Veículos de Comunicação

Tribunal Do Crime

Polícia segue na procura de mais vítimas mantidas em cárcere privado por membros de facção criminosa

Uma vítima conseguiu fugir e acionar a PM; quatro suspeitos estão presos e mais duas pessoas estão desaparecidas

Polícia segue na procura de mais vítimas que estariam em cárcere privado - Arquivo/JP
Polícia segue na procura de mais vítimas que estariam em cárcere privado - Arquivo/JP

Policiais civis de Três Lagoas seguem procurando por mais duas pessoas que teriam sido mantidas em cárcere privado desde domingo (3) por membros de uma facção criminosa. O crime foi denunciado pela terceira vítima, um rapaz de 21 anos, que conseguiu escapar e acionou a Polícia Militar nesta quarta-feira (6). O caso ocorreu no bairro São João, em Três Lagoas.

De acordo com o delegado titular do Setor de Investigações Gerais (SIG), da Polícia Civil, Ailton Pereira, até o momento, quatro pessoas foram presas em flagrante ontem. “Eles foram presos e autuados em flagrante delito. Os corpos das outras duas vítimas estão ainda desaparecidos e as diligencias continuam. Não sabemos se elas estão vivas ou mortas”, informou em entrevista exclusiva concedida ao programa RCN Notícias.

Segundo o delegado, esse bando criminoso era composto por cerca de 10 a 12 criminosos, no entanto, a polícia ainda não tem a informação de onde teria partido a ordem para executar as três vítimas mantidas em cárcere privado por mais de dois dias. “O que apuramos é que quem estava no local do cativeiro mantinha contato com outro integrante – que poderia estar dentro de algum presídio – para saber o que fazer com as vítimas. Não sabemos de onde partiu a ordem. O que sabemos é que as vítimas estavam sendo acusadas de serem integrantes de uma facção criminal rival”.

Entenda o caso

Segundo depoimento da vítima prestado à Polícia Militar, ela e mais duas pessoas seguiam na tarde de domingo (3) para uma festa no bairro em que residem, no São João, em Três Lagoas, quando foram abordadas por um homem que as levou para dentro da casa dele. As vítimas foram rendidas sob ameaça de arma de fogo e indagadas se pertenciam a uma facção criminal rival. Este teria sido o primeiro cativeiro das vítimas. 

Nesta casa as vítimas foram amarradas e submetidas ao chamado "Tribunal do Crime" pelos suspeitos. De acordo com o delegado Ailton Pereira, os suspeitos questionavam as vítimas à respeito do irmão de uma delas que teria postado uma foto na rede social com um sinal de que seria simpatizante dessa facção rival. "As vítimas negaram, mas sem êxito. Vários homens interrogaram neste cativeiro. Durante a madrugada as três vítimas foram levadas de carro a um outro cativeiro onde foram novamente torturados".

Segundo a polícia, isso ocorreu até a tarde de terça-feira (5) quando elas foram levadas a um terceiro cativeiro, onde funciona um depósito de reciclagem. No local, a vítima que fugiu percebeu que seriam executadas, pois elas foram deixadas de joelhos e um dos suspeitos falava ao celular. "Neste momento a vítima fugiu, buscou ajuda e acionou PM", explica.

Quatro pessoas foram encontradas e presas em flagrante. Todos negam envolvimento com facções criminosas. "Um deles confirma que cedeu a casa que as vítimas foram mantidas em cárcere, mas nega participação na hora da execução. Os outros 3 negam participação no crime".

As buscas por outros envolvidos no Tribunal do Crime continuam.