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Três Lagoas

Pais e amigos se mobilizam para encontrar jovem desaparecido

Cartazes com a foto do rapaz, desaparecido há 12 dias, estão espalhados pela Cidade

Pais e amigos do jovem Altieri Cardoso Neves, 25 anos, – desaparecido há 12 dias -estão distribuindo cartazes com a foto do rapaz, desaparecido, por toda a Cidade. Conforme a ex namorada de Neves, que pediu para que o nome não fosse citado na reportagem, os cartazes foram anexados em quase todos os bairros e também em pontos de maior fluxo de pessoas na esperança de encontrar informações sobre o paradeiro do operador de caldeiras na Fibria (antiga Votorantim Celulose e Papel).

Ela conta que, nesta quinta-feira (24), completou 10 dias desde o desaparecimento do rapaz e a angustia dos pais e dos amigos começa a aumentar. “A cada dia que passa o desespero aumenta. Estou começando a perder as esperanças”, disse.

O caso de Altieri é um dos mais intrigantes já registrados em Três Lagoas. O rapaz desapareceu sem deixar pistas à polícia. Altieri é natural de Eunápolis, interior da Bahia, e chegou a Cidade há dois anos para trabalhar como “caldeireiro” (operador de caldeira). Neste período, o rapaz viveu boa parte do tempo em um hotel e há cinco, aproximadamente, meses foi morar em uma residência alugada, situada na rua João Dantas Filgueiras, bairro Nossa Senhora Aparecida.

Ele e a entrevistada namoraram no começo deste ano. O relacionamento durou três meses e eles terminaram em meados de julho. Depois disto, se tornaram amigos. A ex namorada foi uma das últimas pessoas a ter contato com ele. Um dia antes do desaparecimento, na noite do dia 13 (domingo), eles conversaram por telefone e ficaram de se falar novamente no dia seguinte, segunda-feira (14). “Quando eu acordei na terça, eu vi que havia uma ligação perdida no meu celular e era com o número dele. Era umas 23h30. Não atendi porque já estava dormindo. Mas antes de desaparecer, ele conversou com um amigo. Disse que sairia para abastecer e comer um lanche. Depois disso, nunca mais foi visto”, disse.

Os amigos de Altieri começaram a dar falta dele já na terça-feira, quando ele não apareceu para trabalhar. “Ele nunca faltava, mesmo quando teve um acidente de trabalho, ele deixou o hospital e voltou direto para o trabalho. Todos tentaram ligar para ele, mas o celular estava desligado. Na quarta-feira (16), foi quando decidimos procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência”.

Dois dias depois do boletim de ocorrência registrado, os pais de Altieri chegaram à Cidade. Informados do desaparecimento, a família contou com a ajuda dos amigos do rapaz para comprar as passagens de vinda. “O Altieri era quem mantinha os pais na Bahia, tanto que os planos dele era conseguir uma casa e trazê-los para morar aqui. Ele só estava esperando o pai tirar a Carteira Nacional de Habilitação”.

A amiga também fala sobre o desespero da família. “Os pais estão desesperados. A mãe dele está muito abatida, ela passou por uma cirurgia recentemente. Já o pai dele disse que só deixa Três Lagoas com o filho”, completou.

MISTÉRIO

No entanto, o que era um desaparecimento se tornou mais grave depois que o caso chegou ao conhecimento da polícia. As investigações apontam três saques feitos na conta do operador de caldeiras. Os saques, feitos com o cartão de crédito e a senha da vítima, aconteceram na manha seguinte ao desaparecimento. A ex namorada conta que, no período da manhã, por volta das 8 horas, foram retirados R$ 500 da conta dele. Na tarde do mesmo dia, mais R$ 500. E, na quarta-feira (16), um novo saque no valor de R$ 450. “Este é o período em que a empresa libera os vales”, conta a ex namorada.
Mas o mistério não para por aí. Na noite em que Altieri teria desaparecido, um amigo chegou a ver o carro dele. O gol, prata, modelo 2008, placas JRD-4518, de Eunápolis, foi visto nas proximidades do Parque de Exposições. O veículo teria virado em alta velocidade na rua lateral ao recinto e entrado na avenida Ranulpho Marques Leal, passando pelo Hotel Vila Romana sentido Cristo. “Este amigo só conseguiu ver que havia umas quatro pessoas no veículo e que não era o Altieri que estava dirigindo. Ele, que tem certeza que era o carro do Altieri porque os dois tinham um carro igual, chegou a dar sinal de luz para o carro parar e alcançá-lo. Mas, o carro corria de mais, estava a 130 km/h. Até então, ele não sabia que o amigo havia desaparecido”, explicou. O colega perdeu o carro de vista quando chegou na praça do Jardim Alvorada, no cruzamento entre as duas avenidas.

“Todos ficaram horrorizados. Ele era um rapaz jovem, que gostava de festas, mas era muito querido por todos. Não fazia nada errado. Não brigava com ninguém, muito menos usava drogas. Ninguém consegue entender o que esta acontecendo. Os amigos deles estão se revezando para dar apoio psicológico e financeiro para os pais de Altieri”.

Na casa de Altieri também nada foi encontrado. Segundo a ex namorada, a única alteração encontrada foi o portão eletrônico, que estava aberto. O interior da residência estava exatamente como havia sido deixado por ele. Nada foi levado. . “Não sabemos se ele foi abordado quando chegava em casa ou se, como sairia apenas para abastecer, teria deixado o portão aberto”.

Recentemente, o rapaz havia instalado um som automotivo de cerca de R$ 5 mil.O carro de Altieri também continua desaparecido. A informação também foi confirmada pela polícia.

Além disso, recentemente o rapaz teria tido um problema com um vizinho, por conta de som alto. A ex namorada conta que há 20 dias, um vizinho teria chamado a polícia por perturbação do sossego por conta do som alto na casa.

“Ele [Altieri] chegou a ser ouvido na delegacia e contou que o denunciante, antes de chamar a polícia, teria apontado uma arma para ele”.

Polícia ainda sem pistas

O caso de Altiei foi registrado na 3ª Delegacia de Polícia e é investigado com o apoio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). De acordo com o delegado Ailton Pereira, coordenador da equipe de investigações, até o momento, não há pistas sobre o caso. “Todas as possibilidades estão sendo investigadas, entre elas, a de latrocínio e cárcere privado, embora esta seja pouco provável”. O delegado explicou que, via de regra, por se tratar de uma família com pouco poder aquisitivo, a hipótese de sequestro é pouco provável.

“Por enquanto, ainda é muito prematuro afirmar qualquer coisa sobre este caso. Estamos trabalhando para tentar encontrar pistas”, explicou. Ao menos cinco pessoas já foram ouvidas sobre o desaparecimento de Altieri. A família pede para que se alguém tiver pistas sobre o caso entrar em contato com a polícia.