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Três Lagoas perdeu quase 90 moradores para a violência em 2012

Jovens e negros aparecem no topo da lista entre principais vítimas

Oitenta e sete pessoas morreram de forma violenta em Três Lagoas em 2012. O total, embora tenha tido queda em comparação ao ano anterior, ainda mostra um quadro preocupante, por mês ao menos sete pessoas morrem em decorrência a algum tipo de violência, segundo dados do Mapa da Violência, divulgado ontem.

O estudo, elaborado pelo instituto Flacso Brasil, analisa a situação da violência em todos os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes. Para isso, são utilizados dados dos ministérios da Saúde e Justiça. Para o estudo, é considerada morte violenta aquelas em decorrência de homicídios, acidentes de trânsito e suicídios.

Em Três Lagoas,  no ano base do estudo, foram registrados 29 homicídios, 10% a menos em comparação ao ano anterior, quando foram 39 assassinatos. O resultado fez com que a cidade, com 105 mil habitantes, permanecesse na 20ª posição estadual e 808ª nacional, com uma taxa de 27,6 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.

No entanto, a situação se agrava quando o assunto são os jovens. Embora também em queda em comparação ao ano anterior, a proporção de jovens assassinados ainda preocupa. A cada dois homicídios registrados em Três Lagoas, um é contra jovens com idade entre 15 e 29 anos. Apenas no ano do estudo, 14 jovens foram assassinados no município, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 48,4 para cada grupo de 100 mil habitantes. Três Lagoas possuía, no ano base do mapa, uma população jovem de 28,9 mil habitantes. No ranking elaborado sobre taxa de homicídios entre jovens, a cidade salta para a 6ª posição no Estado e para a 363ª no Brasil. Dourados lidera no ranking de homicídios de jovens em Mato Grosso do Sul. Foram 42 assassinados apenas em 2012.

O estudo mostra ainda que as maiores vítimas da violência continuam sendo jovens, do sexo masculino, e negros ou pardos. Na cidade, conforme o Mapa da Violência,  11 pessoas brancas foram assassinadas em 2012 (uma taxa de 22.6) enquanto que o número de vítimas negras ou pardas foi de 18 no mesmo período (taxa de 32.5), de uma forma geral. Quando se trata de jovens, a discrepância é ainda maior. Mais da metade dos jovens assassinados em 2012, nove ao todo, era negra ou parda. Quatro jovens brancos foram vítimas de homicídio no mesmo período. Segundo os dados apresentados pelo mapa, a cidade contava, até aquele ano, com um total de 12,4 mil jovens brancos e 16,1 mil negros ou pardos. As taxas de homicídio são de 40,2 e 55,9 para cada grupo de 100 mil habitantes, respectivamente.

Em cinco anos, 173 pessoas foram assassinadas em Três Lagoas, 84 delas não tinham mais que 30 anos.

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Em quatro anos, 200 pessoas morreram no trânsito da cidade

No entanto, é no trânsito local que se concentra a maior causa de mortes violentas em Três Lagoas. Apenas em 2012, 49 pessoas perderam a vida em acidentes registrados no município. Este índice, que já chegou a 56 mortes em 2011, rendeu ao município a 168ª posição com trânsito mais violento, e a sexta em Mato Grosso do Sul. A taxa de mortalidade no trânsito da cidade é de 46,6 para cada grupo de 100 mil habitantes. Dessas quase 50 mortes registradas no ano, 12 eram de jovens. Entre 2008 e 2012, 204 pessoas morreram em acidentes de trânsito registrados no município. Desse total, 56 eram jovens com idade entre 15 e 29 anos. O estudo indica ainda o crescimento do índice de jovens com morte violenta. Em 2008, por exemplo, apenas três haviam sido vítimas de acidentes fatais.

No mesmo período, 41 pessoas cometeram suicídio, nove delas apenas no ano base do estudo, 2012.