Padre celebra 60 anos de ordenação

Dois motivos levaram a comunidade católica a se reunir em torno da celebração de missa solene, na noite de ontem (8), na Catedral Sagrado Coração de Jesus, no dia da festa de Nossa Senhora, Imaculada Conceição.

O primeiro foi lembrar os 85 anos da chegada e presença da Missão Salesiana Dom Bosco, em Três Lagoas, quando os padres assumiram a Paróquia Santo Antônio, padroeiro da Cidade, em 1924, nove anos após sua emancipação política e administrativa, ocorrida em 15 de junho de 1915.

O segundo motivo deste grande acontecimento da Comunidade Salesiana foi a celebração dos 60 anos de ordenação sacerdotal do padre Silvio Sartori, prestes a completar 90 anos de idade, nascido na cidade de Arzignano, na província de Vicenza, Itália.

Com apenas 17 anos de idade, padre Sílvio veio para o Brasil, em 1937. Em 28 de janeiro de 1939 entrou oficialmente na Congregação Religiosa dos Padres Salesianos de Dom Bosco, em Cuiabá (MT), após um período de quase dois anos de noviciado.

Concluídos os estudos de Filosofia e Teologia, foi ordenado sacerdote no dia 8 de dezembro de 1949, pelo cardeal arcebispo de São Paulo, dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, na histórica igreja de Santa Efigênia, no centro da capital paulista.

Por problemas de saúde, padre Sílvio precisou passar por sério e intenso tratamento contra a tuberculose, por dois anos, em São José dos Campos, antes de ir trabalhar na Missão Salesiana Dom Bosco, em Sangradouro (MT), com os índios bororós, em 1951.

“Tive muitas alegrias e recebi muitas bênçãos e graças de Deus, no decorrer da minha vida. Também passei por situações difíceis, mas Deus me ajudou a superar graves problemas de saúde”, comentou padre Silvio. Ele contou que, no tratamento contra a tuberculose, em apenas 50 dias, chegou a tomar mais de 30 injeções, “que naquele tempo, eram bastante doloridas, comparadas com as de hoje”, observou.

Nos 60 anos de vida de sacerdote salesiano, padre Sílvio contou que um dos períodos que mais lembra foi o tempo em que trabalhou no seminário dos padres salesianos, em Cuiabá (MT), onde permaneceu por 15 anos. “Tive a oportunidade de conviver com Dom Aquino Corrêa, até 1960. Ele residia com a gente no seminário”, contou.

“Um dia, quando consertava um chuveiro elétrico do dom Aquino, ele me falou que eu daria um bom construtor”, lembrou. Essa previsão de Dom Aquino acabou se concretizando e padre Sílvio foi transferido para Lins (SP), onde ficou por seis anos como administrador e construtor.

Depois, voltou a trabalhar com os índios bororós e xavantes e no pré-seminário da missão Salesiana em Coxipó da Ponte (MT). “Lá fui professor de canto orfeônico e diretor da banda do seminário”, contou.

Apesar dos problemas de saúde, que acabaram comprometendo um dos pulmões, padre Silvio é exemplo de alegria e forte energia, comuns em pessoas que sentem a alegria de haver cumprido a missão que Deus lhe incumbiu de realizar. Na música, ele aprendeu e domina os seguintes instrumentos, “que muito me serviram para ensinar música”: bandolim, saxofone, acordeom, contra-baixo (metal sopro) e outros.

MISSÃO SALESIANA

Quando os padres da Missão Salesiana Dom Bosco chegaram a Três Lagoas, já existia a Igreja Santo Antônio, construída por Antônio Trajano dos Santos, em 1915. Logo que chegaram, assumiram a direção da Paróquia Santo Antônio, desmembrada da Paróquia de Santana do Paranaíba.

De início, os padres, além de todas as antigas igrejas da Cidade, prestavam assistência religiosa também nas hoje cidades de Brasilândia, Selvíria, Água Clara e Inocência.

Infelizmente, existem poucos registros da história inicial da presença dos padres salesianos em Três Lagoas. Os registros começam na década de 50, a partir da chegada dos padres João Thomes (falecido) e Jair Gonçalves, hoje trabalhando em Araçatuba (SP). O antigo Patronato Bom Jesus, hoje Colégio Dom Bosco, reaberto em 2008, data do ano de 1956.

Os dois padres são lembrados ainda hoje pela comunidade católica de Três Lagoas, ao lado de outros nomes, como o dos padres: Blázio Schimidt, Ariento Domenici, José Foralosso, hoje bispo em Marabá (PA), Humberto Angeloni, Eduardo Ambrósio, Valério Utel e, mais recentemente, o saudoso padre Angel Sanchez.

Atualmente, a Missão Salesiana Dom Bosco tem como superior e pároco da Paróquia Santo Antônio, o padre Elias Roberto, que acumula também as funções de diretor do Colégio Dom Bosco.

Além das atividades pastorais do Centro Diocesano Dom Bosco, Paróquia Santo Antônio e a Catedral Sagrado Coração de Jesus, a Missão Salesiana possui e mantém importante obra social, no bairro Vila Piloto, há mais de cinco anos, sob a direção do irmão religiosos, Mestre Armando Catrana. O Centro Juvenil “Jesus Adolescente”, atende crianças, adolescentes e jovens, oferecendo cursos profissionalizantes gratuitos, prática de esportes e convivência social e religiosa. “Esta obra possui o estilo salesiano das origens de trabalho, criadas por Dom Bosco, com crianças e adolescentes, livrando-as de situações de risco da violência, criminalidade e drogas”, observou o padre Elias Roberto.