Veículos de Comunicação

Três Lagoas

SILVICULTURA X MEIO AMBIENTE

Para o promotor do Meio Ambiente de Três Lagoas, qualquer tipo de monocultura é prejudicial ao meio ambiente

Dando continuidade a reportagem especial sobre o eucalipto – “a mina de ouro verde” dos pecuaristas, hoje o Jornal do Povo traz informações sobre a questão ambiental envolvendo o plantio desta espécie de árvore. As plantações florestais de eucalipto têm estado no meio de grandes controvérsias e continuam a despertar acalorados debates quanto a seus impactos no meio ambiente. De modo geral, criticam-se os efeitos sobre o solo (empobrecimento e erosão), a água (impacto sobre a umidade do solo, os aqüíferos e lençóis freáticos) e a baixa biodiversidade observada em monoculturas. Em Três Lagoas, aumenta a cada dia a área plantada desta cultura, que é consumida integralmente pela Votorantim Celulose e Papel.

Para o promotor do Meio Ambiente de Três Lagoas, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, qualquer tipo de monocultura é prejudicial ao meio ambiente. “Pela história, quando os descobridores chegaram ao Brasil, o Nordeste era uma floresta, hoje a região está virando um grande pasto, e isso pode acontecer em nossa região se a terra não for bem tratada”, declarou.
 
Segundo ele, dependendo do tipo de manejo do solo, ele acaba se exaurindo fazendo com que nasça absolutamente nada. No caso do eucalipto, ele alerta, que se não for empregada a técnica correta, no futuro as terras pode se transformar num imenso deserto. “Tudo vai depender de trabalhos técnicos para a durabilidade e ajustamento de cultura”, afirma.

Já para o produtor Umberto Grou, após ter realizado mapeamento para levantar os impactos do plantio do eucalipto no solo, ele afirma que o eucalipto é uma opção sustentável. “Entre o milho, soja, cana e eucalipto, chegamos à conclusão que o eucalipto é que menos capta água do solo e o que mais fertiliza a terra”, completa Umberto.

“Acreditamos que o plantio de eucalipto de forma sustentável é um ótimo negócio. Fizemos estudos e constatamos que não há atividade de agronegócio mais rentável para a região do que a silvicultura”, afirma. Ele garante que grande parte do que o eucalipto retira do solo, ele devolve.

Após a colheita, cascas, folhas e galhos, que concentram grande parte dos nutrientes da árvore, permanecem no local e incorporam-se ao solo como matéria orgânica. Além de contribuir para a reposição (ciclagem) de nutrientes, essa espessa camada de resíduo florestal contribui também para a conservação do solo”, completa o coordenador de silvicultura da Votorantim Celulose e Papel – VCP, Miguel Cadini.

Quais os impactos ambientais que podem ser provocados com a monocultura do eucalipto?  –  “Ouvimos muito que pode ocorrer a tal da ´seca pimenteira` da crença popular, no entanto além dos adubos orgânicos, em decorrência da queda das folhas, existem os adubos químicos que ajudam o melhoramento da produção e com certeza a empresa vai cuidar disso, pois querer plantar mais, assim acontece preservação do solo”, afirma Agenor  Carli.

Já o pecuarista Silvio Miura, que possui uma propriedade de 2,4 mil hectares, sendo que 1,7 mil é ocupado por eucaliptos, garante que o plantio ajudou a melhorar sua fazenda e meio ambiente em que ela está inserida. “A empresa efetivou projeto de reserva ambiental que não existia em minhas terras, além disso, fez toda a plantação em nível e em curva de nível, acabando com os riscos de erosão”, exemplifica.

1 hectare rende até 1,5 mil árvores

Em média, cada hectare o produtor conseguir contar com 1,5 mil árvores de eucalipto. O corte é feito aproximadamente após sete anos do plantio, resultando em cerca de 200 metros cúbicos de madeira sem casca. Para se ter idéia do que isso representa, com apenas 4 metros cúbicos  é possível obter 1 tonelada de celulose (acrescida acrescida de produtos como amido, caulim, cola e tinta, que dão melhor acabamento ao produto final. O segmento de celulose e papel possui 1,47 milhão de hectares plantados, dos quais 980 mil correspondem a plantações de eucalipto.
 
Outro ponto positivo é a velocidade do ciclo de vida dessas plantas nas terras de Mato Grosso do Sul. Enquanto o do eucalipto é de 7 a 10 anos, outras árvores usadas na Europa, por exemplo, para a fabricação de papel e celulose, têm um ciclo 10 vezes maior. Somente as vantagens ecológicas, no entanto, não foram suficientes para convencer os empresários do setor madeireiro, carvoeiro e de celulose e papel a tempo de evitar que tantos mognos amazônicos ou pinheiros da Sibéria tombassem. Foi preciso que a ciência provasse que florestas cultivadas também são viáveis economicamente e são capazes de produzir outro tipo de folhas verdes: dinheiro.

O que é a silvicultura?


A silvicultura é uma ciência dedicada ao estudo dos métodos naturais e artificiais visando melhorar os povoamentos florestais para satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo usar as florestas de modo racional. Motivos para plantar as árvores que se pretende cortar não faltam. Além de manter florestas nativas em pé, também se evita toda a estrutura que precisa ser criada para que se retire um único tronco de dentro da mata.

Além de provocarem uma enorme devastação, elas abrem caminho para a ocupação humana e, com isso, mais destruição. Hoje, pode-se diminuir o impacto dessa extração usando, por exemplo, satélites para encontrar as árvores que interessam no meio da floresta. Mesmo assim o plantio se mostra ecologicamente mais correto porque, além de prevenir problemas, cobre com vegetação áreas degradadas.

“A silvicultura contempla a produção de madeira de forma sustentável, aliada à manutenção de áreas de proteção ambiental e de reservas naturais inseridas em diversos tipos de ecossistemas”, afirma Miguel Cadini.

São inúmeras as formas de contabilizar as contribuições do cultivo do eucalipto para as comunidades. Entre elas, empregos diretos e indiretos, recolhimento de impostos, investimentos em infra-estrutura, consumo de bens de produção local, fomento a diversos tipos de novos negócios e iniciativas na área social.

“Geração de empregos e de renda são fortes atributos da silvicultura que se refletem na qualidade de vida das populações. Análises preliminares de técnicos do Programa Nacional de Florestas – PNF / MMA indicam impactos positivos da atividade florestal nos Índices de Desenvolvimento Humanos – IDH´s de vários municípios que têm uma silvicultura de produção bastante dinâmica”, completa Miguel.