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Setembro Amarelo

Suicídio: é preciso saber falar e cultivar a esperança

A melhor forma de prevenir o suicídio é falando, pois uma simples conversa aberta pode salvar uma vida, alerta especialistas

apoio >  Muitas pessoas buscam ajuda de forma indireta e é necessário dar mais atenção a pequenos gestos - arquivo/agênci brasil
apoio > Muitas pessoas buscam ajuda de forma indireta e é necessário dar mais atenção a pequenos gestos - arquivo/agênci brasil

O suicídio afeta a vida de milhares de famílias. O tema ainda é um tabu e, raramente, aparece nos meios de comunicação, e quando aparece é por alguma tragédia que, rapidamente, é veiculada pela imprensa e nas redes sociais, viralizando em questão de segundos. De acordo com pesquisas, muitas pessoas acreditam que falar sobre o tema pode estimular ou agravar a situação, mas a verdade é que o assunto deve ser, urgentemente, retirado da lista de tabus. Às vezes, uma simples conversa aberta pode salvar uma vida. 

As causas que levam ao suicídio são muitas e complexas. Não existe uma abordagem única que funcione para todos. Segundo especialistas do setor de Saúde, há uma convergência de fatores de risco que podem levar a um ato suicida, como perda de emprego, trauma, abuso, ansiedade, depressão, transtornos mentais, sociais e culturais. Além disso, vários outros problemas foram ampliados após a pandemia da Covid-19. 

O suicídio é um problema de saúde pública. O meio científico não fala em uma causa única. De acordo com a Legislação Constitucional do Sistema Único de Saúde (SUS), o ser humano é biopsicossocial. “Algumas doenças mentais são multifatoriais. A mente é fruto da interação do nosso cérebro, organismo, ideias e o meio externo. É preciso divulgar, de forma correta, que há prevenção e existe alternativa. Hoje, estima-se que 95% dos suicídios estão associados a alguma doença mental e 5% não estejam em adoecimento mental”, explicou a psiquiatra Julia Nascimento, que é do Centro de Atendimento Psicossocial  (Caps II) da Secretaria Municipal da Saúde de Três Lagoas. O estigma social e a falta de conscientização continuam sendo as principais barreiras para a procura de ajuda. No entanto, há esperança e caminhos que podem ser traçados para mudar essa realidade. 

A prevenção ao suicídio requer o esforço de todos, como da família, amigos, colegas de trabalho, membros da comunidade, educadores, líderes religiosos, profissionais de saúde e da imprensa. Cada pessoa pode desempenhar um papel, não importante o quão pequeno seja, como simplesmente, reservar tempo e espaço para ouvir alguém sobre suas experiências de dor ou pensamentos suicidas, isso pode ajudar a salvar vidas e a criar um senso de conexão e esperança para alguém que está passando por dificuldades. “A melhor forma de prevenir é falando. Porém, tem formas e termos de abordagem. A mídia tem um peso muito grande na vida das pessoas, principalmente, as que estão em sofrimento mental e psíquico, podendo absolver as informações de forma diferente. Uma publicação com o intuito de ajudar, pode estar prejudicando. Existem sites e cartilhas que orientam como informar sobre suicídio, com respeito e empatia, sem prejudicar o próximo”, esclareceu a psicóloga e coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de Três Lagoas, Jordana Barbosa.

Setembro Amarelo’ e a busca pela prevenção

As especialistas do setor de saúde promoveram, inclusive, uma “roda de conversa” com jornalistas e comunicadores da cidade com intuito de tirar dúvidas e direcionamentos sensíveis sobre o assunto. “O jornalismo precisa ter um cuidado crucial ao divulgar uma informação relacionada ao suicídio, para que seja de uma forma leve, delicada e consciente”, expressou a coordenadora de jornalismo do Grupo RCN de Comunicação, Kelly Martins. 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, o que representa um caso a cada 100 mortes registras. De modo geral, as causas de suícidio  decorem de transtornos mentais e caracterizados por mudanças no padrão de comportamento, que trazem prejuízos nas atividades diárias, e prejudicam no trabalho, na vida social e escolar, assim como em qualquer outro âmbito. Geram mudanças na rotina do sono, isolamento da família e contato social de forma repentina.

CUIDADO AO SE FALAR
A psicóloga Jordana Barbosa destaca que, antes de tudo, é preciso falar de suicídio. Porém, ao postar algum conteúdo sobre o tema lembre-se que a mensagem pode rapidamente atingir milhares de pessoas e influenciá-las. “É importante ter respeito e empatia, ou seja, se colocar no lugar de quem estar sendo exposto e de quem verá sua publicação.  Estude e pesquisa bastante antes de falar sobre o assunto. Reflita sobre o que quer comunicar. Jamais compartilhe fotos ou vídeos que expõem a cena do suicídio. Não relaciona o suicídio ao crime, pecado, coragem, romantismo, solução viável, perdas, piadas e o encontro da paz”. 
E para tratar a questão de forma pontual, 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas As ações acontecem durante todo o ano. Atualmente, o ‘Setembro Amarelo’ é a maior campanha anti estigma do mundo! Em 2023, o lema é “Se precisar, peça ajuda!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.