Uma alimentação saudável a base de comida orgânica, zero gordura trans, baixa quantidade de açúcar, sódio e sem glúten podem significar uma vida mais leve e somente com benefícios. Ao contrário do que pode parecer, os exageros de uma dieta e a obsessão por alimentos saudáveis podem desencadear o que alguns especialistas da saúde chamam de ortorexia.
Bulimia e anorexia são alguns dos distúrbios mais comuns entre as pessoas que cultuam o próprio corpo e estão sempre em busca de menos peso e redução de medidas. O vômito forçado caracteriza o primeiro exemplo de distúrbio alimentar e o jejum por longas horas está presente na anorexia. Já a ortorexia envolve a obsessão das pessoas em consumirem apenas alimentos taxados como saudáveis daí o problema: eliminar do cardápio determinados alimentos e temperos.
A busca excessiva pela alimentação saudável faz com que a pessoa deixe de consumir determinados alimentos que são fontes de proteínas, gorduras boas e de carboidratos. A falta de algumas substâncias no organismo pode prejudicar o funcionamento de alguns órgãos, explica a nutricionista Jaqueline Rocha.
Além de a segmentação alimentar feita pelo paciente, outro sintoma da doença é o isolamento social, de acordo com o criador do nome do distúrbio, o médico estadunidense Steven Bratman, autor do livro “Health Food Junkies”. Para o especialista, o paciente escolhe aceita ir a determinados eventos dependendo da comida que será servida, afinal ele passa a maior parte do tempo pensando e pesquisando sobre alimentos saudáveis.
A doença é ainda muito recente e por isso ainda não foi reconhecida como diagnóstico manual de psiquiatria, mas já é estudada por profissionais da área da saúde, como é o caso de Bratman.
A três-lagoense Monique Silva, de 24 anos, não se considera uma ortoréxica, mas admite “olho a embalagem de todos os alimentos antes de comprar e sempre escolho o que aparenta ser mais saudável”. Na geladeira da jovem sempre é possível encontrar iogurte sem glúten, margarina light e no armário, biscoitos e pães integrais, adoçante, barras de cereais e achocolatado light. “Vivo de dieta e sempre querendo emagrecer mais. Não deixo de sair com meus amigos por causa de comida, mas sempre tento me segurar ao máximo para não ficar com a consciência pesada depois”, relata.
A psicóloga Fabiana Nunes alerta. “Todos os exageros são negativos e devem ser tratados. O culto ao corpo é mais um e está presente há anos em nossa sociedade, especialmente entre as mulheres. Buscar o equilíbrio mental e físico é o primeiro passo, seja com terapias ou com tratamento psicológico”, aponta.
