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Milho: o herói renegado

Leia o artigo da Flávia de Souza, Sommelière de cervejas, na edição do Jornal do Povo, deste sábado (22)

Leia o artigo da Flávia de Souza, Sommelière de cervejas, na edição do Jornal do Povo, deste sábado (22). - Divulgação
Leia o artigo da Flávia de Souza, Sommelière de cervejas, na edição do Jornal do Povo, deste sábado (22). - Divulgação

Milho, milho, milho, carocinho amarelinho, nasceu na América Central…Milho, milho, milho, carocinho genial, voou e virou internacional…”Até Hélio Ziskindi, compositor e musicista, autor dessas estrofes fofas que você acabou de ler, sabe da importância do milho em nosso planeta.Você deve tá se perguntando: Que troço é esse? Vai falar de milho agora? Páaaaara tudo que a Flávia foi comprada por0alguma distribuidora grande de bebidas! 

Kkkkkk. Nada disso. Chega mais que eu vou te contar uma história: Era uma vez em 1920 atéee … 1930…, o auge dos anos dourados de um rapaizinho travesso de 21 anos chamado de Alphonse Gabriel Capone. É… nosso velho e conhecido Al Capone deu muito olé nas autoridades estadunidenses, chegando a faturar 100 milhões de dólares em um único ano durante a Lei Seca Americana.

Pois bem. Nosso milho começa a ser glorificado justamente aí, durante a Lei Seca – lei que proibia a fabricação e a comercialização de qualquer tipo de bebida alcóolica.  E eu vou te contar uma coisa: tempos difíceis, hein. Mano do céu… muita violência, muito contrabando, gangues e máfias, corrupção e mortes matadas, e mortes morridas também por envenenamento por causa dos Moonshines: produção de uísque e cervejas caseiras, de forma clandestina, nas madrugadas, à luz da lua, o que resultava em contaminação devido às más condições do processo de fabricação.

E sem falar da Grande Depressão, né, em 1929. Pelamorrr…Então, junta tudo isso num pacote só e imagine como era empreender nos Estados Unidos naquela época. Muitas cervejarias e destilarias fecharam as portas. Algumas poucas se reinventaram e passaram a fabricar refri ou cervejas sem álcool. Poxa… tô sentindo que a sua vibração caiu aí, né. Também, depois de ler tantos fatos deprimentes, até eu fiquei meio cabisbaixa escrevendo agora. Mas segura firme aí. Vem comigo que vai melhorar porque aquele carocinho amarelinho era igual ao Chapolin Colorado que defendia as cervejarias e destilarias que estavam em seus últimos suspiros!

Após o fim da Lei Seca em 1933, o governo que teve altos custos para fiscalizar e aplicar a Lei Seca, tinha que recuperar o tempo perdido da não arrecadação de impostos nas bebidas alcóolicas, então decretou um valor máximo – que era bem baixo – pra venda de cervejas. De um lado, as cervejarias que precisavam de um ingrediente já conhecido, de cultivo fácil, rápido e barato para aumentar a produção. De outro, o governo tentando fazer a economia girar. E agora? Quem poderá nos ajudar?

Eu! O Carocinho Amarelado! Hoje em dia, as cervejas brasileiras que mais circulam no comércio são descendentes dessa influência do consumo nos Estados Unidos: são produtos leves, de baixo teor alcoólico, e de ingredientes mais baratos. Portanto, um brinde neste dia 23 de abril – dia da Lei da Pureza Alemã – a esse herói renegado!

*Flávia de Souza, Sommelière de cervejas.