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Três Lagoas

O dia em que o jazz e a MPB invadiu a ?terra sertaneja?

A Big Band Tom Jobim mudou a rotina de muitos trêslagoenses acostumados com shows de música sertaneja

Saxofones, trombones, trompetes, guitarra elétrica, contrabaixo elétrico, bateria e teclado – tais instrumentos deram o tom da entrada triunfal da Big Band Tom Jobim em Três Lagoas.

O show de musicalidade e bom tom ocorreu gratuitamente na noite do último sábado no anfiteatro da Universidade Federal de Três Lagoas (UFMS). Certamente esse foi um dos dias em que o jazz e a Música Popular Brasileira (MPB) invadiu a terra dominada pela música sertaneja.

A orquestra não foi nada tradicional, geralmente as cortinas se abrem e todos os músicos já estão a postos, prontos para seguirem as instruções do maestro e a apresentação é na maioria das vezes estática. O movimento dos músicos se limitam para dar vida aos instrumentos.

A emoção do público presente foi sentida quando os músicos entraram dançando e tocando seus instrumentos pelo meio do público até chegarem em seu devido lugar – o palco. No “santuário” de todo artista, todos os músicos aplaudiram o público. Geralmente ocorre o contrário. O ato também surpreendeu os presentes.

Com 17 integrantes regidos pelo maestro Roberto Sion que já viajou o mundo como músico de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, o show foi marcado pelo entusiasmo de seu regente e dos jovens músicos.

O público já sentiu o talento da orquestra em sua entrada, já a postos eles abriram o show que durou quase duas horas com a música “Moonlight Serenade” de Gleen Miller. Outros artistas internacionais foram interpretados pela Big Band, no entanto a sensação foi quando a orquestra tocou músicas de compositores nacionais. Fizeram parte do show “Só Xote” de Nelson Ayres, “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso, “Sambop” de Durval Ferreira, “Amor até o fim” de Gilberto Gil e, claro, “Ana Luiza e Frevo do Orfeu” do mestre Tom Jobim.

ORQUESTRA JOVEM TOM JOBIM

A Tom Jobim – Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) forma jovens com idade entre 13 e 25 anos. O objetivo da Orquestra Jovem Tom Jobim é o resgate de obras tradicionais de grandes compositores brasileiros, a pesquisa e a experimentação musical. Sua formação sinfônica (cordas, madeiras e metais), somada à sessão rítmica (contrabaixo elétrico, guitarra, bateria e percussão), faz dela um corpo musical sui-generis que amplia consideravelmente as fronteiras da música.

A Orquestra estreou no 31º Festival de Inverno de Campos do Jordão. Já se apresentou com artistas de diferentes estilos da MPB, como: Elza Soares, Paula Lima, Chico Pinheiro, Quinteto em Branco e Preto, Germano Mathias, Dominguinhos, Claudette Soares, Alaíde Costa, Johnny Alf, Nelson Ayres, Heraldo do Monte, Arismar do Espírito Santo, Maurício Einhorn, Arrigo Barnabé e Zimbo Trio.

“BENDITO O FRUTO ENTRE OS HOMENS”

Taís Cavalcanti, 21 anos, é a única mulher que compõe o quadro de músicos de parte da orquestra que esteve em Três Lagoas. Sua presença é destaque em meio aos rapazes. No entanto a competência é a mesma quando ela toca o saxofone.

”Gosto e ser a única mulher da orquestra, me sinto protegida e privilegiada por fazer parte de um grupo com tantos talentos”, afirmou.

PARCEIRO DE VINÍCIUS E JOBIM

O maestro Roberto Sion tem 62 anos de idade e 57 anos de músico. Ele mesmo afirma que começou a se integrar na música aos cinco anos de idade. Roberto já rodou o mundo durante cinco anos ao lado de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, fazendo parte da banda. Começou como musicista tocando piano, em seguida se animou a tocar instrumentos de sopros. Tais paixões despertou uma outra paixão, o jazz.

“O jazz é uma música aberta e marcada pela força do improviso, sem partituras. Iniciada nos salões de bailes americanos nos anos 30, com o passar dos anos o gênero foi ganhando um toque mais refinado. Com a nossa Bossa Nova o Jazz se encontrou nos anos 60, marcando carreira de grandes compositores de nosso país”, destacou Sion.

Além de pianista, saxofonista, flautista e clarinetista, Roberto é reconhecido pelo trabalho de compositor, arranjador, maestro e professor. Foi vanguardista na utilização sinfônica de elementos do jazz e da música brasileira, em um estilo que se tornou sua marca registrada. Estudou na Berklee School of Music e se aperfeiçoou no saxofone com Joseph Viola, Ryo Noda, Lee Konitz e Joe Allard.

Desenvolveu e aprimorou a carreira de compositor e arranjador e estudou análise e composição com Damiano Cozzella, Olivier Toni, Willy C. de Oliveira e H. J. Koellreutter. Músico atuante desde os 11 anos, Roberto Sion tem em seu currículo sete álbuns e apresentações como solista em vários países da Europa, Estados Unidos, Japão e Israel. Desde 1998, atua na Tom Jobim EMESP como professor de Prática de Big Band e, mais recentemente, como regente titular da Orquestra Jovem Tom Jobim.

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