Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Menos de 8% da população carcerária frequenta aulas

Em Três Lagoas, nenhuma unidade penal proporciona atividades em sala de aula

Dados do Setor de Educação da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) apontam para uma realidade distante do principal objetivo das unidades penais: a ressocialização dos presos. Hoje, apenas 646 internos que cumprem pena em Mato Grosso do Sul frequentam as salas de aula. O número corresponde a menos de 8% da população carcerária existente no estado.


De acordo com a Agepen, o ensino formal é oferecido em 17 unidades penais. Em Campo Grande, as aulas acontecem em três presídios: Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, Instituto Penal de Campo Grande e Estabelecimento Penal Feminino Irmã Zorzi.

As aulas acontecem no sistema EJA (Educação de Jovens e Adultos) e os internos, assim como qualquer outro aluno, têm que cumprir carga horária e passa por avaliações de conhecimento, além da realização individual e em grupo de trabalhos em sala de aula.


Já em Três Lagoas, a realidade é bem diferente. Nenhuma das três unidades penais existentes no Município proporciona o acesso à educação aos internos. Os motivos variam de interdição (no caso do presídio feminino e Semi Aberto) à falta de estrutura física e humana, como acontece na Penitenciária de Segurança Média.

As aulas no presídio masculino – que abriga mais de 500 presos –  estavam suspensas há algum tempo e a situação apenas se agravou após a rebelião ocorrida no começo deste ano.

CONFERÊNCIA

Por conta destes, e outros motivos, acontece nesta quarta-feira (1º), a 1ª Conferência Municipal sobre Educação nas Prisões de Mato Grosso do Sul. O evento será realizado na Faculdade Aems e deverá reunir representantes da Agepen e do sistema penitenciário local.


O objetivo da conferencia, que contará com um ciclo de palestras, é discutir a realidade da educação nas unidades penais do Município e apresentar soluções para o fortalecimento das ações educacionais do Sistema.


Entre os palestras previstas na programação estão: “Apresentação do trabalho desenvolvido pelo GT pela educação nas prisões e sobre a dinâmica do evento” (oficial Jehu Vieira Serrado Junior); “Educação no Contexto Prisional: Tragetória e Concretudes” (Ivone Azevedo, chefe da Divisão de Educação da Agepen); “Educação segundo a Lei de Execução Penal” (Alceu Conterato Junior, defensor público) e “A educação como política de inclusão social” (Ana Lucia Espíndola).

O objetivo, segundo a Agepen, é que os participantes deixem o evento com uma carta de intenções formulada, votada e aprovada. 

Para o diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, a educação é uma das armas do sistema prisional na busca pela ressocialização. “Porém, uma das lutas da instituição, juntamente com a Escola Regina Betine, é conseguir atrair um maior número de internos do regime fechado para a escola”, diz.