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Três Lagoas

Setor imobiliário registra queda de 30% em alugueis

A previsão de que os alugueis iriam baixar começa a se concretizar em Três Lagoas. Depois de dois anos registrando reajustes de mais de 100% nos preços, o valor da locação registra uma queda de 30% no segundo bimestre e, segundo o empresário Luiz Alberto Gusmão, reduzirá em mais 10% nos próximos meses. “Os valores baixaram bastante, mas ainda temos um pouco de gordura extra para queimar”, aponta.
Para Gusmão, a queda é resultado do público-alvo do setor nos próximos meses. “Agora, não se fala mais em empresas que alugam as residências para instalar seus trabalhadores, mas sim de profissionais com renda estável. Além disso, também temos esta crise, que embora todos digam que não está nos afetando, está e vai influenciar nos preços dos aluguéis. Esta é a hora do locador colocar o pé no chão e voltar à realidade”, alerta.
No entanto, o empresário admite que muitos locadores não querem abrir mão desse “sonho”. Neste ponto, a especulação de duas grandes obras (construção da ponte sobre o rio Paraná e Siderúrgica) seria um dos principais fatores para a resistência de alguns proprietários de imóveis para locação. São locadores resistentes, que insistem em manter o mesmo valor de há dois anos, quando havia em Três Lagoas uma população flutuante de dez mil pessoas, aproximadamente. A estas pessoas, Gusmão faz um novo alerta: “Especulação e boatos nos ajudam ou atrapalham, neste caso, nos atrapalham. Mesmo que essas empresas realmente venham, não irão atingir o número de trabalhadores que tínhamos antes. Temos que refletir o hoje”, disse.
E a realidade de “hoje” não é nada animadora aos resistentes. Conforme Gusmão, desde dezembro, começaram a “vagar” imóveis na Cidade. Até novembro do ano passado, a empresa dele contava com oito, nove imóveis no máximo disponíveis para locação. Atualmente, são de 30 a 40 à espera de um locatário. “Com a vinda das empresas, muitos começaram a construir casas para locação. Isto fez com que a Cidade tivesse capacidade suficiente para comportar o crescimento. Antes a procura era muito grande, o locatário tinha de pagar o preço estipulado pelo locador. Agora, o mercado começa a se acomodar novamente, o locatário pode escolher e, com isso, quem quiser alugar, terá de baixar os valores”.

FUTURO

Mesmo assim, Gusmão acredita que dificilmente o mercado regredirá ao que era há três anos. Um dos fatores está no próprio preço do imóvel, conforme o empresário, estrangulado pelo valor do lote. O valor indicado para a locação de um imóvel é de 1% em relação ao valor do imóvel, levando em consideração os fatores de oferta e procura.
“Porém, tudo é um giro. A procura por imóvel fez com que muitos passassem a construir. Com isto, teve uma valorização nos lotes, valorização da mão de obra e, em consequência, aumento no custo para se construir uma casa – repassado ao locatário”.
A hipervalorização do lote, explica Gusmão, chega a 200% em alguns casos. “Antes um terreno que se pagava R$ 10 mil chega a custar R$ 30 mil. Isto reflete diretamente no preço final do imóvel”, completa.
Para se ter uma base, dados do empresário apontam que o preço dos imóveis para venda aumentou de 40% a 50%, se comparado ao período antecedente ao “boom” (3 anos).
O empresário Almir Cameschi não concorda da teoria. Para ele, um dos principais motivos para o aumento no custo da construção se deve à falta da mão de obra. “Nossa cidade cresce de forma horizontal, as pessoas recorrem a lugares mais distantes para construir por conta do preço. No entanto, o problema é a mão de obra, que hoje é escassa, pouco qualificada e, mesmo assim, cara”, afirma.
Mesmo assim, ambos os empresários, concordam que ainda é viável e rentável investir no setor imobiliário. Para Gusmão, o benefício está na segurança do tipo de investimento, enquanto Cameschi defende suas facilidades.
“Nunca foi tão fácil construir como hoje. Só para se ter uma base Três Lagoas ocupa a terceira, se não a segunda posição, no ranking de financiamento de imóveis. Esta facilidade se deve ao fim dos resíduos existentes no financiamento, e que pouca gente sabe”, explicou.
Os dois empresários também concordam na mudança do perfil dos locatários e compradores de imóveis. Cameschi também defende a necessidade de investimentos em casas destinadas à classe média e baixa, para suprir a necessidade do mercado.
O consultor explica que, no setor de compra e venda, o mercado também sofreu um leve aquecimento com a vinda das duas empresas, porém, já está retornou ao normal. “Ainda temos os resistentes também. Muitos acham que se o vizinho vendeu uma casa pelo valor X, a dele também vale. No entanto, se esquecem de ver tamanho, localização, condições. Funciona mais ou menos assim: tudo que é para cima, serve de base para valores”, disse.