada com a construção da nova sede da Unei. Entretanto, a unidade, cujas obras foram inauguradas oficialmente no dia 17 de dezembro do ano passado, continua fechada por falta de pessoal. De acordo com o diretor, a Unei aguarda a realização de concurso público para contratação de mais profissionais para atender na unidade. A quantidade de agentes existentes hoje não é suficiente para atender a capacidade de 70 internos.

&saibaOrçada em mais de R$ 7 milhões, a nova Unei foi construída no bairro Jardim Imperial, às margens da BR-262, através de uma parceria entre os governos estadual e federal. A unidade foi projetada para ser a maior do Estado e uma das maiores do país.

Enquanto o novo prédio não é inaugurado, o diretor adiantou que possivelmente haverá transferências – o número de adolescentes ainda não foi divulgado. Pela manhã de hoje, a direção da Unei trabalhava fechando o caso. Entre as ações, estava a de contabilizar o prejuízo. Entre eles, foram detectados três televisores danificados, quatro ventiladores de mesa (trazidos pelos internos) e três ventiladores de teto, instalados pela Unei. “Além disso, objetos dos próximos internos foram quebrados no motim”.