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Três Lagoas

Profissionais são treinados para identificar Câncer Infantil

Ideia é que a doença seja diagnosticada precocemente

Mais de 200 profissionais da área da Saúde estão participando do curso de capacitação para Diagnóstico Precoce de Câncer – “Fique de Olho, pode ser Câncer Infanto Juvenil”, que aconteceu ontem e será finalizado hoje no Centro de Referência Assistencial e Educacional (Crase) “Coração de Mãe”. O objetivo do encontro é capacitar profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde da Família (ESF), além de médicos pediatras.

O oncohematologista, especialista em transplante de medula óssea e diretor clínico da AACC-MS/Cetohi (Centro de Tratamento Onco Hematológio Infantil), Marcelo dos Santos Souza, é o responsável por repassar as informações aos profissionais. “O câncer é a segunda causa de morte em crianças de 0 a 15 anos. Os profissionais ligados à saúde podem ajudar nesse diagnóstico precoce. São eles que estão em contato constante com a família. Por meio da observação e medidas simples, eles podem encaminhar esses pacientes às unidades de saúde”, observou.

Marcelo alerta que os sintomas são comuns, mas a persistência é o que deve preocupar. “Às vezes o agente de saúde passa uma semana na casa e a criança está com febre. Na próxima semana, ela apresenta manchas na pele, e quando ele nota a evolução do quadro, pode e deve encaminhar para exames”.
O programa vem mostrando resultados: em 2008, por exemplo, dos 98 encaminhamentos, 67 foram diagnosticados como positivos. “O resultado é claro e mostra que essas crianças tiveram chances maiores de cura. Quando a gente acelera o diagnóstico, ganha vida”, enfatiza.

De acordo com a coordenadora de projetos da AACC/MS-Cetohi, Regina Filipini,  o projeto é desenvolvido desde 2008 e já capacitou 1,2 mil profissionais. “É a segunda vez que estamos na Cidade. Já percorremos várias em todo Estado, e como Três Lagoas é um lugar que tem se desenvolvido muito, notamos essa necessidade. Da primeira vez que estivemos aqui, apenas 96 profissionais foram capacitados, número baixo se comparado ao volume de pessoas e quantidade de ESFs”, observou.

Outro fator destacado por Regina é a proximidade da Cidade com o estado de São Paulo. “As pessoas tendem a procurar as cidades do Estado vizinho. Nossa intenção também é divulgar que há possibilidades de tratamento no Estado, além da facilidade, tanto pelo deslocamento, quanto pela existência de profissionais especialistas”.

O câncer de medula é o mais comum e afeta geralmente crianças de dois a seis anos. Atualmente, 45 crianças passam por tratamento quimioterápico no Cetohi, que fica nas dependências do Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande. Mais de mil crianças e adolescentes já foram atendidas e o índice atual de cura está em 67%.

No Cetohi, as crianças recebem atendimento no setor de psicologia, serviço social, fisioterapia, além do acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
Durante a capacitação, a psicóloga Nara Gianotto falou sobre a humanização do tratamento, o impacto do diagnóstico e como a situação deve ser enfrentada. “O ideal é informar à criança sobre o que acontece e nunca mentir. Ela precisa saber como é o tratamento, porque tem que passar por determinada situação. É nesse momento que nossa equipe entra para atuar.

Nosso papel é auxiliar e fazer com que as crianças compreendam o que acontece com elas”, disse.

O curso de capacitação de profissionais da Saúde sobre o Diagnóstico Precoce de Câncer Infanto-Juvenil, além de Três Lagoas, já atendeu às cidades de Coxim, Costa Rica, Ribas do Rio Pardo, Maracaju, Dourados, Ponta Porã e Campo Grande.